Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/12/2018Resenha para o blog Pétalas de Liberdade"Pense em todas as pessoas que já viveram e morreram e que nunca mais verão as árvores, a grama ou o sol.
Tudo parece tão breve, tão... inútil, não é? Viver um pouquinho e depois morrer? Tudo parece resultar em nada.
Ainda sim, de certa forma, é fácil invejar os mortos. Eles estão além da vida, além da morte.
Têm sorte de estarem mortos, de terem feito as pazes com a morte e não precisarem mais viver. Então debaixo da terra, alheios ao medo de morrer.
Não precisam mais viver, nem morrer, nem sentir dor, nem conquistar nada. Ou saber qual é o próximo passo, e nem se perguntar como seria enfrentar a morte.
Porque a vida parece ao mesmo tempo tão feia, bonita, triste e importante quando estamos vivos? E tão banal quando chegamos ao fim?
A chama da vida arde por um tempo e depois se apaga. (...) A morte é o fim de toda vida. Quando sopra a brisa alegre de uma nova vida, ela não sabe e nem se importa com a antiga vida, e quando chega a hora, morre também.
Viver é se remexer constantemente em um túmulo. As coisas vivem e morrem. As vezes vivem bem, e as vezes vivem mal, mas sempre vivem. E a morte é aquilo que reduz todas as coisas ao menor denominador comum.
Por que será que as pessoas têm medo de morrer?
Não é pela dor." (página 17)
Assim começa "A Noite dos Mortos-Vivos", onde conheceremos Bárbara, que estava indo com o irmão ao túmulo do pai. Mas no cemitério, uma coisa que parecia humana, matou o irmão dela. Desesperada, Bárbara conseguiu refúgio numa casa aparentemente abandonada, mas logo apareceu Ben, também em busca de abrigo, já que seu carro estava quase sem combustível. A jovem estava em choque com o que tinha acabado de acontecer, e coube a Ben a tarefa de tentar fortificar a casa para conseguirem ficar seguros.
O único contato com o mundo exterior era pelo rádio e a TV, que de hora em hora davam informações sobre o caos que estava acontecendo, com mortos retornando parcialmente à vida, com um único desejo: carne humana. A situação era pior nas regiões mais isoladas, como a casa onde Ben e Bárbara estavam, mas a força policial estava se organizando para resgatar essas pessoas. Será que Ben e Bárbara conseguiriam resistir o suficiente, com a casa cada vez mais cercada por motos-vivos, até que o resgate chegasse?
Talvez vocês saibam que há um filme de mesmo nome lançado em 1968, cujo roteiro foi escrito por John Russo e George Romero (e equipe). Um filme que é referência para muitas histórias que tem zumbis como personagens, e que eu ainda não assisti. "A Noite dos Mortos-Vivos" traz uma gama de personagens, cada um tendo destaque em um momento. Há partes mais monótonas, como enquanto Ben e Bárbara estão presos na casa, e outras onde tudo acontece rápido demais. Além dos dois, surgem mais pessoas na casa, pessoas diferentes, com histórias diferentes, e cada uma acha que deve fazer uma coisa, nem sempre eles entram em consenso. O final me decepcionou um pouco, é até crível, mas dá aquela sensação de que foi tudo em vão, todo aquele esforço resultou em nada.
Aí temos a segunda parte, "A Volta dos Mortos-Vivos" (cujo texto do livro não foi usada para fazer nenhum filme), que se passa uma década depois. Por temor de que o episódio do despertar dos mortos pudesse se repetir, algumas pessoas destruíam com estacas o cérebro dos falecidos, para que não houvesse chance de eles se tornarem zumbis, mas nem todos faziam isso.
O fazendeiro Ber tinha três filhas: Ann, Sue Ellen e Karen (a caçula, que estava grávida). Eles foram ao velório da filhinha de um vizinho, mas lá chegou a notícia de que tinha acontecido um acidente com um ônibus, deixando muitos mortos. Bert e as duas filhas mais velhas foram com as demais pessoas do velório para martelar os cérebros dos mortos, mas a polícia apareceu e eles não puderam terminar o serviço.
"Ele dera a Ann e Sue Ellen duas opções: ou ajudavam a carregar os mortos ou martelavam as estacas. Elas escolheram carregar os corpos de livre e espontânea vontade, portanto, tinham de cumprir a tarefa." (página 183)
Já em casa, chegou a notícia de que estava acontecendo de novo: os mortos estavam levantando dos túmulos e atacando as pessoas, para devorá-las. E logo chegariam onde a família de Bert morava. Só que dessa vez estava sendo pior, pois muitas pessoas estavam se aproveitando da situação para cometer crimes, estupros e roubos. Estaria a família de Bert protegida? E se o bebê de Karen resolvesse nascer logo naquela hora?
Para mim, a segunda história foi mais pesada que a primeira, apesar de ela ter algumas partes repetitivas, como trechos de transmissões que já vimos em "A Noite dos Mortos-Vivos". Há aquela dúvida se pessoas que surgem na casa da família de Bert são realmente quem dizem ser. E há mortes, muitas mortes, algumas que eu achei bem desnecessárias. Gostei um pouquinho mais do desfecho da segunda parte do que da primeira.
Zumbis não são meus seres fantásticos preferidos, mas como eu gosto de ler coisas diferentes e clássicos, decidi ler esse livro e acho que valeu a pena. Até algum tempo atrás, eu me definia como medrosa, não mais! "A Noite dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivos" é um clássico do terror e do horror, mas eu não senti medo durante a leitura. Era mais aquela vontade de avisar os personagens que "ia dar ruim", que tinha um morto-vivo bem ali, pertinho deles, e que poderia atacá-los, que era melhor ficar quietinho onde estava, que aquela criança que eles tanto amavam não era bem o que eles estavam pensando (adoraria saber mais do que aconteceria com o bebê da Karen!).
Achei que a transposição entre romance e roteiro ficou bem feita, o livro não aprofunda tanto os personagens, e é fácil imaginar aquelas cenas como num filme. Os capítulos são curtos, o que torna a leitura fluida.
Essa edição da Darkside não tem capa dura, gostei da escolha das cores e de fontes. A revisão está bem feita, as páginas são amareladas, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho. Há algumas fotos do filme, o que pode ser interessante para quem já o assistiu.
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