Vinicius.Dias 29/03/2023
O marco zero dos zumbis como os conhecemos hoje
A cada dia que passa somos cada vez mais bombardeados com filmes, séries, livros, HQs e games contendo situações pandêmicas nas quais pessoas perdem a condição humana e se tornam ameaça para quem segue vivo e sadio. The Walking Dead, Guerra Mundial Z, Zumbilândia e agora, o queridinho da mídia, The Last Of Us são só alguns dos vários exemplos de entretenimento com essa temática que ganharam os corações dos fãs de terror nesses últimos 10 anos.
Acontece que lá em 1968 e posteriormente em 1985 uma dupla de filmes modificaram para sempre a forma como zumbis / mortos-vivos seriam retratados. De meras figuras fracas, insossas e que pouco medo despertavam nos espectadores, passaram a ser reverenciados como entidades de destruição em massa e com potencial de acabar com o mundo como o conhecemos graças à fácil transmissão e ao alto volume de seres com essa condição. Essa dupla ficou conhecida no Brasil como "A Noite dos Mortos Vivos" e "A Volta Dos Mortos Vivos", respectivamente.
Nessa edição de luxo lançada pela Editora Darkside, encontraremos os romances escritos com base nos roteiros dos dois filmes. E vou te falar uma coisa, todos os principais temas abordados nos já citados exemplos no início da resenha estão aqui. O surgimento inesperado da pandemia, o medo do desconhecido, os traumas e perdas impactantes de personagens importantes, os problemas entre grupos distintos, o caos generalizado e, principalmente, as relações interpessoais complexas e hierarquias construídas na base da sobreposição dos mais fortes em relação aos mais fracos. Ou seja, dá pra perceber o pioneirismo desses filmes e como tudo que veio depois são meras cópias desses clássicos. Os dois livros são viscerais, acelerados e em alguns momentos nos deixam tensos e em busca de respostas como se estivéssemos vivenciando de fato essa nova realidade. Além disso, os personagens são interessantes e despertam sentimentos diversos, desde empatia até o asco total, passando por perplexidade com alguns finais tragicômicos.
Ainda falando da edição, essa é a terceira e celebra os 50 anos do lançamento do primeiro filme. Um trabalho fenomenal feito pela Darkside, com direito a capa dura, pintura trilateral, fitilho e uma marca de bala que trespassa o livro da capa à contracapa. Simplesmente lindo.
Eu achei o segundo livro mais violento, e por consequência, melhor. Foi tiro, porrada e bomba do início ao fim, não precisando se preocupar muito em construir um pano de fundo, pois isso já havia sido feito no primeiro. Se você curte essa temática, se joga sem medo que será diversão garantida. Ah, e claro, não se esqueça de revisitar esses dois filmes clássicos do horror lado B e relembrar um pouco das noites arrepiantes do Cine Trash (TV Band) em companhia do grandiosíssimo Zé do Caixão.
"Flack não pôde ouvir seus braços e pernas sendo arrancados de seu cadáver. Não pôde ouvir os ossos e as cartilagens sendo torcidos e quebrados e separados nas juntas. Não pôde gritar quando os mortos-vivos vorazes arrancaram-lhe o coração, o pulmão, os rins e os intestinos..."