O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Jacy.Antunes 18/09/2022

A árvore genealógica de Faulkner
Faulkner utilizou em O Som e a Fúria a técnica de fluxo de consciência utilizada por Joyce e outros escritores, fato que tornou difícil a leitura no primeiro capítulo.

A chave para identificar o tempo primeiro capítulo é identificar os tres cuidadores de Benji da infância à idade adulta.

Depois a leitura segue melhor, e acompanhamos a decadência dos Compsons pela perspectiva de três dos quatro filhos e da empregada da família.

Ao final, um apêndice do autor s faz o fechamento desse que sem dúvida é um dos melhores livros que eu já li esse ano.

 
Carolina.Gomes 22/09/2022minha estante
Desisti de ler esse ano, Jacy. Esse livro tem essa fama de ser difícil, por vezes incompreensível e eu vejo q ele divide opiniões. Sua resenha incentiva.


Jacy.Antunes 22/09/2022minha estante
Só o primeiro capítulo, que é narrado por Benji. O resto flui melhor. Eu gostei muito.


Vicente.Sanches 19/01/2023minha estante
É um dos meus livros preferidos! Já estou programando uma releitura. Acho que vai ser bem legal reler o primeiro capítulo sabendo do que acontece e entendendo a forma com que ele é composto.


Jacy.Antunes 19/01/2023minha estante
Vicente, fluxo de consciência precisa de uma leitura de apoio. Voltarei a ele ainda esse ano.




Ana Bellot 14/10/2022

O que significam o som e a fúria?
William Shakespeare escreve em Macbeth:
"Ela devia morrer um dia.
Haveria um tempo para essa palavra.
Amanhã... e amanhã... e amanhã...
Deslizam nesse pobre desenrolar
de dia a dia
até a última sílaba do registro dos tempos
e todos os nossos ontens iluminaram para os tolos
o caminho até o pó da morte.
Apaga-te... apaga-te breve vela!
A vida nada mais é que uma sombra que anda...
um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido.
É uma estória contada por um idiota
cheia de som e fúria que nada significa.
Nada!"

Esse pedaço do monólogo de Macbeth empresta para William Faulkner dois elementos do livro: um, óbvio, seu título; e o outro, toda a essência derradeira e urgente da narrariva.
Nesse luvro, a decadência de uma família a partir dos recortes sociais, morais e tempestuosos ocorrem, principalmente, por escolhas pessoais.
Estamos de cara com uma história extremamente indentificável. O Som e a Fúria carrega a bagagem de uma obra que sempre será um clássico, com suas tragédias particulares e circulares por toda a história humana.
Um dos melhores livros que já li em minha vida, sem dúvidas.
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Thiago 15/05/2023

Sofrível
Terminei a leitura com muito esforço. Terrivelmente chato e confuso. A "melhor" parte foi o último capítulo*, que ajudou a explicar um pouco a confusão.
* Na verdade, foi adicionado depois pelo autor, como uma espécie de apêndice.
Aryana 15/05/2023minha estante
Eu li "Enquanto agonizo" desse autor e não entendi nada. Foi uma experiência agonizante ?


Thiago 16/05/2023minha estante
Fica a dica pra mim, então. Não vou sofrer essa agonia. kkkkkk
Depois desse livro, estou achando que vou riscar Ulysses (James Joyce) da minha lista também.




Evelyn.Christine 02/03/2023

Difícil dizer qualquer coisa
Este é um apelo sincero: alguém me explica porque esse livro ganhou o prêmio Nobel?

Uma narrativa muito difícil para uma trama bem simples. Andamos, andamos bastante e aonde chegamos? Pois é, eu também não sei
Leonardo.H.Lopes 01/07/2023minha estante
Este livro não ganhou Prêmio Nobel, livros não ganham o Prêmio Nobel. Quem ganha é o autor e pelo conjunto da obra, por ter produzido "no campo da literatura o trabalho mais notável em uma direção ideal".




Marcos606 12/04/2023

Situado no sul dos Estados Unidos, no período após a Reconstrução (1865-1877). Nesse momento crítico da história americana, o sul estava em processo de redefinição de si mesmo e de seus valores na ausência da escravidão. Certas famílias, normalmente antigas famílias proprietárias de terras, se recusaram a participar desse processo. Em vez disso, eles se voltaram para dentro; agarravam-se às suas tradições e valores — a vagas noções de honra, pureza e virgindade.

O som e a fúria documenta o declínio dessas famílias. Os Compsons, como Faulkner os classifica, são descendentes diretos dos aristocratas fazendeiros. Eles são os herdeiros de seus valores e tradições, dos quais depende a sobrevivência (ou extinção final) desta aristocracia sulista. Os Compsons, em sua maioria, fogem dessa responsabilidade. Quentin, no entanto, não. O fardo do passado recai pesadamente sobre Quentin, que, como filho mais velho, sente que deve preservar e proteger a honra da família. Quentin identifica sua irmã como a principal portadora da honra que ele deve proteger. Quando ele falha em proteger essa honra - isto é, quando Caddy perde a virgindade com Dalton Ames e fica grávida - Quentin decide pondera o suicídio.

A forma é distintamente modernista: Faulkner emprega uma série de técnicas narrativas, incluindo narradores não confiáveis, monólogos interiores e sintaxe não convencional, que são características recorrentes do modernismo literário. A concepção de tempo de Faulkner, é particularmente expressa em sua representação não linear. O título do romance leva o nome de um solilóquio dado pelo personagem título da peça de William Shakespeare, Macbeth, que reflete sobre o tempo e a falta de sentido da vida:

"Amanhã, e amanhã, e amanhã
Rasteja neste ritmo mesquinho do dia a dia
Até a última sílaba do tempo registrado.
E todos os nossos ontem iluminaram tolos
O caminho para a morte empoeirada. Apague, apague, breve vela.
A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre jogador
Que se pavoneia e se preocupa em sua hora no palco
E então não se ouve mais: é um conto
Contado por um idiota, cheio de som e fúria,
Significando nada."

As palavras de Macbeth ecoam em 'o som e a fúria', são tornadas literais por meio dos três irmãos Compson: Benjy é o “idiota” a quem Macbeth se refere; Quentin, a “sombra ambulante” que “preocupa-se com a hora” e depois “não é mais ouvido”; e Jason, o “pobre jogador”, cheio de fúria.
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Ana Gouvêa 23/08/2020

Se vai usar leitor de tela...
A narrativa é insuportavelmente truncada até os 78% da leitura, depois disso é apenas insubstancial e vazio. Já li clássicos ruins, mas esse foi pro top 3 dos piores da minha vida.
Michela Wakami 17/09/2021minha estante
?????




deniseslima 03/03/2020

Leitura difícil, mas compensadora
Leitura mais que difícil na verdade, os dois primeiros capítulos são um verdadeiro teste de resistência, a narrativa segue o fluxo dos pensamentos dos narradores, os dois primeiros de um portador de algum tipo de retardo mental e de um suicida, respectivamente. Além disso, alguns personagens tem os mesmos nomes.

Sendo necessário muito esforço pra entender o livro que conta a história de uma família decadente no final de sua linhagem. Os Compsons, parecem ser amaldiçoados, desde seus primeiros descendentes, ao fracasso. E assim terminam.

Quando consegui entender o desenvolvimento da história e diferenciar os personagens, o autor não me decepcionou. Recomendo muito O Som a e Fúria.
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Eric 21/08/2023

O Homem é o somatório de todas as desgraças
Situado no final da década de 1920, no sul dos EUA, "O Som e a Fúria" narra a decadência da família Compson, uma grande família aristocrática que, após a guerra civil e as crises econômicas subsequentes, faliu tanto financeira quanto moralmente. Acompanhamos a decadência dessa família através das perspectivas dos irmãos Benjy, um deficiente intelectual, Quentin, um perturbado mental, e Jason, um homem brutal responsável por garantir a sobrevivência da família. Além disso, temos a visão do narrador focada em Dilsey, a empregada chefe da casa, que testemunhou os tempos de dor e glória dos Compson.

O epicentro dessa decadência é Caddie, a irmã de personalidade livre, porém, para a família conservadora, uma pessoa com uma promiscuidade marcante. Desde cedo, ela tinha vários relacionamentos, o que feria a honra dos Compson. O casamento da irmã gerou crises para cada irmão. Para Benjy, houve a saudade da única pessoa que cuidava dele, além de Dilsey. Já para Quentin, um ciúme doentio, pois nutria um amor incestuoso por Caddie. E, por fim, a dor da frustração e revolta para Jason, devido a promessas não cumpridas.

Apesar de um enredo aparentemente simples, a genialidade de "O Som e a Fúria" está na construção ousada de seu texto. Faulkner fragmenta o tempo cronológico e lança os pedaços no tempo psicológico de cada personagem. Benjy, por ser deficiente, não consegue diferenciar o tempo presente do passado, suas lembranças se misturam com o momento atual. Quentin, perturbado mentalmente, narra seu passado e presente em um fluxo de consciência visceral, onde o autor brinca com a ausência de acentuações e com pensamentos que começam e não se concluem, além da quebra repentina do tempo. Nos dois últimos capítulos, o autor já trabalha de forma mais linear, esclarecendo grande parte do que não entendemos com Benjy e Quentin.

Diante dessa estrutura inovadora, é necessário ter perseverança. A narrativa não é fácil, mas também não é impossível. A recompensa é ótima no final. Se concluir a leitura já traz um sentimento de missão cumprida, é na releitura que sentimos toda a potência do texto. A releitura é sugerida até mesmo pelo autor e funciona como uma luz em meio ao obscurantismo. É genial ver como as peças vão se encaixando, detalhes inicialmente banais ganham proporções gigantescas e conseguimos mergulhar profundamente nos sentimentos dos personagens.

É uma experiência inigualável. Há muito tempo não encontrava tanta solidez nos personagens como encontrei acompanhando os Compson. Faulkner realiza um trabalho primoroso de construção psicológica. Como leitor, me vi esmiuçando cada palavra para entender as perspectivas, principalmente com Quentin, o capítulo mais desafiador, denso e tenso.

Caddie é a personagem mais fascinante, mesmo sem ter voz alguma. Tudo que conhecemos dela é através dos olhares dos irmãos. Ela é o símbolo de toda transgressão e também representa um olhar machista do homem ao atribuir a culpa da decadência familiar sempre às mulheres.

Além disso, as marcas de um passado escravagista estão bem presentes na narrativa. O racismo e o servilismo são duas engrenagens que ainda sustentam o pouco de mordomia que resta dos aristocráticos. Isso é muito bem representado no capítulo de Jason, onde ele "trabalha muito" para manter seus empregados, tratando-os como se fossem animais.

Tudo é tão vivido, intenso e cheio de som e muita fúria. É ensurdecedor o grito de desespero de Benjy, é um surto explorar a perturbação de Quentin e revoltante acompanhar a ira inescrupulosa de Jason. Todos os Compson são brutais à sua maneira. Aqui, não há um final feliz, apenas um somatório de todas as desgraças, as mudanças nunca acontecerão. O único destino possível para essa família é continuar colhendo as frutas que plantaram, as quais, por sinal, são bem podres.

"O Som e a Fúria" é uma experiência que todos deveriam vivenciar. Recomendo muito essa leitura
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Andre.Crespo 11/01/2013

O Som e a Fúria, William Faulkner
“Nenhuma batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão de filósofos e néscios”.

Escrito às vésperas da crise econômica mais feroz enfrentada pelos EUA, e deprimido após a recusa de um livro seu pelas editoras, o americano William Faulkner tira, das profundezas de suas decepções, um maravilhoso petardo da literatura.
“O Som e a Fúria” fala sobre a ruína gradual da família Compson através de quatro vozes distintas. A primeira, a mais complexa e – na minha opinião – a mais perfeita, é a do irmão retardado Maury – depois nomeado Benjamim. É uma parte complicadíssima, já que se trata dos pensamentos de um retardado, e sua forma de pensar é confusa, com pensamentos que vem e voltam e, se não houver cuidado, acaba nos confundindo. A partir de Ben, tem-se apenas uma pequena noção dos personagens e da situação da família. Tal parte é tão confusa que, em duas páginas seguidas, podem estar inseridos quatro tempos diferentes vividos por ele.
A segunda parte, contada por Quentin, o irmão incestuoso que foi estudar em Harvard, também é bem complexa. Este - para não dizer que também é maluco, no mínimo é perturbado -: lembra de vários acontecimentos passados de forma desordenada e nos deixa um pouco mais confusos. Pela construção complexa e simplesmente genial, essas são as duas partes que mais gostei. Além do fato da parte referente à Quentin ser surreal em certos momentos, remetendo-nos a algum pesadelo que nos perturba casualmente.
A terceira fica por conta de Jason filho, o rabugento, ganancioso e sovina irmão. Ele foi o único que ficou na casa – já que o irmão idiota não conta. É ele quem sustenta a mãe, o irmão e “seis negros que não fazem nada”, como ele mesmo diz, com o salário que ganha na medíocre mercearia em que trabalha. Graças a ele, temos oportunidade de nos depararmos com as situações mais hilárias e absurdas do livro. Jason é uma pessoa irritante, mesquinha, que só pensa em si e não sente nada por ninguém. É essa frieza, junto de sua rabugentice, que faz dele um dos personagens principais da história.
A quarta e última voz – narrada, aliás, em terceira pessoa – é a de Dilsey, a empregada negra e verdadeiro esteio da família Compson. É ela quem cuidou, ao longo dos anos, da mãe e pai Compson, dos filhos Compson e da sobrinha Compson rebelde, além de ter que tomar conta de seu marido e filhos. É a parte mais bela e melancólica, de uma tristeza sutil, que beira à poesia.
“O Som e a Fúria” talvez seja um dos dez melhores livros de todos os tempos. Seja por sua linguagem inventiva e fantástica, seja por sua fluidez impressionante, seja por sua geniosidade, seja por seus personagens complexos e maravilhosamente construídos. É uma obra que deve ser lida a cada cinco anos, para que se possa compreender melhor suas minuciosidades. É uma história contada aos poucos, espicaçada bem lentamente, confusamente. O genial da obra de Faulkner reside justamente nesse caos: não se entende nada no começo, entende um pouco mais depois, e, com o passar das páginas, as coisas vão ficando mais claras, como ocorre com um quebra-cabeça.
No meio de tanta desconexidade e confusão – genial e propositalmente construídas - que se construiu um livro perfeito, que deve ser lido, relido e re-relido quantas vezes seja possível. O prazer da leitura será cada vez maior.
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Biu.V 11/07/2010

Exercício de imaginação.
No início um estranhamento normal, no final, para onde as linhas convergem, a realidade nua e crua de um período da história Americana.
Genial a maneira da narração da história: o início um exercício para imaginação, um quebra cabeça que aos poucos vai se fechando até a última página.
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CAcera3 30/04/2023

O som e a fúria - William Faulkner ??
Esse é um livro onde cada parte tem um narrador diferente. O que impressiona é que o autor consegue colocar em cada uma delas marcas altamente particulares e desafiadoras.
Logo na primeira parte temos um narrador com deficiência intelectual, o Benjy, e o que o Faulkner faz aqui me deixou profundamente emocionada e fascinada pela habilidade que ele teve de colocar a ????? desse personagem em palavras ?no papel?. Inclusive essa é uma das partes mais desafiadoras do livro, pois há a dificuldade em ordenar os pensamentos do Benjy e encontrar o significado (que está presente em tudo).
Outros personagens caóticos têm voz nessa narrativa e cada um apresenta sua dificuldade, mas a impressão que tive foi que o livro começa com uma dificuldade bem elevada e depois tudo vai se encaixando e fazendo sentido.
O livro conta a história da decadência de uma família, os Compson. Portanto, sua narrativa, apesar da dificuldade linguística, tem um tom bem novelesco, pois tem reviravoltas e tramas bem intensas. O som e a fúria são elementos que podemos ?????? durante toda a narrativa.
Esse é um daqueles livros que devem ganhar muito com uma releitura; o que pretendo fazer em algum momento da vida.
Foi maravilhoso me desafiar com a escrita desse autor e ele ganhou mais uma admiradora pela forma como ele conseguiu imprimir em suas palavras a desordem dos sentimentos ???????; e humanos em sua ???????????.

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Luigi.Schinzari 07/07/2020

A Fúria de uma narrativa perfeita
O Som e a Fúria (1929), romance mais conhecido e referenciado do autor norte-americano William Faulkner (1897-1962), não é um livro fácil. Muito pelo  contrário: a narrativa dividida em quatro partes longas, sem pausas narrativas em seu meio, cada uma narrada por uma personagem diferente (respectivamente Benjy, Quentin, Jason, irmãos da família protagonista, os Compson, e, ao fim, um narrador onisciente, nos moldes mais tradicionais) e, para dificultar ainda mais, com o uso do fluxo de consciência, método que busca se aproximar do pensamento humano, com digressões e fatos confusos em cada parágrafo, como em nossa mente -- enfim: tudo isso converge para afastar o leitor. Mas isso é um demérito? De forma alguma. É justamente o elemento que faz a obra ser uma experiência única dentro da literatura.

A história do declínio de uma família do sul dos Estados Unidos no começo do século XX é palco para todos os conflitos postos nas páginas de Faulkner: Benjy, o primeiro narrador (e justamente do capítulo mais complicado de se entender de primeira), um homem com problemas mentais graves, dependente dos esforços da mãe e dos empregados e que vê tudo de forma lúdica e irreal; Quentin, o segundo narrador e filho em que foi depositado muito da economia da família para poder estudar em Harvard, motivo este dos problemas financeiros dos Compson e que possui dilemas em relação a sua irmã Caddy; Jason, o terceiro narrador e filho turrão e cínico, responsável por liderar a família após a morte do pai e, em sua narrativa, sempre justificar seus erros; além deste elenco, temos também a matriarca da família, os empregados negros, encabeçados por Dilsey, mulher simples e que dedicou a vida a família, sendo praticamente parte dela e, aparentemente, a fonte de sensatez e bondade em meio a todo o declínio daquele cosmo caótico (um paradoxo, talvez). Cada personagem, seja ela narradora ou apenas mais uma falante pela obra, tem sua forma específica de falar, tem sua voz, motivo este para o infortúnio dos tradutores e também para a recomendação, aos falantes de inglês, para a leitura na língua original.

Em meio a aparente muralha existente para adentrar o mundo criado por Faulkner, deve o leitor curioso se atentar a uma coisa: relaxe. A leitura é, inicialmente, confusa, justamente por conta do fluxo de consciência e da mentalidade de Benjy prejudicada por sua condição mental debilitada, mas é uma barreira a ser derruba com a leitura calma e concentrada. O Som e a Fúria, não à toa, é um dos maiores clássicos mundiais; valorize-o: deixe seu celular de canto; desligue o som ao seu redor e ouça aquele que vem do seu título (inspirado em uma passagem de Macbeth de Shakespeare, aliás). A atenção minuciosa a cada palavra colocada -- E muito bem colocada! -- por Faulkner na mente de seus narradores é necessária pois estas foram também necessárias; tudo que ali está é proposital. Faulkner não desperdiça uma palavra sequer ao longo de toda essa jornada rumo ao poço lamacento de desgraças sem elas serem cruciais para o caminho ao fundo. E, por conta deste fator, o romance têm motivos para releituras incansáveis ao longo dos anos: cada retorno o agraciará com detalhes novos.

Por conta disso tudo, digo novamente: leia O Som e a Fúria de William Faulkner e descubra o porquê do autor ter ganho o Nobel de Literatura em 1949. Este texto é apenas um engajamento para você ir e descobrir, caso não conheça, essa obra de proporções colossais mas colocada em um núcleo familiar no afastado sul norte-americano dos anos 1910 (2 de Junho) e 1928 (7, 6 e 8 de Abril, respectivamente, durante o livro).
 
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Ana Flávia 01/12/2013

Não conhecia o autor nem a obra. Confesso que me empolguei pelo título, já que Shakespeare é sempre algo interessante, logo, uma citação a ele poderia também o ser.

O primeiro capítulo é bem intenso de ler. Com várias divagações do narrador e pulos no tempo, além de muitos personagens. Porém, no decorrer da narrativa, onde cada capítulo é o ponto de vista de um personagem específico, a leitura torna-se bem interessante.

Essa estrutura narrativa nos leva a pensar que a vida não pode ser mesmo contada como uma linha regular de acontecimentos. E que cada fato pode ser analisado de formas diferentes por pessoas diversas (inclusive elas sendo da mesma família).

A infância, definitivamente, é exposta como nossa primeira e última chance de sermos plenamente felizes, e que o restante de nossa história pode sim ser só som e fúria.
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Natalie Lagedo 02/05/2017

O Som e a Fúria foi uma leitura desafiadora. As idas e vindas no tempo e espaço causaram certa confusão inicialmente, fazendo com que eu tivesse que reler muitos trechos. Não me sinto apta para falar de tudo o que este livro representa para a literatura moderna, mas posso dizer o que ele representa para mim enquanto mera apaixonada pelas letras.

A família Compson, habitante do sul dos EUA no início do século XX, serve como pretexto para Faulkner mostrar a continuidade da existência humana apesar dos rompimentos, frustrações e perdas. Aliás, interrupções abundam no texto e no destino das personagens. Interrupções de relações, de modo de vida, de sonhos... Tudo se quebra, nada é definitivo. Dividido em quatro capítulos, cada um é narrado por uma pessoa diferente: o alheio Benjy, o espectro Quentin, o arrogante e sabichão Jason e um observador anônimo.

O fato de alguns personagens possuírem o mesmo nome e a troca abrupta (embora não fora de contexto) dos temas, semelhante à velocidade do pensamento foi difícil, mas prazerosa depois de achar o fio da meada. Que escrita esplêndida! A batalha entre o antigo e o novo não está apenas na quebra do velho relógio do avô e na convenção social a qual a família não mais se adequava. Saiu da comum descrição da sofrida degeneração familiar e ficou imortalizada na arte.
Gleidson 02/05/2017minha estante
Livro sensacional!! Concordo com tudo que vc falou. Está entre os melhores livros que já li na vida!


Natalie Lagedo 02/05/2017minha estante
Com certeza, Gleidson!


Gleidson 02/05/2017minha estante
Não sei se vc já leu Absalão, Absalão. Se não, leia, é muito bom também.


Natalie Lagedo 02/05/2017minha estante
Ainda não, esse foi o primeiro que li do autor. Obrigada pela dica. ;)


Salomão N. 01/09/2017minha estante
Absalão, Absalão! é fantástico demais. Inclusive o Quentin é um dos narradores ;)


Jeferson 29/12/2019minha estante
Bom dia. Ja dei as primeiras " pinceladinhas" e gostei. Realmente já vi que tera que ser uma leitura bem meticulosa, pormenorizada, cuidadosa..




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