LilianSinfronio 20/03/2012
Roubada - Lesley Pearse
Um livro que me emocionou, encheu de raiva, de desconfiança, me chocou e, por último, deixou uma sensação ocre no estomago.
Sempre procuro um único significado que possa definir o que o livro significou para mim, nesse caso não seria algo necessariamente bom, mas que faz refletir: A Maldade Humana.
Gosto de romances e fantasias, mas o que me prende mesmo, me vicia, é a capacidade de alguns autores falarem da realidade sem falsos pudores ou medos, Lesley Pearse parece ser acostumada a isso.
O livro apresenta o perfil de vários personagens, sempre narrado em terceira pessoa, mas onde mais se aprofunda é em Lotte Wainwright e Dale Moore.
Dale é uma difícil criatura, jovem, bravia e de coração indócil, mas algo mudou quando trabalhou em um cruzeiro, conheceu Lotte e Scott e aprendeu o valor das amizades.
Lotte Wainwright é a grande incógnita do livro, a pessoa a ser amada, odiada e de quem desconfiei em cada página. Linda, loira, doce, meiga e gentil, aparentemente muito maltratada durante sua história. Ela sofreu grandes traumas durante toda a sua vida, e devo admitir que é tanto infortúnio que chega a ser duvidoso que uma criatura não enlouquecesse depois da metade de tudo. Para coroar com a cereja do bolo, ela some do contato de todos após o trabalho no cruzeiro, e ai os mistérios do livro começam a aparecer.
Não bastou de emoção? Lotte é encontrada a beira da morte em uma praia, na cidade onde nasceu e onde Dale e Scott trabalham atualmente, Selsey. Ela perdeu a memoria, esta cheia de cicatrizes no corpo e na alma sofrida [sim, sei que é clichê, mas é a verdade e precisa ser dita].
Lotte ira encontrar suas memorias aos poucos, e com muito sofrimento. Dale está disposta a ir fundo para saber o que aconteceu com sua amiga em um ano de desaparecimento.
A verdade pode ser mais dolorida que a ignorância dos fatos ocorridos, afinal, nem mesmo seus pais a querem bem ou se importam com ela...
Apesar da troca constante de foco narrativo, não há confusão em momento algum do livro. Foram um pouco árduas as repetições das desgraças de Lotte [todos entendemos que ela sofreu. ok], mas acredito que a autora tenha feito isso pra antipatizarmos com a bela loira de olhos azuis e sua ingenuidade, assim como todos ao seu redor. Feliz intento.
O livro só não entrou para a estante dos preferidos do ano por ter sido lento no inicio, demorando um pouco a engrenar de verdade na leitura, mas ele recebeu a celebre condecoração que poucos tiveram a oportunidade, ser denominado “agoniativo”, que é um neologismo que uso para quando um livro é realmente tão bom e instigante que não dá para largar até que você descubra o que acontecerá.
No final do livro ainda tem uma espécie de biografia da autora, com entrevista, que eu adorei. Gosto muito de conhecer o processo criativo dos autores e saber o motivo que os levam a escrever sobre determinado assunto. Recomendadíssimo.