Thamyres Andrade 01/02/2017Fábula fantásticaO que você faria se, ao mergulhar, encontrasse em uma ostra uma pérola enorme - maior que um ovo de galinha - que poderia te deixar rico??
Essa é a premissa de “A pérola”, de John Steinbeck.
Kino é um índio pobre, que vive com sua esposa, Juana, e o recém-nascido Coyotito. Em um dia tranquilo, como outro qualquer na aldeia, um escorpião pica o ombro de seu filho e, ao buscar ajuda de um médico, ele se dá conta de que precisa conseguir dinheiro pra consulta. Desesperado, o pai mergulha no mar entre as pedras da encosta em busca de uma salvação. Aí então encontra uma pérola de tamanho incomum e, muito contente, espalha a notícia.
Após conseguir que seu filho ficasse fora de perigo, Kino começa a sonhar sobre o que pode comprar com o dinheiro que receberá ao vender a preciosa pérola. O que ele não contava é que muitas pessoas a sua volta, movidas pela cobiça, tentariam lhe roubar o objeto e poriam a sua vida e de sua família em risco.
Eu já tinha tentado ler esse livro há alguns meses, mas achei tão monótono na época, que acabei deixando de lado. Ainda bem que resolvi pegar de volta e retomar a leitura. A história é incrível! Sua simplicidade, falsamente despretensiosa, impressiona. Em poucas páginas o autor conseguiu nos deixar inúmeras lições. A principal delas se refere à cobiça. Até que ponto vale a pena se deixar levar pela ambição e ser seduzido pela ganância? Algumas passagens mostram claramente como o ser humano é invejoso e presunçoso. E, devido a isso, acaba se tornando um tolo. Por diversas vezes me peguei falando em voz alta com Kino, usando xingamentos que não cabem mencionar aqui, tamanha minha revolta.
Outro ponto a ser ressaltado é a forma sutil como o autor deixou a mensagem sobre felicidade, tipo: “Seja feliz em silêncio”, ou então: “Não grite sua felicidade tão alto, pois a inveja tem sono leve”. Frases clichês, mas que as reflexões se encaixaram perfeitamente na obra.
Apesar da escrita do John ser um pouco arrastada devido ao excesso de descrições desnecessárias e blocos de texto sem muitos diálogos, acabei lendo rápido, curiosa com o desfecho do indígena e da bendita pérola. Os personagens, como um todo, se mostraram bem fieis à realidade, quase palpáveis. O final, conforme foi se encaminhando, ia me deixando angustiada, com o coração apertado. Gostei, em especial, da Juana e de sua força e confesso que fiquei com ódio da cara do índio. hahaha
Finalizei a leitura, fechei o livro e me perguntei por que não havia retornado antes. Mas aí lembrei que tudo tem o seu tempo e esse era o momento certo pra aprender com essa fábula. Já vou tratar de procurar outros livros do autor. Nota 4.