Pedróviz 23/07/2011
Quando se é feliz e não se sabe
Em um texto simples, John Steinbeck descreve uma sequência de fatos na vida de uma família de pescadores de pérolas ao ter seu filho Coyotito picado por um escorpião e ao encontrar uma grande e rara pérola que seria a salvação para esse menino.
Ao longo do livro, o leitor concluirá que a família era mais feliz sem a pérola, tamanha a tensão vivida por sua causa. É outra estória onde o homem, cego e surdo pela avareza, não ouve a voz da razão da mulher. Tivesse Kino ouvido sua esposa, o final teria sido diferente. A pérola, afinal, apareceu no momento exato na vida deles,ora, que a dessem a quem de direito, digo, aos lobos. O fato é que Kino a tudo quis e tudo que mais valia acabou perdendo.
Kino era um ouvidor de sons. Ouvia o "som da família", o "som do perigo" e tantos outros, deveria também aprender a ouvir o som da razão na voz da sua mulher, que insistentemente lhe falava para dar o devido destino àquela pérola.
A estória contém a famosa moral do quem tudo quer tudo perde, muito bem ilustrada pelo triste caso da família de pescadores. A estória contada por Steinbeck reúne, ainda, fortes elementos de crítica social e faz também, nas entrelinhas, dura crítica à histórica exploração colonialista imposta sobre a etnia dos protagonistas. Há ainda espaço para personagens "figurantes" como dois mendigos que captam aspectos interessantíssimos dos outros personagens.
É um livro com a moral do tipo "a riqueza não traz felicidade". Quem leu A Leste do Éden já sabe que Steibeck tem essa tendência. Leia, vale a pena, é um ótimo livro e fica gravado na memória como um filme.
A Pérola, John Steinbeck. Círculo do Livro. 106 p.
Editado em 22/07/2011 com base em meditação sobre o livro.