Peregrina 25/12/2014
Melhor leitura do ano (e arrisco em dizer da vida!)
A obra se passa no século XII e gira em torno da construção da Catedral de Kingsbridge na Inglaterra durante o período da “Anarquia“, quando houve uma crise de sucessão ao trono após o rei Henrique I morrer sem deixar herdeiro homem.
Ao longo de 30 anos nós acompanhamos os eventos fatídicos que cercam a construção da igreja em Kingsbridge, batalhada pelo dedicado Prior Philip que deseja fazer o seu melhor para Deus, mas que enfrenta ferrenha oposição dentro da própria instituição católica.
Para ser mestre da obra, Philip contrata Tom construtor. Ele fomenta o sonho de construir uma grande igreja e manter a sua família de pé. No entanto, todos os esforços de Philip e Tom para construir a grandiosa igreja acabam se chocando com os interesses de William, um rapaz violento que aspira a ser conde, logo, forma uma aliança com o desonesto bispo Waleran contra Philip, odiado pelos dois primeiros.
A história ainda abrange os pontos de vista de Jack, filho de Ellen, a feiticeira segunda esposa de Tom, que guarda um passado sombrio. O jovem foi criado na floresta órfão de pai, mas quando ele e sua mãe se juntam à família de Tom construtor, ele conhece e se apaixona pela bela Aliena. A jovem de origem nobre vê seu pai perder tudo para o pai de William e jura lutar até a morte para recuperar o condado e entregá-lo nas mãos do irmão mais novo, Richard. Para isso, ela conta com ajuda do prior Philip, Jack e outros que se unem a fim de derrotar inescrupuloso William.
Eu poderia falar sobre Os Pilares da Terra por horas e horas sem me cansar e ainda não falaria tudo sobre esse livro fenomenal. Não é à toa que é o trabalho mais notório do autor. Ken Follett dá um show de história, arte e arquitetura; esmiúça com destreza cada segredo da Idade Média criando uma trama envolvente e arrebatadora.
Todos os livros possuem seus pontos baixos, mas em Os Pilares da Terra não há pontos baixos: o livro é simplesmente espetacular DO INÍCIO AO FIM. Eu NUNCA li nada igual, nada que conseguisse me manter tão ligada à leitura por mais de 900 páginas, sem UM só momento monótono. Esse livro foi PERFEITO desde o prólogo sensacional - com aquela cena de enforcamento que me intrigou tanto - até o ponto final do último capítulo. Talvez eu precise ler mais, variar autores, mas de tudo que eu já vi Ken Follett é uma raridade, sua escrita é um tesouro, uma arte a ser apreciada, contemplada com prazer e foi assim que eu me senti lendo Os Pilares da Terra, eu tive prazer de ler um livro tão bem elaborado e escrito sem ferir o período histórico, muito pelo contrário, servindo até de instrumento didático (característica já comum de seus livros) para que nós nos aprofundemos ainda mais na época, nos costumes de uma sociedade que viveu em um dos momentos mais negros da humanidade: a Idade Média (ou Idade das trevas).
Sobre os personagens eu detestei William, minha nossa que homem odiável, ridículo, nojento! Porém é de se admitir que ele foi um personagem excepcional demonstrando o pensamento essencialmente teocêntrico que circundava nas mentes do povo durante a Idade Média, o medo do Inferno e tudo mais. Gostei muito do prior Philip e do modo como ele sinceramente se dedica à vida eclesiástica, todavia os personagens que eu mais amei, que torci para que dessem certo durante todo o livro foram Jack e Aliena! Ele por ser esperto e trabalhador, ela por ser determinada e forte mesmo depois de tudo que passou.
Os Pilares da Terra foi, com certeza, a melhor leitura do ano e me arrisco a dizer que da vida também. Espero lê-lo novamente algum dia bem como sua "continuação" Mundo sem fim.