spoiler visualizarNathália 21/05/2013
Resenha: "Tudo aquilo que nunca foi dito"
'Tudo aquilo que nunca foi dito' é um romance do escritor francês Marc Levy, também autor de 'If only it were true' (que inspirou o filme 'E se fosse verdade' em 2005). A história gira em torno de Julia, uma infografista de aproximadamente 35 anos que tem uma relação complicada com o pai, o qual ela acusa de ser ora ausente, ora manipulador. Noiva de Adam, seu casamento está próximo quando ela se vê obrigada a adiar a cerimônia por causa do pai... Porque ele morreu.
Apesar disso, esse não é o ponto final da relação de Julia com Anthony Walsh, seu pai. Depois que ele morre, a infografista recebe, em seu apartamento, um caixote de conteúdo misterioso, que a ajudará a entender um pouco do comportamento de Anthony para com ela. O livro aborda o relacionamento dos dois de forma aprofundada, mostrando, de modo mais amplo, como podemos nutrir sentimentos equivocados devido a oportunidades perdidas, tempo desperdiçado e mal-entendidos.
Além de Anthony, outros relacionamentos de Julia são mostrados no livro, como seu já citado noivo Adam, e seu melhor amigo Stanley. Este representa o estereotipado melhor-amigo-gay-confidente-e-cômico da mocinha da história, o que não chega a contar como aspecto negativo, a meu ver. Stanley dá força à Julia, impulsionando-a a ir em frente. As falas mais divertidas também são dele, proporcionando boas risadas e momentos de descontração. Apesar disso, ele não é uma personagem rasa, unilateral – mesmo que o romance de Levy não o explore profundamente, já que o foco é Julia. Stanley e a infografista (ou desenhista, como ele prefere) se conheceram quando ambos passavam por momentos difíceis, e desde então começaram a construir uma relação sólida e verdadeira.
Outro ponto muito favorável está relacionado à maneira de escrever de Marc Levy. Sua narrativa apresenta ótimas descrições, sendo um prato cheio para quem é fã desse recurso! Não é algo denso demais ou rebuscado, assim como também não é vago: caracteriza-se como uma descrição próxima do ideal, na medida certa! Sinto falta disso em muitos livros hoje em dia, mas este não decepcionou!
'Tudo aquilo que nunca foi dito' é bom em vários sentidos, envolvendo o leitor em uma trama que acaba se revelando surpreendente. Alguns de seus aspectos não foram mencionados na resenha por serem spoilers que fariam com que a obra perdesse “parte de sua graça”, mas como não consigo me conter, deixo-os registrados logo abaixo. Portanto, se você ainda não leu o livro e pretende fazê-lo (e eu espero que tenha conseguido convencê-lo até aqui), NÃO LEIA A PARTE QUE SEGUE! O livro é nota 10! :D
**SPOILERS**
1 - Quando li a sinopse do livro e vi sua capa, pensei “deve ser algo como 'P.S. Eu te amo'...” (em relação às cartas). Então, eu comecei a ler e descobri que até há cartas na história, mas não da forma como imaginei. Primeiro equívoco que cometi.
2 - Quando você descobre que há um robô no caixote enviado à Julia, você pensa “U-A-U! No mínimo, superinusitado!”. Pelo menos, foi assim comigo. Não tinha percebido indício algum, até o referido momento, de traços de ficção científica na história (não que realmente precisasse de um). Acho que os diferentes gêneros estão tão “moldados” hoje em dia que ficção científica tem “cara” de ficção científica desde o início e a premissa da história, assim como ocorre com romance, drama, e assim por diante. Logo, foi um fator do livro de Levy que me surpreendeu bastante. Vivi uma relação de amor e ódio com o robô de Anthony Walsh, ora achando a situação sem pé nem cabeça, ora admirada pela criatividade do autor, que me pegou mais uma vez.
3 - Antes de começar a ler – e até depois de algumas poucas páginas –, achei que o livro fosse centralizar sua história na relação de Julia com o pai quase inteiramente. Então, aparece Tomas. Strike 3.
4 - QUANDO EU DESCOBRI QUE ANTHONY, NA VERDADE, NÃO ERA UM ROBÔ, FIQUEI CHOCADA!!! E que ele havia planejado tudo em relação à filha e a Tomas, implantando o desenho do futuro possível genro entre as demais obras da artista de rua de Montreal! Uma palavra o define: T R O L L. E foi por me trollar TÃO bem que Tudo aquilo que nunca foi dito merece nota 10, além dos motivos já apresentados anteriormente. Palmas para Marc Levy!
P.S.: será que só eu fiquei imaginando a reação da Julia ao descobrir que o pai está vivo? xD
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