spoiler visualizarvit 02/06/2024
Pessoal pra sylvia, mas pra mim também.
No início do livro, conhecemos esther, uma jovem de 19 anos que está indo para nova york depois de receber uma oportunidade em uma revista de moda, devido ao seu excelente desempenho na escrita e como universitária. acompanhamos esther, que veio do interior da inglaterra, conhecendo uma cidade grande e tendo experiências completamente opostas à criação que teve onde nasceu. ela está no auge, vivendo praticamente uma vida perfeita: em uma cidade grande, com uma boa oportunidade, realidade totalmente distante da que tinha antes, com acesso a coisas luxuosas pagas pela empresa.
ao decorrer do livro, sentimos uma dor quase palpável, ao acompanhar o declínio da personagem. vemos que esther, mesmo com todos esses privilégios, não consegue se sentir plenamente feliz ou pertencente àquela realidade em que está inserida no momento. a narrativa em primeira pessoa faz com que nos aproximemos ainda mais dos sentimentos da personagem e ao que está acontecendo no momento; uma realidade densa, dolorida e angustiante de acompanhar.
diante daquele misto de sensações, vemos uma esther apática que acredita fielmente que a única resposta para o fim da dor que está sentindo é o suicídio. depois das tentativas, ela passa por diversos tratamentos, inclusive nada éticos, como eletroterapia e podemos ver a "tentativa de recuperação", mesmo que involuntária, em uma clínica psiquiátrica.
foi uma obra que conversou bastante comigo, porque já me vi no lugar de esther, onde, mesmo vivendo uma vida dos sonhos, não me sentia plenamente feliz, muito pelo contrário. a metáfora utilizada para os sentimentos de esther é tão verdadeira quanto o fato de precisarmos de ar para respirar, porque é realmente como se estivéssemos dentro de uma redoma de vidro junto com ela, nos sentindo cada vez mais sufocados por tudo a nossa volta e com nossos gritos de socorro abafados de uma forma que ninguém consegue nos ouvir.
esse é um livro semiautobiográfico (digo semi, porque a própria sylvia disse que utilizou de situações que aconteceram com ela e adicionou a ficção para colorir os fatos). plath explora a complexidade das experiências de esther com uma prosa lírica e intimista, refletindo sua própria batalha contra a depressão. a obra é amplamente considerada um clássico da literatura, oferecendo uma visão penetrante e dolorosa da luta contra doença mental e as expectativas impostas às mulheres.
é uma leitura profunda e impactante, que continua a ressoar com leitores que se identificam com as experiências de luta pessoal e a busca por identidade em um mundo muitas vezes desumanizador. todos nós temos um pouco da esther.
um ponto extremamente negativo pra mim foram coisas pontuais como a forma em que ela descreve o único personagem negro do livro e a forma com que ele é tratado, assim como falas que considerei extremamente gordofóbicas. entendo o motivo de ter se tornado um clássico, pela sua profundidade e honestidade na escrita de sylvia, por ser algo pessoal, mas foram questões que me fizeram tirar estrelas da nota.
recomendo pesquisar a lista de gatilhos antes de dar início à leitura.