A casa das belas adormecidas

A casa das belas adormecidas Yasunari Kawabata




Resenhas - A Casa das Belas Adormecidas


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Ladyce 31/07/2015

Impotência complexa
Meu grupo de leituras da internet abriu uma discussão sobre a obra do autor Yasunari Kawabata, ganhador do Nobel em 1968. Neste grupo discutimos autores. Todas as obras. Cada um menciona aquela obra que conhece. E a conversa rola, através das semanas. Eu havia lido dois livros de Kawabata, "Mil Tsurus", em 2009 e "Kioto" não me lembro quando. Havia gostado, mas não havia lido a obra que parece encantar a um número enorme de críticos: "A Casa das Belas Adormecidas". Por isso mesmo pouco participei da discussão. Ainda mais, que descobri que as "Belas Adormecidas" haviam inspirado Gabriel Garcia Marquez ao escrever "Memórias de Minhas Putas Tristes", outro livro que nunca li. Senti-me portanto mais ou menos na obrigação de considerar a leitura dessa obra de Kawabata.

Contrária à opinião da maioria dos leitores, não gostei de "A Casa das Belas Adormecidas". De fato, cheguei a me forçar a ler essa até a última página, tal foi o meu repúdio ao romance — que nada mais é do que um conto! Concordo com muitos que a linguagem, mesmo em tradução, é sensível. Concordo também que o personagem principal, um senhor de 67 anos, que tem a oportunidade de divagar sobre a vida passada, relembra-a de maneira quase poética. Mas isso não foi suficiente para me agradar.

O problema com a obra: ter que aceitar a mulher tratada como coisa, em um nível de sofisticação muito além do imaginável. A mulher objeto ainda mais desumanamente abusada: jovens de carne e osso que têm o papel de bonecas de borracha, existindo unicamente para dar prazer a homens velhos, impotentes. O abuso – são drogadas a tal ponto que dormem pesadamente a noite toda e não sabem o que acontece com seus corpos drogados – é de um requinte malicioso que me impediu de julgar serenamente o texto. Talvez à época de sua publicação, 1961, esse aspecto da trama não fosse tão censurável quanto hoje. Mas hoje é impossível que esse, ou um ato semelhante, possa ser tratado de maneira tão banal, que seja aceito sem uma rigorosa e visceral rejeição. Como não há um personagem que se oponha a esse abuso, e como as meninas não sabem o que lhes acontece e portanto não podem fugir, nem reclamar, o leitor se vê psicologicamente alinhado ao homem que desfrutará desse abuso, o leitor se vê como cúmplice de uma ação que despreza.

Reconheço que Yasunari Kawabata tinha em primeiro lugar a intenção de dissertar sobre masculinidade, sobre a impotência como consequência da velhice, sobre a frustração e a humilhação sofridas por aqueles que vivem muito além dos anos de fertilidade, dos anos de proezas sexuais. Mas hoje, esses assuntos provavelmente seriam abordados de maneira diferente. Não é uma questão de ser politicamente correto. É que a moral mudou nos últimos cinquenta anos. É isso.
Luana 01/08/2015minha estante
Concordo com cada palavra sua, Ladyce. Primeira resenha que leio que se assemelha à minha opinião sobre a obra.


Ladyce 01/08/2015minha estante
Lu, muito obrigada. Esse é um livro que toca fundo nos sentimentos de muitos. Só você até agora concordou comigo, mas já teve gente que até achou que eu não estava sensível ao problema.... rs... Obrigada pelo apoio.


Julia 17/01/2017minha estante
Que grupo de leituras da internet? :)


Dan 22/03/2017minha estante
Bem. Não li o livro, mas condená-lo porque havia mulheres sendo abusadas e objetificadas e daí condenar um livro por isso é algo um tanto fraco. Em primeiro lugar o compromisso do escritor é com a realidade (ou com a realidade concebida por ele), seja ela podre ou sublime, ele irá demonstrá-la na linguagem literária e expressá-la conforme suas intenções e consciência artística. Pelo que vi em resenhas o livro toma por base algo tão aversivo para traçar reflexões poéticas; pois bem, por mais absurdo acho válido. Dostoiévski valia-se do escuro e dali retirava alguma luz, porém em nenhum momento há um respaldo ao perverso, ao imoral. Penso que isso foi proposital por parte do escritor. Em primeiro lugar. a narração passa pela visão subjetiva da personagem que é por sua vez fruto de uma época, de uma conjuntura social ou de grupo social. Os japoneses são sutis em suas escritas e assim podem criticar facetas do homem de maneira mais discreta e até estranha a nossa realidade de leitor ocidental. O livro pode ter te causado estranhamento e repulsas, gosto pessoal. Agora, exigir do escritor abordar o tema de outra forma (ou seja, na mais atual), sendo que ele retratou uma visão daquele período (não estou defendendo a torpeza do ''casa''), daquele contexto, é forçação de barra. Isso pra mim é PC. Já vi resenha em que uma moça afirmou: Não gostei desse volume da Guerra dos Tronos porque Daenerys foi chamada de puta, vaca, peituda etc. por um homem! Ou já vi, George Martin é sexista, detestei a série! Sendo que o escritor só colocou o real em sua ficção, nos revela o podre de forma grosseira. Enquanto os japoneses, que são poéticos,podem revelar os podres com sutilezas e mesmo assim podem extrair algumas reflexões boas tomando como gatilho algo grotesco. Dostoiévski fez isso, só que com mais crueza, ou melhor, de maneira mais objetiva.


Sheppita 04/07/2017minha estante
Concordo absolutamente. Detestei. Sofri pra terminar.


Ladyce 05/07/2017minha estante
Obrigada!


Lauz 29/07/2017minha estante
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Lauz 29/07/2017minha estante
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Lauz 29/07/2017minha estante
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Marselle Urman 27/11/2017minha estante
Obrigada, Ladyce. Tinha me "pré" interessado por ele livro, mas face à força da abordagem da temática por ti narrada, minha ânsia também não me permitiria suportar a leitura.


Emily.Leticia 25/08/2018minha estante
concordo, também não gostei. Fiquei bem incomodada.


Bia0210 10/05/2019minha estante
Não leia "Memórias de Minhas Putas Triste". Foi decepcionante para mim que sou apaixonada pelo Gabriel G. M.


Val Sousa 10/04/2020minha estante
Concordo totalmente com a sua análise. Mal comecei a ler e já estou mto incomodada. ?Memórias de minhas putas tristes? foi outro livro asqueroso, que li, mas gostaria de esquecer.


Ladyce 12/04/2020minha estante
Bom saber que não sou voz única! Obrigada!


Geórgia 13/04/2020minha estante
Eu tô lendo e estou incomodada com isso. Além de termos que pensar à época em que foi escrito, que nem faz tanto tempo assim, ainda temos que considerar a sociedade japonesa. A obra reflete essa sociedade que até hoje é misógina, racista e xenofóbica. A cultura pop e artista japonesa me atrai muito, mas eu não fecho os olhos para essa aspecto cultural do Japão. Eu tô lendo, mas tô sofrendo e não é aquele sofrimento bom de envolvimento com a narrativa, mas uma angústia por isso ser louvado no meio literário.


Val Sousa 14/04/2020minha estante
Gente, eu amo a literatura. Comentei um post de 5 anos atrás e ainda podemos dialogar kkk. Geórgia, tem tudo isso mesmo, cultura japonesa, misoginia... e por mais que já tenhamos avançado no debate, ainda estamos longe de superar o problema. Mta gente (estudada, ?culta?) lê um livro desse e acha que dá pra abstrair a visão da mulher objeto e se encantar pela poesia e pelas reflexões. Não dá! Faltam 10 páginas pra eu terminar, lerei ainda hj. Se não fosse tão curto eu teria abandonado. Mas só vou terminar pra compartilhar minha decepção e aversão.


Val Sousa 14/04/2020minha estante
Ladyce, vc não é voz única. Estamos juntas! Bjo!


Thiagookling 08/01/2022minha estante
nossa...
perfeito. Li com um bolo na garganta, e você foi precisa nos comentários.




spoiler visualizar
Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Ainda bem que comecei por "Kyoto", que me pareceu escandalosamente bonito, então provavelmente perdoarei outras coisas deles que eventualmente eu não gostar.


Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Ainda bem que comecei por "Kyoto", que me pareceu escandalosamente bonito, então provavelmente perdoarei outras coisas dele que eventualmente eu não gostar.


Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Ainda bem que comecei por "Kyoto", que me pareceu escandalosamente bonito, então provavelmente perdoarei outras coisas dele que eventualmente eu não gostar.


Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Ainda bem que comecei por "Kyoto", que me pareceu escandalosamente bonito, então provavelmente perdoarei outras coisas dele que eventualmente eu não gostar.


Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Ainda bem que comecei por "Kyoto", que me pareceu escandalosamente bonito, então provavelmente perdoarei outras coisas deles que eventualmente eu não gostar.


Maria 23/07/2020minha estante
Kyoto já está na minha lista.




Diego 29/08/2016

A coisa mais decepcionante que eu já li na vida, mas, pensando melhor...
O Sr. Kawabata se suicidou. Com todo o respeito pelos mortos e pelo seu Nobel de Literatura, fui enganado pelo título, pelas referências ao autor e pela bela capa deste volume. Embora o livro seja pequeno, imaginei que eu poderia então lê-lo digerindo as páginas, porém, o fato é que engoli o livro em dois dias a muito contragosto. Sinto-me como quem comeu um brigadeiro de padaria: parece brigadeiro, tem cheiro de brigadeiro, tem preço de brigadeiro, é vendido como brigadeiro mas é totalmente sem sabor.

Não conheço as demais obras do autor, mas não farei cerimônias ao relatar minha experiência com A Casa das Belas Adormecidas. Não sei se é o caso de classificar a obra como "pornô para velhos", mas certamente o tom da obra mostra aquele jeito japonês (e talvez aí resida seu valor, pensando melhor num segundo momento) de ritualizar a bizarrice.

O que temos? Um velho que ainda pode ter ereções que frequenta um bordel onde menores de idade são dopadas e dormem a noite toda, enquanto estes senhores se aproveitam de seus corpos nus. Por incrível que pareça, a obra não é machista. Não há nenhuma consideração sobre qualquer pretensa superioridade do homem sobre a mulher, porém tampouco há qualquer tipo de denuncia ou sinalização de uma ética.A coisa vai além do machismo, fluindo da objetificação que poderia ser de gênero, para uma objetificação que chega a ser humana, pois o próprio velho trata-se, de maneira ou outra, como uma coisa que perde sua função, no tom de suas reflexões. O protagonista versa sobre sua vida por meio de pensamentos que nos são narrados com muita pouca filosofia, e de uma levianidade que quebra todo o romantismo a que possamos aspirar em uma velhice icônica (talvez o segundo mérito da obra, pensando melhor ainda). Todo tipo de arrependimento que o velho parece sentir é permeado pela autopiedade material que pode ser resumida no sentimento de "não posso mais aproveitar os prazeres mundanos".

A Casa das Belas Adormecidas parece ser aquele tipo de leitura decepcionante da qual você jamais se esquecerá, e talvez aí resida seu valor. Avalio mal a obra não por considerá-la mal escrita ou ruim de maneira deliberada, mas somente porque prefiro leituras que empolguem e queimem, o que não foi o caso.

Diego 29/08/2016minha estante
*leviandade


Gabê 30/08/2016minha estante
Caramba! Hahaha. Não imaginaria. Eu li algumas obras dele e gostei muito. Recomendo, estiver afim de tentar uma reconciliação com ele (hahaha) Beleza e Tristeza.
Agora, acho que a parada dele é um pouco a agonia da incompletude, todos os/as personagens dos livros que li sofriam com isso. A necessidade e a impossibilidade do outro.


Diego 30/08/2016minha estante
Pois é cara, eu não costumo descer o sarrafo assim em nenhum autor ou livro. Todos são preciosos a sua maneira (menos biografia de subcelebridades, rs). Vou procurar este que você me indicou, de repente eu compreendo melhor o estilo do autor e passo a apreciar. Obrigado!


Gabê 01/09/2016minha estante
Demorou, quando ler comenta para eu saber se curtiu.




Mariana.Oliveira 12/05/2020

Deterioração humana e ... poesia?
O livro consegue despertar um mix de sentimentos dicotômicos muito peculiar. Ao mesmo passo que o autor nos repugna com uma escolha de enredo que chega a enojar, apresenta reminiscências extremamente poéticas das digressões nas quais Eguchi mergulha no decorrer de suas experiências com as tenras mulheres adormecidas da pseudo casa de prostituição narrada por Kawabata.
Leitura muito válida! Foi o meu primeiro contato com a literatura japonesa e me instigou a buscar mais a fundo obras japonesas, iinclusive, se alguem tiver alguma sugestao... Será muito bem vinda por esta navegante de primeira viagem em águas orientais!
Danielle 13/05/2020minha estante
Ainda não li, mas dizem que Silêncio é muito bom. Tem até filme. ;)


Mariana.Oliveira 13/05/2020minha estante
Obrigada pela sugestão Danielle!


Danielle 13/05/2020minha estante
De nada! :)




Adriana 05/04/2021

É um livro estranho...mas com uma ótima escrita.
Trás especialmente reflexões de da vida de um homem diante de sua velhice e do fim da vida em relação a vida e juventude das "Belas Adormecidas".
Em certos momentos do livro a vida, morte, decrepitude, vivacidade, e tbm a luxúria e a inocência se misturam de um jeito interessante.
B.norte 07/04/2021minha estante
Gostou? Foi o primeiro livro que li do kawabata ?
Outro livro que li dele foi País das Neves, também é curtinho, com mais referências da cultura japonesa.


Adriana 07/04/2021minha estante
Oi Lorena,
Eu gostei desse livro sim.
Em alguns momentos é incomodo em outros é tocante essa relação entre juventude e velhice.


B.norte 13/04/2021minha estante
Eu entendo, penso do mesmo jeito! ?
Mas é a característica de muitos autores da literatura japonesa ser tocante e incômodo em suas obras ?




Lee 09/10/2009

A temática é interessante, tenta criar uma atmosfera de iconstância e de flash backs ritimicos de forma a tentar criar uma ilusão de questionamento caótico, tenta criar uma perspectiva do erotismo e da sensualidade para um personagem senil...
Entretanto o livro fica apenas na mera tentativa, não há qualquer profundidade ou não se explora de forma coesa o que se propõe a tratar, ainda que por uma questão estilistica a obra em si é fraca, ruim para ser sincero, muito aquem do nível de outras obras com um mesmo apelo.
Não sei se foi a tradução que foi infeliz, ou se de fato o autor em si é fraco, voto pela má tradução, pois uma tradução não pode ser meramente literal, mas também das idéias. O mundo cultural japonês é muito diverso do ocidental ou até mesmo de outros povos orientais, então algumas idéias e conceitos devem ser trabalhadas com uma atenção especial. (Palavras da tradutora de Musashi para o Português)
Ocorre que nesta obra a sensualidade toma um aspecto vulgar, não de chulo, nem de suave, mas um aspecto fraco mesmo, mau trabalhado e péssimamente desenvolvido.
As questões que tentou trabalhar, dos problemas de um homem velho, do envelhecimento e até da morte são muito pouco exploradas e quando o são, tal se dá de forma muito fugaz, extremamente insonsa.
Já li muitos contos e até mesmo poesias de literatura oriental, posso dizer que conheço um pouco do estilo Japonês, mas esta obra em si está parca, espero que a tradução que tenha sido ruim.
Samy 01/02/2010minha estante
"Não há qualquer profundidade"? Por Deus, trocaram o miolo da capa que você comprou? Não gostar, ok, é direito de todos, mas esse tipo de comentário chega a ser chocante.

Sugerir que Kawabata seja um autor fraco e dizer que conhece um pouco do estilo japonês é um tremendo contrasenso. Recomendo a leitura das inúmeras e magníficas obras dele traduzidas para nosso idioma, para uma compreensão mais aprofundada do tema. Seempre marcadas de extrema sutileza e de uma profundidade penetrante.

Quanto à tradução, se você leu a de Meiko Shimon (é que da capa que aparece, mas sei que existe uma outra edição, portuguesa), posso garantir que é impecável. Eu mesma a revisei.

Espero que entenda que meu comentário não é nada pessoal, mas como estudiosa da obra de Kawabata há dez anos, não foi possível ignorar sua opinião.


Patricia 15/08/2013minha estante
Tive a mesma impressão. Recém comecei o livro e já percebi uma falta de profundidade. Achei descritivo ao extremo, sem espaço para o leitor se relacionar com o personagem, ele descreve todos os mínimos detalhes dos sentimentos, dos gestos, onde está cada parte do corpo a todo momento. Além de achar também um tanto repetitivo, me parece que tem alguns pontos, sendo o mais óbvio o conflito do personagem com a velhice, e fica batendo sempre nesta tecla.


Renata 03/08/2014minha estante
Também acho que não dá para caracterizar este livro como sem profundidade. Não tenho um bom termo para ele, mas definitivamente não é superficial.
Senti fluidez no texto, não tenho ideia do que seja a língua japonesa, mas não me pareceu mal traduzido.
No que diz respeito à edição que li (a 5ª), o único escorregão que notei foi no fim da pág 71 onde aparece a afirmação do uso do quimono duas vezes.




Jacque Spotto 14/04/2020

Diferente de tudo que já li
Confesso que ainda não sei meu sentimento em relação a esse livro, pois aborda situações em um ambiente que me deixou bem incômoda.

Basicamente o livro se trata das visitas de Eguchi, um senhor de 67 anos, a uma espécie de bordel, porém o que difere este lugar dos outros bordeis ditos ?tradicionais? é que ele é frequentado somente por velhos, como no próprio livro os descreve como ?decrépitos? ou ?velhos que não eram mais homens?, para definir por suas impotências sexuais, outra peculiaridade é que as moças que farão companhia aos velhos estão totalmente adormecidas, não naturalmente, são induzidas por meio de algum remédio. Também nesse casa há algumas regras, dentre elas, as moças não podem ser ?violadas?. Não pode haver o ato sexual em si, nem maltratá-las.

Durante as visitas a essa casa, o velho Eguchi se sente por parte desconfortável em estar em tal situação, porém ele continua a frequentar o local por alguns outros momentos. E toda vez que ele vai se deitar com essas moças, que geralmente são muito novas e virgens, alguma sensação que ele tem diante elas lhe traz lembranças de algum momento de sua vida com alguma mulher, sejam elas amantes, suas filhas, sua mãe, e sua esposa, ou até mesmo sentidos como cheiros e gostos.

Mas tirando todo esse cenário estranho, o enredo se trata de uma questão mais profunda, por que esses velhos não pagam uma prostitua que esteja acordada? Que como relatam no livro é bem mais barata que as jovens virgens que eles nem podem fazer sexo? Pois bem, os velhos se submetem por uma questão psicológica, querem se sentir ?homens? novamente, de estar no controle, de se sentirem jovens, de ter a sensação da juventude naquelas garotas, de esquecerem como estão debilitados, e não serem uma vergonha por já serem impotentes diante de uma mulher.

O escritor tem uma forma muito delicada de escrever o que torna a história menos evasiva e que nos faz ligar os pontos e entender o que se passa sem ele relatar explicitamente. Suas descrições são bem detalhadas quanto ao ambiente e a beleza de cada moça, e também de todos os sentidos, como os cheiros que as moças exalam, seu hálito, a tonalidade de sua pele, a sensação dos cabelos nas mãos de Eguchi, o barulho das ondas do mar.

Mas como alguma beleza na forma de escrever do autor, ainda assim senti uma estranheza em lê-lo, imaginar a pessoa acordar e não saber o que ocorreu com ela, com quem passou a noite, o que aqueles velhos fizeram com seu corpo. As garotas estavam cientes de onde estavam e que seriam uma ?boneca? para os velhos, mas essa questão da lucidez me deixou muito angustiada, ainda mais se tratando de moças bem jovens, em torno de 14 a 20 anos.

Uma curiosidade que li em alguns artigos é que o próprio Gabriel Garcia Márquez se inspirou nesse livro para escrever ?Memórias de minhas putas tristes?. Nota-se a importância de Yasunari Kawabata não só na literatura japonesa, mas na literatura mundial.

Espero que gostem do ?pitaco? que escrevi aqui
Gilmara Silva 14/04/2020minha estante
Vi uma indicação desse livro ontem! Louca pra ler!


Jacque Spotto 14/04/2020minha estante
O bom que ele é curtinho, em um dia ou dois vc termina ?




Paula.Moreira 16/03/2021

Incomodo
Eu não consigo dizer nem que gostei e nem não gostei desse livro. Porém, não é como se eu fosse indiferente a ele ou o considerasse "meh"...minha inconclusão parte do fato de ser um livro que ao mesmo tempo que incomoda (e muito), ele intriga!
O enredo é basicamente a história de Eguchi, um homem de 67 anos, que vai em um bordel "diferenciado" onde as meninas (16-20 anos) estão completamente sedadas com algum sonífero muito forte. A partir daí, você acompanha as percepções do personagem, o que é extremamente incômodo e perturbador.
TODAS as mulheres da história (Seja as meninas... Seja a família... Seja as conhecidas do passado...) são tão reduzidas às suas funções/papéis, que nenhuma tem nome... não são pessoas. O livro nomeia apenas os homens.
Enfim... O autor escreve muito bem, mas não sei se recomendo a leitura. Não sei se vale a pena.
Guilherme 17/03/2021minha estante
Êêêê véio Eguchi safado... Acho que foi o último livro antes do Kawabata cometer suicídio... Tive a mesma sensação que você, de que o livro não me disse muita coisa; mas não deixou de ser uma leitura interessante, porque, parando para analisar, tem muita coisa ali, muito pano para manga, de estilo e de contexto. Não havia reparado esse detalhes dos nomes, das meninas eu compreendo, já que são anônimas aos clientes, mas de resto, não me dei conta... Espero que você tenha o marcador do livro também, ele é muito lindinho.


Paula.Moreira 17/03/2021minha estante
Poxa, não tenho! Nem o livro eu tenho para falar a verdade... Peguei emprestado de uma amiga. Haha
Mas quanto a história... Acho que fala muito sobre envelhecer! Envelhecer sob um aspecto masculino... De fato o livro levantou questões que eu não costumo pensar muito, mas mesmo assim tem que ter estômago para controlar o asco!




Elane.Medeiross 09/03/2021

A escrita é ótima, bem narrado, no entanto a temática forte perturba um pouco, é difícil para um mulher lê um livro como esse e se sentir a vontade com ele, não sei se compreendi o intuito do autor nessa obra, se foi incomodar, ele conseguiu, como também conseguiu entregar uma excelente escrita.
Emi 08/02/2022minha estante
Nossa, é isso! Peguei aleatoriamente na biblioteca e gostei da escrita, mas o tema me deixou tão incomodada que não consegui continuar


Emi 08/02/2022minha estante
Então vim ver a opinião de outras pessoas




Will 11/07/2020

Curioso
Meu primeiro contato com a Literatura Asiática e me sinto muito esquisito.

O livro é incômodo. Algumas situações envolvendo as jovens e o velho me fazem sentir repulsa, porém, a escrita do autor na descrição, não só do ambiente, mas da própria condição humana, é incrível.

Kawabata é muito sensível e foi assim que eu me senti lendo o livro. Senti que estava numa rede, ouvindo as ondas baterem entre si, enquanto os acontecimentos sucediam.
Carolina.gxa 16/09/2020minha estante
?Kyoto?, do mesmo autor, também é lindíssimo e muito diferente d??A casa das belas adormecidas?. Recomendo.


Will 16/09/2020minha estante
Obrigado pela indicação! Vou dar uma olhada ??




Li 13/04/2012

DESAFIO LITERÁRIO 2012 - ABRIL - AUTORES ORIENTAIS *OFICIAL*
Sinopse: Imbuída de um erotismo inusitado, esta obra conta a história de Eguchi, um senhor de 67 anos que freqüenta a "casa das belas adormecidas", uma espécie de bordel onde moças encontram-se em sono profundo, sob efeito de narcóticos. Kawabata procura desvendar o enigmático universo do corpo feminino em um culto ao belo e ao inalcançável.

Eu pensei em ler este livro porque li que foi uma inspiração para o “memórias de minhas putas tristes”, de Gabriel García... Apesar de que não era exatamente o livro japonês que eu queria ler.

O livro é bom, apesar de eu achar que os textos orientais são meio tristes para meu gosto. “A casa das belas adormecidas” é um ode à decrepitude da velhice... Se resumiria em uma frase que minha vó disse dia desses: “envelhecer é uma m....!”. É um livro meio lírico, meio erótico, mas achei ligeiramente confuso pelo vai e vem das lembranças de Eguchi.
Na verdade, um monte de coisas que ele conta achei totalmente incompatíveis com a ideia que tenho dos japoneses! É o “pré-conceito”, né?! Acho um povo tão formal, tão cheio de rituais, que me esqueço que eles também tem uma vida sexual!
É uma história bastante original, mas não faz muito meu estilo, apesar de eu ter gostado de lê-lo como forma de saber mais sobre uma parte da cultura japonesa que não tinha muita informação!
“Nos seus 67 anos de vida, o velho Eguchi com certeza conhecera noites deploráveis. (...) O deplorável não provinha da falta de beleza física das mulheres, mas de suas tragédias, suas vidas infelizes. Tendo chegado àquela idade, Eguchi não desejava acumular mais uma experiência de encontro deplorável. Fora para aquela casa e, chegado o momento, não podia deixar de ter tais pensamentos. Contudo, haveria algo mais deplorável do que um velho que se deita ao lado de uma jovem adormecida que não acorda a noite inteira? Acaso não teria Eguchi ido àquela casa à procura dessa extrema miséria da velhice?”

Apesar de dizerem que Gabriel plagiou o texto de Kawabata, acho que ele usou só mesmo a ideia de um velho e uma menina adormecida, fora isso, achei os dois livros totalmente diferentes!


*http://desafioliterariobyrg.blogspot.com.br/*
Marta Skoober 16/04/2012minha estante
Li, é muito bom quando lemos uma resenha que incita o desejo de ler um livro.


Viquinha 30/04/2012minha estante
A resenha saiu mui linda, chica! Cê sabe que fiquei incucada com esse lance do sono? Porque a reiteração da juventude adormecida? Achei tudo muito instigante! Bjs!




Marc 13/04/2024

Kawabata é um escritor que fala muito do tempo. Em alguns de seus livros, o passado retorna, porque deixou mágoas e dúvidas, imensos desertos de dor e solidão nos personagens e o reencontro traz um gosto amargo — mesmo que alguns esperem poder retomar e criar uma nova vida a partir daí. É difícil descrever, porque a escrita é muito complexa, sendo sutil e rica, muitas vezes sugerindo ao invés de apontar e quando percebemos, é como uma porta que se abre para um imenso pátio, mas que nada no restante da construção sugeria existir. Assim como o tempo aquieta as paixões, afasta os amantes, também parece ter a qualidade de reavivar os ressentimentos. É como se eles não passassem, apenas ficassem suspensos aguardando o momento de retornar com toda a força. Gosto muito de uma frase do filme “Magnólia”, que se encaixa muito bem aqui: nós superamos o passado, mas ele não nos supera.

Mas a vida não deixa apenas ressentimentos. E aqui, embora exista um amargor ao olhar a vida, ou melhor, ao sentir que a vida já não tem o mesmo colorido (o que causa tristeza), o tempo é sentido como aquele que tira, que afasta. Já não se é mais como antes e mesmo que a perda da virilidade seja sentida, é sobre o futuro que a preocupação de Eguchi se projeta. O passado serve como contraponto ao futuro, surgindo cada vez mais luminoso à medida que ele só enxerga trevas diante de si. E não são trevas comuns de não se saber o que tem pela frente, são trevas porque não lhe restam esperanças. É o tempo que lhe diz que está acabando, que suas forças jamais retornarão.

Incrível que não se note a referência ao conto de fadas da Bela Adormecida. Enquanto este último coloca a realização do amor através da força que o masculino desperta na mulher, literalmente tirando-a do sono, trazendo-a à vida concreta, aqui elas não são modificadas pela velhice, pois ela não tem mais a virilidade e o vigor. É como se aquilo que os homens tem a oferecer, toda a força que protege a mulher, que a retira do torpor de uma vida que não é plena, não pudesse ser satisfeito e não se realizasse. As mulheres, mesmo belas, não conseguem ser amadas e desejadas, pois essa fase da vida já passou para os homens que frequentam aquele lugar. Elas ficam ali, esperando eternamente, uma beleza que não pode ser plena, que não pode fazer aquilo que as mulheres podem fazer e os homens não. Literalmente, essas jovens não podem ser mães, pois os homens que as tocam não sentem real desejo e não são mais capazes de engravida-las. Por um lado, o desejo de retomar — mas sem sucesso — o poder da juventude e, por outro, a beleza que jamais leva à realização plena do feminino. Aquela casa encena possibilidades, mas elas jamais se realizam.

No conto de fadas, a Bela Adormecida se torna fértil, se torna mulher e cai na armadilha da bruxa (talvez seja um resquício dessa história a mulher que cuida da recepção para os homens velhos e adormece as jovens que ficam no quarto esperando, inconscientes). O que a bruxa deseja é que ela jamais acorde, perca seu período de fertilidade e se torne como ela, ressentida em relação à vida. Mas, numa leitura mais simbólica, é como se as mulheres estivessem durante sua adolescência, num período de latência, projetando o que virá mais tarde e será a realização de sua vida, que é a gravidez e o cuidado dos filhos. Mas somente um homem pode levar a esse estágio. Sem o casamento, a mulher jamais vai ser completa. É isso que o conto de fadas mostra, o simples ciclo da vida de uma mulher.

Aqui, no entanto, isso não pode se realizar. Ou melhor, seria uma espécie de brecha na vida dessas jovens, onde elas não apenas não esperam por ninguém, como não esperam que possa aparecer um homem naquele local que as retire desse período. As jovens que ficam adormecidas nos quartos não podem reagir, não sabem quem são os homens que estiveram com elas durante a noite e não sabem o que aconteceu. Tudo que lhes interessa, Eguchi pensa, é o dinheiro. Seria uma maneira de dizer que em qualquer estágio da vida é fácil se perder. Isso é tão verdadeiro que Eguchi começa a lembrar de mulheres do passado e o amor parece estar ausente de todas as situações. Mesmo ao lembrar dos momentos finais com a mãe, ainda parece ausente o amor. Essa lembrança o incomoda, porque ao pensar nas mulheres de sua vida, a mãe aparece como a primeira. Não porque tenha feito sexo com ela, mas porque foi a primeira vez que tomou conhecimento de uma mulher em sua vida.

Todas as lembranças parecem falhas sob esse ponto de vista. Eguchi, por sua vez, não parece atentar para isso. É como se ele estivesse distante em todos os momentos, compelido por aquilo que se esperava dele, não por sua personalidade. Olhar o passado sem se reconhecer, sem conseguir se emocionar. Nunca houve real envolvimento naqueles momentos que vai lembrando. E nem existe aqui, evidentemente. Pois não há como, mesmo que ele toque a garota, a beije, nada do que faça poderá gerar envolvimento. Assim, no passado — onde ele podia fazer sexo com as mulheres —, ou hoje, o distanciamento em relação a todas as mulheres continua. Essa é a ironia da situação em que ele está agora. E o final do livro, que me desagradou bastante, é uma prova dessa falta de relação, de laços.

Às vezes, esse tempo que transforma ou reaviva sentimentos, traz ainda o esclarecimento. Não podemos dizer que seja o caso. Eguchi não parece ter compreensão do que realmente foi sua vida. Mas está lá, basta prestar um pouco de atenção em cada lembrança para chegar a essa conclusão. De modo que o livro deixa um sentimento bem ruim, não apenas pelo final, mas porque descobrimos que o tempo não o modificou, que a esperada maturidade, a sabedoria que deveria vir com o tempo e que seria alcançada na velhice, jamais chegará. Ele é apenas um homem que lamenta não ter mais o vigor do passado, não poder mais ter a mulher que desejar e nada do que viveu lhe ensinou coisa alguma. O homem que um dia retirou uma mulher, mãe de suas filhas, do período de latência da juventude e a levou à plenitude de sua vida, simplesmente não acompanhou o processo, não o fez com objetivo algum, apenas buscava satisfação imediata de seus desejos, nada mais.

O pior que poderia acontecer a uma pessoa ao chegar à velhice seria não ter aprendido nada, não ter sabedoria sobre a vida, não ter sido modificado pelas incontáveis situações que passou ao longo dos anos. Ainda desejar ser um adolescente só para poder sentir prazer.
Leticia Nassinger 13/04/2024minha estante
Eu li esse livro e fiquei com alguns questionamentos sobre ele e achei que sua resenha me respondeu alguns? obrigada


Marc 13/04/2024minha estante
Agradeço a leitura e o comentário, Letícia. Escreva sobre seus questionamentos em relação ao livro. É sempre bom para quem escreve e para quem vai ler, pois pode ajudar a compreender melhor.




Lisa 21/03/2023

Os longos e inescapáveis braços do machismo
Conheci e me encantei pelo Kawabata através de "Mil Tsurus", logo busquei um próximo, e "A casa das belas adormecidas" foi um título me conquistou. Tem um quê de mistério e de nostalgia ao lembrar fantasias e o onírico. De fato, este é um livro que nos remete aos contos de fadas, mas não as versões da disney. Esta é uma história que foi perturbadora de ler para mim, e admito com muito custo, salvo a escrita, não gostei de nada.

Tal como o titulo indica, o foco aqui é pintar o retrato da velhice, o que ela representa e traz consigo, como a solidão, a perda dos prazeres, a desesperança, bem como a alegria e sorte de poder vislumbrar juventude novamente a partir de um local, uma casa "secreta". Quase como em "Diário de um velho louco" do Jun'Ichiro Tanizaki, acompanhamos o relato de um homem em seus 60 anos e suas reflexões sobre o envelhecimento. Contudo, diferente do Tanizaki, Kawabata falhou e muito em me fazer sentir empatia ou qualquer conexão amena com seu protagonista, uma vez que essa premissa se perde no seu plano de fundo, as mulheres drogadas, dopadas e adormecidas a mercê de homens por toda noite.

A intenção do autor não é mostrar essas moças, elas não têm nome, nem histórias, sabemos apenas o que o personagem infere delas, visão essa extremamente enviesada. Mas foi impossivel para mim não tornar essa meninas as protagonistas dessa história. Ainda que o objetivo seja acompanhar as elucubrações de um senhor a partir das memórias evocadas nesse lugar, foi inevitável não me horrorizar com o machismo estrutural em sua mais perfeita pureza e naturalidade "inocente" através dessas páginas.

Veja bem, são mulheres extremamente jovens de cerca de 19 anos, talvez até menos, que são dopadas em um nível que seja impossivel acordá-las e acredite, o Senhor tentou e como. Há um acordo superficial de que não sejam estupradas nem abusadas pelos clientes, como se isso bastasse, como se não houvesse outras maneiras de se violentar alguém. Como se o corpo vulnerável, disposto ali, disponível para ser manipulado, invadido da maneira que melhor convir a esse outro não fosse violência. Se a vítima não lembra, o ato deixa de existir, deixa de ser menos relevante ou problemático? Por que alguém não tem consciência, então o outro ganha passe livre para ser imoral? É o anel de Giges platoniano?

O protagonista discorre em cada capítulo sobre a possibilidade de estuprar essas moças, de lhes retirar a virgindade, chega a questionar que diferença faria. Fantasia sobre ser agressivo com elas, estrangula-las, mordê-las, ver se acordam. E o fazê-lo simplesmente por que pode, ou ainda, como ele diz, se vingar pelos colegas que não podem fazê-lo e que vai escalando até o final.

"A casa das belas adormecidas" retrata como o corpo feminino é visto pela sociedade, onde mesmo na velhice, com esses homens já senis, impotentes ou quase, a mulher continua um corpo descartável, para ser usado para satisfazer, para servir homens sem questionamentos. E o fato do autor ter pensado essa história sem sequer se abalar com essa problemática demonstra a naturalidade disso. Particularmente penso que a Arte não tem obrigação alguma em ser descente ou moral, nem ensinar algo, então não digo se é um livro bom ou ruim, mas não a impede de que certas histórias me desagradem. Essa sem dúvidas foi uma delas.
Eduardo1438 29/08/2023minha estante
Vi seu comentário na Amazon. E sinceramente, é a melhor descrição sobre o conteúdo do livro, capturando bem o que os devaneios e a estética do autor tentam disfarçar.


Lisa 29/08/2023minha estante
Oh, obrigado. Esse livro me pesa até hoje, foi uma grande decepção. Kawabata é um escritor talentosissimo, infelizmente, assim como muitos, demasiadamente machista.




iguteixeira 14/10/2020

Bom. Eu realmente queria ter gostado mais desse livro, foi o primeiro livro que li do Kawabata; sou bastante curioso para conhecer mais sobre a literatura do chamado ?lado ocidental? do planeta. A descrição minuciosa dos detalhes e das voltas temporais de vida do protagonista deixaram a minha leitura um pouco lenta e muitas vezes senti tédio. No entanto, e isso fica também como dica para mim: é necessário parar e contemplar os detalhes - até os que podem ser tediosos inicialmente - a valorização da vida acontece nesse processo de contemplação do vil, do cotidiano, do outro, do eu. Enfim, parar, desacelerar e contemplar o considerado ?descartável? e ?sem importância/valor? (nos dias de hoje) é essencial, principalmente na lógica capitalística em que estamos inseridos, na qual todo momento é tempo de produzir. NÃO! Parar e contemplar é necessário. Boa leitura, caros aventureiros ;))
Jessé 05/11/2020minha estante
Acho que vc deveria deixar Kawabata pra quando estiver mais acostumado com literatura Japonesa. Te aconselho começar pelos contemporâneos primeiro, e deixar esses mais clássicos pra depois, já que a literatura japonesa muitas das vezes é bastante contemplativa e detalhista. Quando morei lá, notei que a literatura deles, muitas das vezes é de uma cultura muita fechada.


iguteixeira 05/11/2020minha estante
Obrigado pela dica. E agora consertando a palavra que meu corretor trocou e não percebi: ?oriental?. Abraços :))




Nik Soren 09/01/2014

Não faça nada de mal gosto.
A Casa das Belas Adormecidas é um belo exemplo da bizarrice nipônica, mas, ao mesmo tempo, um retrato perfeito da cultura e costumes, forma de pensar dos japoneses.

Apenas imaginar uma casa onde velhos pagam para dormir ao lado de jovens virgens - jovens essas que foram adormecidas com o auxílio de soníferos poderosos - já é algo perturbador ou excitante. Não existe meio termo.

Embora esse seja o exacto tipo de maluquice que se espera de japoneses, por razões sociológicas, ao mesmo tempo é impossível negar que existe uma razão muito simples p'ra isso: não funcionaria em nenhum outro lugar do mundo.

Os conflitos internos de Eguchi, o protagonista do livro, sobre o que fazer com as garotas, é inviável se aplicado à qualquer outra cultura. Cada garota que ele conhece, ou pensa conhecer, o remete à sentimentos e lembranças de outrora. Pequenos detalhes que o fazem sentir feliz e triste, miserável e realizado.

No fim das contas, as garotas adormecidas não passam de uma desculpa p'ra que um velho homem recapitule sua vida, uma espécie de flashback pré-morte que o libertará ou condenará, mas nunca passará sem efeitos sobre o velho.

Cada noite é uma batalha cruel travada consigo mesmo, uma espécie de vício auto-flagelativo que desencadeia sentimentos como nostalgia e o desejo de morte, sintomas da velhice iminente.

O autor, Kawabata, põe muito de si próprio em Eguchi. Toda a solidão e depressão silenciosa de um velho que pensa mais na morte do que na vida que não existe mais, aparentemente.
Marcus Klinger 07/09/2020minha estante
Estou vendo muitas críticas negativas, a sua indo na contramão me deu muita vontade de ler esse livro e tirar minhas próprias conclusões. Obrigado :)




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