Resenhas - A Fera na Selva

Bia 03/02/2022

Eu entendi e não entendi ao mesmo tempo. É uma leitura cansativa, demorei mais do que pensava pra ler por completo. Acho que não é pra mim, é todo narrado e com poucos diálogos e não gosto muito disso. A história é interessante, o leitor fica o tempo todo esperando o segredo ser revelado e isso prende um pouco, mas foi só isso. Eu esperava mais, talvez eu releia com uma outra visão.

Mariana 01/02/2022

egocêntrico
uma agonia muito grande o livro girar em torno de um homem que não tem noção de si e é descaradamente egoísta. mas entendo que disso se tira as melhores análises, aquelas pausas pra respirar e pensar...

Andre.Santana 31/01/2022

Quem não sabe o que procura, quando acha não encontra.
O protagonista John Marcher é um homem sensível que gosta de poesia e arte e a sua história começa quando ele reencontra de forma inesperada a sua antiga amiga May Bartram para quem em ele havia contado à muitos anos atrás o seu importante segredo. Esse reencontro reaproxima os dois, principalmente porque é ela quem lembra ao Marcher do seu segredo.

À partir daí ele demonstra interesse em se aproximar dela e em alguns momentos, a medida em que a reaproximação cresce, Marcher quase se predispõe a efetivamente conhecer, a compreender sua amiga, mas quase sempre ele acaba dominado pelo seu segredo, pela espectativa que ele tem de está sempre esperando a fera que vai saltar da selva e derrepente mudar radicalmente a sua vida.

Os encontros entres eles ficam cada vez mais frequentes e o Marcher nunca deixa de ser um cavalheiro, um homem de boas maneiras.

Lentamente nós vamos percebendo o quanto ele é egoísta. Na verdade o Marcher concede migalhas de atenção para a sua amiga, mas faz isso acreditando estar sendo generoso, no fundo se trata de um homem preso aos seus próprios sentimentos, um homem que só consegue amar à si mesmo.

No que se refere a May Bartram é uma mulher justa e serena que ama o Marcher apesar de todas as limitações que esse homem infeliz demonstra. Ela dedica a sua vida a proteger o Marcher de si mesmo. Essa foi à sua prova de amor, um amor para o qual o Marcher só vai acordar com grande atraso.

É um livro em que o protagonista fica à espera de algo acontecer e como ele não sabe o que esperar as coisas vão acontecendo e ele não percebe. Enquanto isso a vida passa.

Uma situação bem comun à todos nós que estamos sempre criando espectativas e esperando que algo aconteça para mudarmos nossas vidas, tipo passar em um concurso, conseguir um emprego, arrumar uma namorada, ter um filho, etc.

Gustavo.Martins 11/01/2022

Cuidado com a fera a espreita
Simplesmente o meu livro de cabeceira. A fera na selva é um retrato perfeito da condição humana no se diz respeito ao tempo e nossa submissão a ele, pois este e sua passagem é uma certeza inviolável. Um livro que não merece spoiler, merece ser lido porque sua última página nós traz um verdadeiro gatilho de percepção da vida.

de Paula 16/12/2021

Ser predestinado a algo extraordinário, ainda que desatento
Com o título do livro imaginava que Henry traria uma aventura na Índia ou na África, como muitos autores contemporâneos seus adoravam fazer, mas ainda bem que estava enganada - não sei se estaria pronta para outro no Coração das trevas. Mesmo não tendo este tipo de temática, não quer dizer que em poucas páginas James não soube cutucar a ferida onde dói e tenho que confessar que adorei a leitura.

Este é o meu segundo contato com o autor, o primeiro foi com a Outra volta do parafuso, onde me deparei com essa escrita nada clara, cheia de nuances e informações nas entrelinhas, que causam certa angústia no leitor de tentar entender o que está acontecendo, ao mesmo tempo que você não consegue desprender da história até chegar ao fim dela. Esse é o estilo pessoal do Henry e por vezes afasta alguns leitores por conta dessa experiência mais truncada. Confesso que sofri um pouco com a Outra volta do parafuso por estar desacostumada, mas A Fera na Selva me ajudou a quebrar essa impressão.

A história conta sobre o personagem John, que tem a convicção que nasceu para um evento extraordinário e comenta isso com uma jovem em uma viagem à Itália dez anos antes do início da narrativa. Eles se reencontram numa exposição e May questiona se a situação tão aguardada já aconteceu. Ele afirma que não e ela decide fazer parte da vida dele para presenciar quando tudo acontecer.

O que deixa o leitor confuso em meio a essa história é o fato de que as páginas passam e não descobrimos o que é esse bendito momento, assim como o próprio protagonista. Eles envelhecem e May descobre o que é o evento e confessa a John que já passou. Infelizmente, ele a perde antes de conseguir com que ela confessasse a verdade e isso o corrói por muito tempo.

May o protegeu, fez dele um homem comum aos olhos da sociedade, suportou os escândalos que envolveram o nome dela, uma mulher solteira amiga de um homem solteiro na era Vitoriana (mesmo que a publicação tenha sido em 1903, Henry foi um homem desta era), tudo para estar ao seu lado quando ele enfim se desse conta do evento extraordinário. Às vezes o ego não nos deixa ver o que está na frente dos nossos olhos.

John só compreende o grande evento para o qual estava predestinado anos depois dele acontecer, quando já tinha perdido tempo demais permitindo que a vida fosse uma selva fechada intransponível, mesmo com a fera o espreitando a vida inteira.

É um livro sobre a nossa mania de ser humano de se sentir especial demais, de achar que foi predestinado a grandes coisas, que algo extraordinário está no caminho e assim deixa de viver, de olhar o mundo, tão preso ao pedestal do ego e do orgulho. As coisas comuns podem ser extraordinárias, desde que você saiba vivê-las e coisas incríveis podem passar desapercebidas por quem não sabe viver. Não tem nada de ruim ser comum, é bom, importante, saudável e necessário para nos fazer humanos, o resto é megalomania.

Um ótimo livro para refletir sobre o que temos feito com as nossas vidas esperando por um momento extraordinário que pode ser algo comum que muda a nossa vida, se permitirmos. Vale a leitura!

Anderson Theodoro 18/11/2021

Detalhes revelados
Gostei muito da escrita. O autor consegue revelar os traços internos de suas personagens e nos faz entrar na trama como se as conhecêssemos de maneira pessoal.

Luiz.Goulart 15/09/2021

O que você espera tanto da vida?
Considerada uma das melhores obras de Henry James, conta a história de um casal de amigos que atravessam todo o livro, durante anos, debatendo uma questão apenas: a expectativa dele de que alguma coisa extraordinária iria lhe acontecer. As últimas linhas são tidas como um dos finais mais impactantes da literatura.

SamuellVilarr 09/09/2021

A Fera na Selva, Henry James.
A novela A Fera na Selva é um escrito de Henry James em que os personagens principais, dois, uma mulher e um homem, se entrelaçam em sua relação de uma maneira em que a narrativa discorre da consciência de um mistério aparentemente insolucionável entre os dois e a busca incessante envolto de um autoquestionamento em que os personagens, diante de suas inquietações, demonstram ter. Assim, tal questão citado anteriormente de tamanho mistério se revela como uma representação de uma fera, a mesma que por algum motivo está obscurecida em todo percurso da narração (a selva), assim descobriremos, ou não, ao final, que podemos interpretar como uma revelação ou uma questão de delírios que trancorreram e que impediu o personagem de apenas discernir ou observar a questão que tanto lhe incomodava, assim também com o leitor. É impressionante a maneira com a qual ele (o escritor) redige sua narrativa, abrindo passagens e lacunas para explorar profundamente sua narrativa, este é um daqueles casos de livros curtos que tratam de temas profundos e que buscam alimentar uma perspectiva de maneira que ele seja de alguma maneira, apreciativa por sua qualidade e ao mesmo tempo concisa.

Eclipsenamadrugada 02/08/2021

O distraído
Assim como existe o amor à primeira vista para os dois, ali com certeza haverá felicidade.
Quando existe amor à primeira vista só por um dos personagens, ali existira sofrimento as vezes para os dois, e quando o outro perceber que sua alma gêmea é aquela pessoa que sempre está a seu lado, que entende as suas desventuras e o apoia em todas as suas aflições. Pode ser tarde demais. Narração de Paulo Bete Muito boa... ( creio que é assim o nome dele )

Franco 05/07/2021

O que não é dito e diz tudo
enredo:

John Marcher é perseguido por uma estranha sensação, a de que um dia algo, alguma coisa, irá acontecer, e será marcante, um fato decisivo em sua vida. Ele partilha da sensação com sua amiga, e ambos passam os anos numa expectativa compartilhada: o que será, quando virá, como é que a fera sairá da selva, revelará sua face, e dará o seu bote?

(possíveis) pontos positivos:

- enredo simples, direto, unifocal, somente com dois personagens;
- trama sutil, daquele tipo que o mais importante é o que não é dialogado, narrado ou descrito;
- atmosfera de mistério e dúvida sugerindo um final revelador.

(possíveis) pontos negativos:

- escrita com longos períodos e ideias intercaladas;
- narrativa bastante dissertativa sobre o que é pensado ou sentido;
- os personagens parecem existir num recorte abstrato, quase que somente um para o outro, como dois atores num palco sem cenário.

o que mais impressionou:

o leitor mais atento pode até pescar algo antes do final, mas este, quando chega nas últimas páginas, é recompensador. Mais do que recompensador, é um gatilho para a releitura: sabendo do desfecho, todo o livro pode ser apreciado novamente (o que recomendo fortemente, inclusive por ser um livro curtinho).

Carol 11/06/2021

Impressões da Carol
Livro: A fera na selva {1903}
Autor: Henry James {EUA, 1843-1916}
Tradução: José Geraldo Couto
Editora: SESI-SP
96p.

Poucos autores transitam por diferentes gêneros literários com tanta desenvoltura quanto Henry James. E em se tratando de novela, "A fera na selva" entra em qualquer ranking dos melhores do gênero.

A trama é banal. John Marcher, desde muito jovem, tem a sensação de que o destino lhe reservou algo prodigioso ou terrível e que, cedo ou tarde, se concretizará. Marcher vive autocentrado, nessa expectativa por algo que não sabe bem o que seja ou quando virá.

Até que ele reencontra May Bartram, para quem havia contado esse "segredo", anos antes em Nápoles. May o compreende e resolve acompanhá-lo nessa espera por "algo que estaria à espreita dele, por trás de uma curva no desenrolar dos meses e dos anos, como uma fera na selva". p.25

É a escrita de James que retira qualquer banalidade da trama. Um texto repleto de sutilezas e de alusões, de um grande poder evocativo. Como a Claire Scorzi fala em seu excelente vídeo-resenha, uma escrita impressionista.

É uma narrativa tensa, entremeada de silêncios e diálogos reticentes, que muito me lembrou do maravilhoso "O deserto dos tártaros", do Dino Buzzati. As mesmas expectativas que não se cumprem, a mesma cegueira em relação ao destino. Mas aqui, com o agravante do amor que não se realiza, que se revela tarde demais.

Henry James é um mestre e "A fera na selva" é um exemplo perfeito de novela psicológica. O parágrafo final é de fazer o leitor deitar em posição fetal e dar uma choradinha, pois como diria Camus, a existência é um vazio. Recomendadíssimo.

Valmor 01/06/2021

John marchian revela seu segredo para may, de que há algo na sua vida grandioso para acontecer, o autor nos prende em um enredo de mistério e expectativa, o tempo passa e o tal evento nunca chega. Até que ao fim do livro, John cai em si e percebe o que perdeu ao longo da vida. Uma história de amizade, amor não corrrespondido, expectativas grandiosas, egoísmo e desvalorização das pequenas e importantes coisas da vida. Uma novela de menos de cem páginas mas com uma trama bem construída, personagens ricos e que nos traz boas reflexões

Michele Soares 01/05/2021

"Ah, parecia haver tanta coisa a ser dita!"
"Olhavam um para o outro como diante de uma oportunidade perdida."

Essa frase que ocorre logo no começo da novela (p. 4), ainda que pareça simples, acaba por sintetizar o que é essa história e o que são seus protagonistas, John Marcher e May Bartram. Essa é a primeira leitura de Henry James, que faço por recomendação de um professor da faculdade e, Cristo, essa obra é das grandes, apesar de ter pouco menos que 100 páginas. Pertence a terceira fase da produção literária do autor, uma que volta o rigor, a finura e precisão da sua prosa para problemas da essência humana e, neste caso, o indivíduo burguês de sua época, aquele que, acorrentado a sua individualidade, procura viver uma aventura que virá, mas não como se esperava ? e "esperar" é um palavra chave para a novela.

O que mais me espantou desde o começo foi como autor foi capaz de usar das palavras e dos diálogos para expressar absolutamente nada ? ou melhor, expressar ainda uma ausência. É pelas palavras que o autor delineia a forma dessa grande lacuna, força motriz da narrativa, que permeia não só a linguagem, mas a vida de John Marcher e também, ? por que não? ? de May. O autor vai marcando a ausência não é (só) a falta de algo, mas, simultâneamente, como uma presença, na medida em que os personagens estão cientes dela. A fera está lá, isso não é posto em dúvida, mas essa ausência que os une pela consciência, também os afasta, na medida em que o conhecimento pertence, realmente, só a um deles (e não é de quem imaginamos, a princípio).

Essa foi uma experiência de leitura fascinante. É, com certeza, um livro para sucessivas releiruras ao longo da vida, para estudo minucioso e paciente. A edição que li tinha alguns ? muitos ? erros de digitação, mas sobre isso não há muito o que se fazer. A tradução do Fernando Sabino é lúcida e hipnótica, ao passo que, pretendo continuar lendo outras obras do autor.

Sabrina KQ 24/04/2021

Apesar de ter começado o livro já sabendo da história, A Fera na Selva foi uma leitura muito agradável.
Foi meu segundo livro de Henry James e pretendo ler mais ?