jmrainho 18/11/2013
O anjo pornográfico
Companhia das Letras, 1992
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Ruy Castro, jornalista e escritor, autor de "Estrela Solitária" (sobre Garrincha) e "Carmen" (sobre Carmen Miranda), e de livros de reconstituição histórica, como "Chega de Saudade" (sobre a Bossa nova) e "Ela é Carioca" (sobre o bairro de Ipanema, no Rio).Em ficção, é autor do romance "Era no Tempo do Rei", das novelas "Bilac Vê Estrelas" e "O Pai Que Era Mãe", e de condensações de clássicos como "Frankenstein", de Mary Shelley, e "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll.
Ruy trabalhou dois anos no livro, patrocinado, com bolsa da Goodyear. Ouviu 125 pessoas, fez 700 entrevistas.
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O livro é dividido em capítulos marcados por anos.
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Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912. Morreu em 21 de dezembro de 1980 após fazer 13 pontos na loteria em um bolão com amigos de O Globo.
Seu Pai, Mário Rodrigues, foi advogado, deputado e jornalista em Recife. Mário Rodrigues Foi tentar a vida no RJ em 1915, com 31 anos. Acertou-se no jornal Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourt, do qual se desentendeu e fundo o jornal Manhã, com um sócio que depois lhe tomou o jornal. Viveram com dificuldades na rua Alegrete. Foi preso durante um ano por criticas ao governo e o Correio da Manhã deixou de circular por oito meses.
Mário Rodrigues, após perder A Manhã, lançou em 1928 o jornal Crítica. Em 1930 lançou o vespertino Última Hora
Roberto Rodrigues, irmão de Nelson, foi assassinado por Sylvia Seraphin, socialite, que saiu no jornal como adúltera. Ela queria matar Mário, mas encontrou apenas Roberto na redação e ficou satisfeita, em 1929. Mário Rodrigues, de desgosto, morreu alguns meses depois, deixando a família na miséria. Sylvia foi absolvida, mas se suicidou anos depois.
A primeira redação de Nelson Rodrigues na escola foi sobre adultério.
Nelson começou a trabalhar em A Manhã na editoria de polícia.Redação tinha Monteiro Lobato, Antônio Torres e outros nomes que depois despontariam. Jornais buscavam o furo. O concorrente A Noite chegava a tirar cinco edições diárias.
Nelson se interessou por histórias de adultério e inventava diálogos.
A Manhã inovou por publicar anúncios de empregos gratuitos.
Mário Filho, irmão de Nelson, começou a assumir a página de esportes de A Critica,
Em 1911 Irineu Marinho fundou A Noite, de grande sucesso, mas seu sócio lhe tomou o jornal enquanto ele viajava a Europa. Fundou o Globo em 1925, mas 21 dias depois morreu e quem assumiu foi seu filho Roberto Marinho. Nelson Rodrigues foi trabalhar lá.
Nelson era tuberculoso e foi internado diversas vezes em Campos do Jordão, numa clínica popular. Seu irmão Joffre morreu de tuberculose
Em 1941 escreve sua primeira peça A mulher sem pecado. Escreveu para ganhar dinheiro, pois os autores ficavam co equivalente a 18 poltronas Recebeu criticas. Depois escreveu Veu de Noiva. Escrevia muito a noite, em 6 dias fazia o texto. Vestido de Noiva inovou o teatro pelo jogo de luzes e dificuldade em cenas onde a atriz trocava de roupa rapidamente, interpretando vários papeis reais e imaginários. Escreveu contos no jornal sob pseudônimo Suzana Flag, que foram um sucesso, ja em O Jornal de Assis Chateaubriand, com o título Meu destino é pecar... Em 1950 saiu para o Diários Associados, ficou desempregado um ano e depois aceitou convite para o Ultima Hora de Samuel Wainer. Wainer pagava o triplo de outros jornais e salvou Nelson.
Em 1955 os Rodrigues ganharam um processo contra a união por ter destruído a Critica. Ganharam um bom dinheiro. Saiu depois para O Globo em 1962.
Sua filha Daniela, fruto do último casamento, nasceu deficiente e cega., em 1963
Nelson escreveu para Walter Clark a primeira novela brasileira, A morta sem espelho.
Escreveu contos no jornal sob pseudônimo
Anos depois acabou quase esquecido. O único autor jovem que ainda ousava dizer-se seu fã foi Plínio Marcos.
Seu filho Nelsinho envolveu-se com a luta armada (MR 8), e ficou nove anos preso. Somente aí Nelson acreditou que havia tortura no Brasil. Nelson se dava com Médice devido ao futebol que ambos gostavam, mas o ditador não ajudou. Nelson chegou a ajudar diversos perseguidos políticos, pois se dava com os militares.
Uma de suas ultimas paixões foi em 1980, com Ana Lúcia Magalhães Pinto, filha do velho político mineiro, e separando-se de seu marido, o psicanalista Eduardo Mascarenhas.