Vany 20/09/2019
Não tenho nem figurinha para isso...
Você sabe que um livro é ruim quando você chega no fim e sua primeira reação é 'Ai que bom que acabou!'. Pois é, eu gostaria de iniciar essa review com os pontos positivos do livro, mas a verdade é que não dá. Fiquei com tanta raiva lendo essa porcaria de história, que romantiza uma relação totalmente abusiva e trata como príncipe-problemático-que-será-salvo-pelo-amor um cara escroto que não é príncipe nem aqui, nem na China, e que precisa mesmo é de um psiquiatra para tratar seus traumas. Na vida real, histórias assim acabam em feminicídio, não em “felizes para sempre”, então já passou da hora de pararmos aceitar que esse tipo de relação seja romantizada de qualquer forma, inclusive nos livros!
Pronto! Ufa, falei!
Bom, passado o momento desabafo, voltando ao livro em si, é ruim, beeeeeem ruim. Eu diria que é uma sucessão de clichês e olhos revirando. Não salva muita coisa.
Personagens fracos – Anastasia Steele é patética. Uma moça, em pleno século XXI, nos seus vinte e poucos anos, bonita, inteligente, virgem (clichê), nunca se apaixonou (sério moça? Pulou a adolescência, foi?), praticamente nunca foi beijada (clichê), desastrada (clichê), cai de joelhos ao conhecer o “poderoso” Christian Grey (olhos revirando), nunca se masturbou (ahã), depois que faz sexo a primeira vez, goza loucamente e descobre que tem um talento exímio em sexo oral (dizer que é clichê é pouco, né?). Agora o tal do Christian Grey, esse é um personagem bem ridículo. Porque pelo o que dá para entender, autora quis passar a ideia de que ele é um homem complexo e profundo, nas suas cinquenta nuances de sentimentos, mas a verdade é que ele é mais raso que uma poça d’água! É só um idiota, machista, que se acha dono da menina. E não, não tem nada a ver com o dominador/submissa que a autora tentou usar na história. A verdade é que o único lugar em que ele trata Anastasia de acordo, é no tal quarto vermelho da dor/prazer. Fora dele, o cara persegue a mulher, a ameaça, a intimida, a “obriga” a fazer o que ele quer, além de bater nela. E ela, apesar de parecer uma mulher decidida em suas conversas interiores, na prática, como todo bom clichê machista, faz todas as vontades dele para não o perder. E sabe o que é mais absurdo? Ele justifica suas ações simplesmente dizendo a ela que ela nunca falou que ele não podia. (Sim, meu queixo caiu no chão – olha eu te bati, mas também você não falou que não podia! Claro, que óbvio! Só que não!)
A história é horrível – como já disse é só uma sucessão de abusos e cenas de sexo. Dá para resumir assim: Anastasia faz alguma coisa que Christian Grey não gosta; Christian muda de humor; Anastasia se arrende; eles fazem sexo. É isso. O livro inteiro.
Achei a relação deles tão absurda que lá pelas tantas, enchi o saco até das tais cenas quentes de sexo, de que tanto se fala quando o assunto é Cinquenta Tons de Cinza. Vou dizer mais, tem livros muito melhores nesse quesito por aí! E o que mais me incomodou é que a autora sempre tenta amenizar o comportamento abusivo do Christian Grey, usando inúmeras justificativas e até mesmo nas palavras que ela usa. O pior que ela diz dele é que ele é um “maníaco por controle”. Maníaca por controle sou eu, que arrumo meus cabides pelas cores do arco-íris! O que ele faz é ABUSO, AGRESSÃO!
Enfim, desculpem-me os fãs por aí, mas não, tá? O livro é ruim, a história é bem errada e espero não ver mais abusos romantizados fazendo sucesso.
Antes, de terminar, vale um destaque infame para a tradução. Não poderiam ter traduzido o “baby” no final das frases ditas sexies? Affff... ficou muito tosco. Vocês sabem, é aquela pinceladinha de cocô no monte de bosta.