Nica 04/12/2012Promete mais que cumpre...Cinquenta Tons de Cinza é o primeiro volume da Trilogia Erótica escrita pela inglesa E. L. James e publicado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca. Amante das letras desde criança quando imaginava escrever histórias que as pessoas iriam se apaixonar, deixou esse sonho em suspenso na vida adulta para se dedicar à sua família e carreira.
A ideia do romance surgiu em 2009. Fã assumida de Crepúsculo e suas personagens altamente sensuais (os vampiros) e da mocinha que se apaixona pelo "lobo em pele de cordeiro", James começou uma Fan Fic, ou AU (Alternative Universe, em inglês) - Universo Alternativo, baseada no livro de Stephenie Meyer e que se chamava, anteriormente, "Masters of the Universe".
Tendo como principal inspiração as personagens Bella Swan, Edward Cullen, Rosalie Hale e Jacob Black, E. L. James criou uma AU erótica e que bateu recordes de visualizações, chamando a atenção de Agentes Literários, interessados em transformar a Fic em livro. Claro que a autora não perderia essa chance, né?!
Em Cinquenta Tons de Cinza, conhecemos o poderoso, charmoso e sedutor Christian Grey (Edward Cullen), a atrapalhada e "inocente" estudante de literatura Anastasia Steele (Bella Swan), a antenada, linda e fashion estudante de jornalismo Kate Kavanagh (Rosalie Hale), e o apaixonado e impulsivo fotógrafo Jose Rodriguez (Jacob Black).
"Às vezes me pergunto se existe algo de errado comigo. Talvez eu gaste tempo demais na companhia de meus heróis românticos literários, e consequentemente meus ideais e expectativas são extremamente altos."
Narrada em primeira pessoa por Anastasia Steele, a história começa quando esta vai à empresa de Christian Grey entrevistá-lo para o jornal de Kate, que se encontra adoentada e não pode comparecer à importante e excepcional entrevista. Sr. Grey é um rico e cobiçado jovem empresário.
Ana chega toda atrapalhada para a entrevista e logo encanta o jovem magnata. Seguindo as perguntas preparadas de antemão por sua amiga, a jovem desengonçada (lembra alguém?) fica em cada "sinuca de bico", se não bastasse a atração que sente por ele praticamente visível. O que ela não imaginava era que "aquele pedaço de mau caminho" também se sentira atraído por ela, também a desejava ardentemente.
Após alguns encontros inesperados, Ana descobre mais sobre Christian e suas preferências nada convencionais. O cobiçado empresário é praticante de BDSM (Bondage e Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo) e esconde em sua mansão um Quarto da Dor.
Anastasia é uma jovem meiga, doce e pura que nunca teve relações sexuais; Christian é um homem lindo, sedutor, rico e que por trás dessa sua obsessão por controle e dominação, esconde um passado triste e que influenciam em suas atitudes no presente. Ana e Grey se encantam um pelo outro, descobrindo coisas sobre si mesmos que até então desconheciam ou evitavam.
"Você me desarma totalmente, senhorita Steele. Por tua inocência. Que supera qualquer barreira."
Cinquenta Tons de Cinza é um livro que, na minha opinião, promete mais do que cumpre, deixando a desejar justamente nas cenas que o levaram a ser o burburinho no mundo literário. As tão prometidas cenas de sexo acontecem, mas estão longe de ser "tudo isso". Já li romances de banca muito mais eróticos. Na verdade, existem séries sobrenaturais muito mais envolventes que 50 Tons (exemplo disso é a série sobre uma súcuba, Georgina Kincaid, escrita pela diva Richelle Mead).
Calma! Existem sim cenas de sexo e uma ou duas de BDSM, mas só. O romance é mais sensual que erótico, na minha opinião, apesar do vocabulário escrachado utilizado pelo Sr. Grey quando está tendo relações com a jovem Ana. Porém, eu achei essas cenas e esse vocabulário mais engraçados do que eróticos, não sei se por conta das semelhanças físicas e posturais com as personagens de Crepúsculo.
O fato é que não foram as cenas de sexo e nem o contrato (bizarro) entre Dominador e Submissa que mais me chamaram a atenção, mas sim o desenvolvimento da relação entre Ana e Grey e do descobrimento de novos mundos; no caso dela, sexual e no dele, sentimental. A autora, apesar de possuir uma escrita fraca, consegue nos prender a cada virada por causa disso, dos segredos e dos joguinhos entre as personagens principais.
“— Quero morder esse lábio. — murmura junto da minha boca, e a puxa cuidadosamente com os dentes. Dou um gemido e ele sorri (...).”
Eu esperava mais no que diz respeito ao erotismo que tanto foi divulgado. Mas eu também entendo que a indústria literária precisa se renovar. Como assim? A literatura, assim como a música, vive de modismos e de um bem estruturado marketing. O mesmo efeito boom que aconteceu com 50 Tons, pode ser percebido entre outros gêneros literários, outros autores inclusive. Exemplos desse boom que conquista e intriga milhares de fãs ao redor do mundo foram a saga de Harry Potter, a própria série Twilight que abriu as portas para o Sobrenatural, Jogos Vorazes e seu universo distópico, entre outras.
Cinquenta Tons de Cinza é um livro bom e de entretenimento, que vale pelo romance, pelas cenas de (engraçadas) de sexo e dominação. Sem falar que a autora consegue nos envolver com a relação meio gata e rato de Anastasia Steele e Christian Grey, prendendo nossa atenção ao joguinho de sedução, ainda que com uma história rasa e que nos causa constantes déjà-vus.
Recomendo a leitura sim, pois é um gênero literário que estava esquecido e que sofria muito preconceito em algumas classes. Recordar é viver e acho essa renovação extremamente importante e interessante para a literatura.
E eu vou continuar lendo a Trilogia... Por que apesar de não ter amado, o livro me proporcionou momentos adoráveis de diversão.
Resenha postada no blog Drafts da Nica (http://nicasdrafts.blogspot.com.br/2012/10/resenha-50-tons-de-cinza-e-l-james.html) sendo proibida a reprodução sem prévia autorização, considerando-se tal ato como plágio.