Pergunte ao pó

Pergunte ao pó John Fante




Resenhas - Pergunte ao Pó


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Lolo 20/01/2018

Descubra como é ser um escritor morto de fome sem sair de casa.
Achei o livro meio vagabundo. Primeiro que eu odeio livros sobre escritores, parece uma coisa óbvia sobre a qual se escrever: sua profissão. Sei lá, sempre fico com má vontade de ler livros sobre escritores. As vezes você realmente consegue se sentir na pele do personagem passando pelos percalços dele, o livro flui fácil e é divertido, mas em vários momentos ele é exagerado, os personagens são um pouco grotescos demais e a história é meio rasa. Parece que o autor exagera um pouco nos devaneios do personagem principal e nas loucuras dos personagens pra deixar o livro mais interessante e pra mim não funcionou.
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Joice (Jojo) 17/11/2017

O pó que tudo toma, que tudo leva
Arturo Bandini é um personagem curioso. Aspirante a escritor, ele nos conduz (às vezes arrasta) por uma Los Angeles da década de 1940 enquanto corre (ou rasteja) atrás de seus sonhos. Uma contradição ambulante, ele é, sem dúvida, um dos grandes trunfos de John Fante em "Pergunte ao pó".

Admirador de Nietzsche e Voltaire, mas criado por uma mãe extremamente católica, Bandini, assim como a maioria de nós, é repleto de dúvidas e ações contraditórias. ("Eu podia me livrar daquilo por meio do raciocínio, mas não era o meu sangue. Era o meu sangue que me mantinha vivo, era o meu sangue que corria por meu corpo, dizendo-me que aquilo estava errado.") Generoso e muquirana, gentil e cruel, gênio e medíocre, amante e eunuco, Bandini alterna de humor a cada página, a cada novo capítulo. Seu amor por Camilla (seria amor mesmo, ou ele gostava de ideia de amá-la?), confuso e tumultuado, é apenas um reflexo de seu relacionamento com as pessoas ao seu redor. E são suas imperfeições que o tornam tão fascinante.

Este é meu primeiro contato com John Fante, e fiquei apaixonada pela escrita do autor. Rápida, volátil como água, ele nos leva para dentro e para fora da cabeça de seu personagem com facilidade, conferindo dinamismo à narrativa. Mau posso esperar pela primavera. ;)

A edição da Jose Olympio também é muito boa (gostaria, contudo, de mais páginas dedicadas à biografia de John Fante).

Super recomendado.

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Camis 25/04/2017

Não pensei que fosse gostar tanto desse romance de John Fante, pretendo ler outros livros do autor. Gostei da leitura porque fluiu bem e em nenhum momento achei enfadonho. Só me instigou a querer ler mais.

Em alguns momentos do início do romance, achei Arturo Bandini um tanto convencido e se gabava de ser ou que seria o melhor escritor. Vivendo na miséria, só comia laranjas e mau tinha dinheiro. No final ele consegue escrever um romance sobre uma mulher solitária que o persegue, se apaixona por Camilla, que é uma personagem marginal, uma garçonete de um café que ele costuma frequentar. Do meio para o fim, Bandini descobre que Camilla é maconheira, ela perde o emprego e a razão. Arturo Bandini depois de conseguir um bom dinheiro com seu livro, quer ajudá-la e tem planos de morar com ela, mas não consegue. Camilla desapareceu no deserto e Bandini desisti de sua procura por ela.
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Luciano Luíz 10/04/2017

PERGUNTE AO PÓ de JOHN FANTE é um daqueles clássicos que não são afetados pelo tempo. O romance foi publicado em 1939 e tudo que está em seus parágrafos passa facilmente a sensação de que é algo que ocorre em pleno século 21.
Aqui temos um jovem escritor que está na merda. Ele se sente o maioral porque publicou um conto numa revista. E assim vive num hotel passando necessidade. E quando tem dinheiro é porque sua mãe mandou. Pega a grana e gasta com coisas inúteis (e até empresta pros outros) além de que adora esbanjar dando gorjetas e querendo ser quem não é.
Então um dia entra num bar e lá está Camila. E assim nosso escritor fica apaixonado e sua vida se divide em ascensão e decadência. Camila ama outro. Mas isso não impacta o autor. Aliás, o outro também se diz escritor... Depois aparece outra mulher, Vera, que quer a todo custo que o jovem autor seja seu...
O mais interessante é a mesclagem de inocência e seus desejos íntimos. Ou seria apenas alguém que de alguma forma quer ajudar a todo mundo gastando o pouco que tem?! Considera-se como um escritor fenomenal e assim consegue publicar mais um conto.
O livro é fenomenal quando se trata do cotidiano do escritor, mas quando Camila e Vera entram em cena, o ritmo cai e a qualidade do enredo fica muito tosca. Depois quando Vera some e fica somente Camila melhora um pouco. E daí é um sobe e desce.
O livro tem seu auge nas primeiras 50 páginas. Depois não é lá grande coisa. Porém, assim mesmo vale a pena conferir este romance atemporal. O relacionamento de amor que ele sente pela moça é algo que mostra o quanto seu sentimento é mesmo real, mas ela, seja por um ou outro motivo que vai desde amar outro até ter problemas mentais (ou algo assim aparentemente) é algo que faz o ódio se instaurar na mente de quem lê com a pergunta: Por quê?!
Enfim, esse é aquele livro que Charles Bukowski costumava comentar em suas obras. O livro que mudou sua vida na questão de ser escritor quando foi na biblioteca e depois de se aventurar em vários achou esse e a leitura mexeu com ele. Aliás, nesta edição tem um prefácio do velho safado.
Mesmo tendo partes que se arrastam, é mais que recomendado.

Nota: 10

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/lucianoluizsantostextos/
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Emanuel.Silva 19/03/2017

Do pó viemos, ao pó voltaremos
Estava para ler Pergunte ao pó a um bom tempo (recomendado diversas vezes por meu irmão), finalmente o coloquei na frente de algumas outras prioridades e o li este ano (motivo: faculdade). Confesso que adorei, era realmente o que eu esperava de algo escrito por John Fante, aquele que inspirou e jogou uma luz no sonho de se tornar escrito de nada mais nada menos que Charles Bukowski (meu escritor favorito).
Pergunte ao pó é uma historia puramente existencialista, seu protagonista Arturo Bandine é um escritor de um conto só, um jovem adulto com a vida toda pela frente. Mas, um jovem adulto incompreendido por muitos e principalmente por ele mesmo. Não é culpa dele, nem da sociedade, nem da literatura, creio que não seja culpa de ninguém este dilema melancólico da incompreensão, esta mais para uma consequência da condição de sujeito que existe.
Em um momento de nossa vida somos crianças jogadas no barro e na chuva, rindo felizes com as mãos sujas, chegando em casa cheios de poeira e pensando em ser jovens, livres, bonitos, esguios, intelegentes, estudiosos e trabalhadores. Nos tornamos jovens e não satisfeitos queremos ser adultos, nos livrar das amarras de nossos pais, das pressões sociais, das demandas de se levar uma vida acadêmica, profissional e social. Depois disso, como num piscar de olhos nos tornaremos adultos, teremos o companheiro que quisermos, o trabalho que batalhamos para ter, a casa de construímos e os filhos que serão nossa responsabilidades, porém o vazio, a falta de sentido constante, as questões que tanto martelam sua cabeça irão fazer sentido somente para você, e o desejo de retornar ao barro, na condição de criança sorridente suja de poeira voltando para casa será mais forte que tudo, essa vontade de retornar ao momento mais prematuro de sua vida, para findar o sentido de toda a sua existência e finalmente perguntar ao pó o motivo de tudo isso, estará sempre dentro do ser que existe.
Rick Muniz 01/12/2018minha estante
Essa resenha me fez ver um ponto de vista que eu não tinha percebido na obra! ;)




r.morel 06/02/2017

As desventuras de Bandini
Na essência é um livro romântico. O protagonista sofredor, e pobre, batalha e se dedica no intuito de ser o famoso escritor que tanto sonhou. Se ganhará o Nobel, ou milhões de dólares como acredita e afirma em passagens de devaneios poéticos, não importa. Não para esse livro. O importante aqui é a viagem, o trajeto que ele fez. John Fante resvala de leve, bem de leve, na desigualdade social nos Estados Unidos e no preconceito contra os imigrantes e seus descendentes, mas é discreto, beirando o nada. O personagem e a sua vida e os seus sentimentos que interessam.

A história de Arturo Bandini - que tanto inspirou o jovem, e aspirante a escritor, Charles Bukowski - é a de um jovem ansioso por viver, sentir, viver, viver e com isso obter a experiência para ser o tão desejado escritor de obras magníficas. No capítulo 2, no primeiro parágrafo, Bandini reconhece o seu problema: “Você tem 10 anos para escrever um livro, vá com calma, saia e aprenda sobre a vida, caminhe pelas ruas. Este é o seu problema: sua ignorância da vida. Ora, meu Deus, rapaz, você percebe que nunca teve uma experiência com uma mulher? Oh, sim, eu tive, oh sim, tive bastante. Oh não, você não teve. Precisa de uma mulher, precisa de um banho, precisa de um bom empurrão, precisa de dinheiro”.

Em um bar, com seu último níquel, Bandini pede um café com creme. É péssimo. Parece água suja. Mas ele admira a garçonete, uma mexicana, Camilla Lopez, e por ela a história segue entre a desolação de Los Angeles e os quartos apertados e sujos repletos de pó e poeira pelos cantos, o vasto deserto soprando vapores de calor, as altas montanhas, as colinas e os segredos escondidos com eterno vento, calor e frio. John Fante, que também era roteirista, criou algumas boas cenas. É uma escrita visual. Vemos Bandini e imaginamos um filme. Não por acaso, “Pergunte ao pó” foi adaptado ao cinema, em 2006, por Robert Towne, conhecido pelo roteiro de “Chinatown”. O filme, estrelado por Colin Farrell (Bandini) e Salma Hayek (Camilla), no entanto, não fez sucesso. Críticas ruins. Bilheteria fraca. As cenas do livro no livro surtem mais efeito do que no filme.

Uma das melhores passagens é a longa descrição do terremoto que sacode Long Beach Pike. A descrição de Bandini - o livro é narrado em primeira pessoa - é arrasadora. É o fim do mundo. Corpos ensanguentados pelas ruas. Prédios aos pedaços. Um caos. Mas os exageros e floreios indicam uma realidade discutível. Bandini é um escritor e antes do terremoto teve a sua primeira experiência sexual. De repente, talvez, o terremoto nem tão foi destruidor quanto o relato.

“Pergunte ao pó” é um bom livro. Mantém o seu ritmo. A relação de Bandini e Camilla, contudo, em certo momento, se torna repetitiva. Eles brigam e tentam ficar juntos e depois brigam e tentam ficar juntos e brigam e ela, meu Deus, ama outro. Alguns críticos afirmam que o livro possui um clima noir. Se existir é ínfimo e irrelevante. Mesmo nas cenas noturnas, como o banho de mar de Bandini e Camilla sob o luar, o que predomina é uma visão romântica e bela, um sentimento de sonho, vez ou outra perpassado por um pesadelo rápido. Bandini e a sua musa inalcançável nos proporcionam bons momentos e uma leitura agradável.

site: [Outras Breves Análises Literárias em popcultpulp.com]
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N.Barbosa 23/11/2016

Viver antes de escrever!
O acúmulo de experiências na vida nos faz aprender um pouco de cada vez sobre viver, sobre o amor, o sexo e uma infinidade de outros sentimentos. Em alguns casos, ou na maioria deles, só o tempo vai nos dizer o significado e a importância daquela experiência. Arturo Bandini, na casa de seus 20 anos, nos EUA após os crack da bolsa em 1929, se lança ao desafio de escrever, de entrar para o rol daqueles que são capazes de transformar as situações da vida em prosa ou verso. Mas, Bandini ainda não tinha experimentado o amor, o sexo, os relacionamentos, ou descoberto a relevância da sua própria existência. O romance de formação de John Fante vai se desdobrar em um aprofundamento daquilo que formamos por meio das nossas experiências pessoais, mas, também mesclar a faceta daquilo que nos rodeia, dos fatores sociais, econômicos e temporais em que estaremos inseridos. A linguagem é extremamente fluida e agradável. A narrativa é envolvente e o enredo é conduzido por o que nos torna humanos, demasiadamente humanos: nossas emoções. Ao final da leitura, descobri que a obra já entrou sem dificuldade alguma na listas de meus livros favoritos. Altamente recomendado.
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Ana 18/11/2016

"Desci os degraus de Angel's Flight até Hill Street: cento e quarenta degraus, com os punhos cerrados, sem medo de homem algum, mas apavorado pelo túnel da rua Três, apavorado de atravessá-lo a pé - clautrofobia. Apavorado por lugares altos também e por sangue e por terremotos; fora isso, bastante corajoso, excetuando a morte, exceto o medo de que eu vá gritar numa multidão, exceto o medo de apendicite, exceto o medo de problemas cardíacos, a tal ponto que, sentado no seu quarto segurando um relógio e apertando a veia jugular, contando as batidas do coração, ouvindo o ronrom e o zumzum do seu estômago. Fora isso, bastante corajoso"
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Julio.Argibay 14/09/2016

Gostei muito. Os personagens sao ricos e a estória muito interessante.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 05/09/2016

SUGESTÃO DE LEITURA
Arturo Bandini é um ítalo-americano que tenta ser um escritor de renome nos Estados Unidos. Em uma destas tentativas, Bandini vai morar em Los Angeles, ambientada na década de 30. Ele se hospeda num quarto barato de hotel e vê-se diante de um estado de quase miséria, pois não trabalha e não consegue vender seus contos. Quando ganha algum dinheiro, Bandini não sabe privar-se dos prazeres da vida, e gasta o que recebe em pouquíssimo tempo, voltando à pobreza. Este ciclo se repete várias vezes ao longo da estória, e Bandini se reveza entre sentimentos de plenitude e uma culpa que o aflige e o angustia.

Neste meio tempo, ele conhece Camilla Lopez, uma garçonete com aspecto de mexicana de uma lanchonete que ele frequenta. Eles desenvolvem uma relação de amor e ódio e, até o término do livro, é difícil saber qual será o destino desta relação. Também é difícil compreender inteiramente as motivações de Camilla, mas Bandini se joga na relação com ela também sem a entender, o que nos deixa, como leitores, na mesma situação que ele.
A inocência e juventude de Bandini ficam muito aparentes quando ele tenta relacionar-se com as mulheres - sejam elas prostitutas ou Camilla. Neste ponto, Bandini me lembrou muito o Holden Caulfield de "O Apanhador do Campo de Centeio", de J.D. Salinger. Outra semelhança com "O Apanhador do Campo de Centeio" , na minha opinião, é a estrutura onde o narrador em primeira pessoa se "perde" em reflexões, digressões e tentativas de compreender seus próprios sentimentos.

Bandini é cheio de falhas (morais, espirituais e psicológicas) e, exatamente por causa de todas elas, ele se torna encantador e carismático. Como leitora, torci para que ele conseguisse sua redenção: não só com Camilla, mas consigo mesmo.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2015/09/sugestao-de-leitura-pergunte-ao-po-de.html
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isadiaz 03/08/2016

Os vinte-e-poucos-anos de Bandini
'Pergunte ao Pó' relata os vinte-e-poucos-anos de Arturo Bandini, uma espécie de alter ego de Fante, em sua luta para se tornar um escritor reconhecido. Bandini é um personagem complexo, que vive numa montanha-russa emocional que vai de picos de completa insegurança em relação à própria escrita até momentos embebidos da arrogância característica dos vinte anos. Neste livro, Fante relata uma das primeiras paixões de Bandini e a sua inabilidade em lidar com mulheres, que é entremeada por doses de machismo e misoginia típica dos anos 1940. John Fante tem uma narrativa urbana e real, e não à toa é o inspirador outros grandes escritores, à exemplo de Bukowski. Vale a leitura.
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Pedro.Castello 31/05/2016

Todo mundo tem um pouco de Arturo Bandini.
Imagino eu, que quem entra no Skoob e faz disso algo corriqueiro, já imaginou escrever um livro.

Mas ao mesmo tempo que tem boas ideias pra iniciar um simples conto, acha também que elas não prestam.

Arturo Bandini não é diferente. Às vezes, em seus pensamento, se acha o melhor escritor do mundo. Mas, em pouco tempo, acaba se convencendo do contrário.

Arturo Bandini não é apenas o alter ego do Fante. Mas de todos nós, "Skoobers".

Uma pessoa que adora literatura e que larga tudo para perseguir o sonho de ser escritor. Será que ele vai conseguir? Será que você vai conseguir?

Pergunte ao pó, ora bolas!
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hemersomn 31/03/2016

Ao Pó Voltaremos
John Fante nasceu no Colorado em 1909, começou a escrever em 1929 e teve seu primeiro conto publicado no The American
Mercury em 1932. Sua obra mais conhecida é Pergunte ao Pó, um dos livros preferidos de Charles Bukowski, que escreve o prefácio do livro.

Somos apresentados a Arturo Bandini, alter ego de Fante e escritor de contos que se considera o melhor escritor do mundo por seu conto O Cachorrinho Riu. Bandini já apareceu em outros livros de Fante, mas cada um se passa em fases diferentes de sua vida, logo não há uma sequência para que você possa ler os livros.

Bandini acaba de chegar em Los Angeles. Com apenas um conto publicado e o tempo todo precisando de dinheiro, ele é um sonhador frustrado, que aluga um quarto e sofre com os bloqueios criativos e a necessidade de dinheiro para se alimentar. Se apresenta como o autor de O Cachorrinho Riu, o que nem sempre comove as pessoas. À noite, em uma lanchonete, ele conhece a garçonete Camilla Lopez, despertando um misto de paixão e desprezo, começando por reclamar do café que pede. Toda a relação deles é entremeada de brigas, ofensas e desejos. Um jogo de implicância a cada vez que se encontram.

Por alguma razão Arturo Bandini me lembrou bastante o homem do subsolo de Dostoiévski.

A inquietude de Bandini, sua facilidade em gastar dinheiro com futilidades, seu coração bom e sua falta de tato em agir com as pessoas o tornam um personagem intrigante e pode ser que muita gente se identifique com ele. Em momentos você pode ter odiá-lo, em outros pode até sentir pena.

Não temos um romance meloso, nada aqui é clichê. Fante tem uma facilidade em nos situar nos locais com sua descrição deliciosa de ser lida e pela forma como nos cria empatia com os personagens. A incerteza dos sentimentos permeia cada página.

No meio dessa atribulada relação aparece Vera Rivken, como uma miragem, uma catarse, um tapa no tédio da espera. Ela quer Bandini, deseja o escritor que, para ela, não é tão bom escritor assim. Mas ela teme que ele veja sua carne, suas marcas. E da mesma forma que Vera aparece na vida de Bandini, ela desaparece.

Mas a presença de Vera foi tão marcante na vida do escritor que ele decide escrever seu primeiro romance inspirado na misteriosa mulher. Diz ser a sua obra prima. Diz ser o trabalho da sua vida.

É esse romance que põe fim ao livro. E ao romance alquebrado entre ele e Camilla.
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Rodrigo Tomé 20/02/2016

Todos querem ser Arturo Bandini
Acabei de ler Pergunte ao Pó, do escritor estadunidense John Fante, e, como sempre ao fim da leitura de um clássico da literatura, perguntei-me “por que não li isso antes?”, bem antes, muito antes, por que não o li na casa dos vinte anos? – que é mais ou menos a idade do protagonista e narrador, o grande, o belo, o magnífico Arturo Bandini (ainda vou repetir muito esse nome). Tamanho é o tal Arturo Bandini que, na verdade, foi a motivo para escrever essa humilde resenha sobre um livro que, como poucos, empolgou-me e me fez rir e me emocionar a ponto de querer que ele não terminasse nunca (e claro, terminou muito rápido).

Não que a escrita não seja primorosa, pelo contrário. Parágrafos inteiros que devorava e relia com a vontade de ter escrito aquilo, com a vontade de copiá-los na parede do meu quarto. Sim, a escrita de Fante é sólida, mas também poética, de uma poesia corrosiva, que não deixa espaço para falsas contemplações. No entanto, a construção desse personagem tão humano, Arturo Bandini, e a narrativa de suas peripécias como aspirante a escritor, e a sua paixão pela literatura, e seu desejo em agradar um grande editor, o senhor Hackmuth, e a desastrada relação amorosa (ou seria de ódio?) com a “princesa asteca”, Camilla Lopez, são tão cativantes que até quem não gosta de literatura se sentirá envolvido e tocado. Uma experiência como poucas, onde a qualidade da escrita parece não se sobrepor ao que é narrado.

E ainda falando na linguagem, como havia dito antes, os parágrafos são muito bem construídos, frases geniais, mas não só isso: a narrativa segue esplendorosamente a instabilidade emocional do nosso herói, Arturo Bandini, temos sempre a sensação de movimentação e de ansiedade e de medo e de insegurança e de entusiasmo com a vida. Ele se mostra ora forte, ora vulnerável; ora cruel, ora piedoso – e tudo isso é acompanhado pelo magnífico emprego dos verbos e dos adjetivos que explodem a todo momento. Apenas os grandes consegue explorar ao máximo tão poucos personagens, sem que isso se torno forçado ou maçante. E quando nos afeiçoamos ao menino do Colorado que tenta a vida como escritor famoso em Los Angeles, sobrevivendo à custa, muitas vezes, de laranjas, surge então o elemento bombástico que faltava: a visceral mexicana, Camilla Lopez. Então tudo se torna ainda mais louco e mais intenso para o nosso querido Arturo Bandini.

Enfim, não tem como não terminar essa leitura sem querer ser (ou ter sido) Arturo Bandini em sua juventude. Trata-se daquelas figuras emblemáticas que juntam a caras como Holden Caulfield, de O apanhador no campo de centeio – grandes em sua pequenez diante do século XX e o desejo sádico de se estabelecer a Ordem Mundial –, que marcam todo uma época e influenciou e continuará influenciando gerações e mais gerações de novos escritores (inclusive este humilde servo). Sim, quero ser Arturo Bandini, quero lutar para não ser apenas engrenagens de um sistema falido já em sua origem. Como disse Carlos Drummond de Andrade: "Não serei o poeta de um mundo caduco / também não contarei o mundo futuro.", Arturo Bandini é esse poeta do hoje, é esse poeta da vida. E, sim, você também vai querer ser Arturo Bandini. Não tenha medo, entregue-se aos delírios do maravilhoso Arturo Bandini, entregue-se aos encantos de Pergunte ao Pó.
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 29/01/2016

Um jovem escritor
Eu quis ler esse livro por já ter visto o nome de John Fante (1909 - 1983) ser citado como referência por outros autores que li, e que me deixaram curiosa para conhecer a obra dele. A nova edição lançada ano passado pela José Olympio também contribuiu para meu interesse em "Pergunte ao pó", já que tem uma capa linda e colorida.

A história se passa nos Estados Unidos, na década de 1930, e é narrada por Arturo Bandini, um jovem na casa dos 20 anos que foi para a cidade com o sonho de ser um escritor. Arturo publicou um conto em uma revista (esse era o seu maior orgulho), e desde então seu objetivo era conseguir escrever um novo livro, que pudesse torná-lo famoso e proporcionar-lhe uma melhor condição financeira, para que pudesse pagar o aluguel de seu quarto no hotel e comprar alguma coisa para comer.

"Vamos lá, Bandini, encontre o desejo do seu coração, consuma a sua paixão do modo como ensinam os livros." (página 115)

Se eu tivesse que descrever o protagonista do livro em uma palavra, escolheria imaturo. Ele é tão imaturo que chegou a me irritar diversas vezes. E eu digo que, definitivamente, se fosse me dada a oportunidade de conviver com ele e de ser sua amiga, eu diria: "Não, obrigada!". O que Arturo faz quando ganha algum dinheiro? Compra um monte de roupas novas, que depois ele nem usa pois as roupas novas lhe incomodam e ele prefere as velhas e gastas, porém confortáveis. Em um instante, ele se acha o máximo, um gênio, a última bolacha do pacote, e quer que todos o reverenciem, já que escreveu um conto que foi publicado numa revista, no instante seguinte ele já se sente um miserável. Creio que a maioria das pessoas passe por fases assim, de oscilação de humor e de percepção sobre si mesmo, mas o Arturo Bandini exagera!

A história foi escrita em 1939, então é esperado que a sociedade daquela época seja diferente da dos dias atuais, mas isso não fez com que me sentisse menos incomodada com a forma como Arturo tratava as mulheres e com seus preconceitos, se achando melhor do que os outros quando ele mesmo podia ser vítima de preconceito. Por causa de sua imaturidade, seu relacionamento com Camilla, uma garçonete que conheceu em um bar e por quem Arturo se apaixonou, seria cheio de desavenças e idas e vindas. Mas também foi por causa desse relacionamento estilo amor bandido, que pude perceber que Arturo evoluiu ao menos um pouquinho, quando parou de olhar só para si e precisou cuidar de alguém. No final do livro, meu nível de simpatia por Bandini aumentou consideravelmente.

"- Arturo - falou. - Por que brigamos o tempo todo?" (página 142)

"- Vai se encontrar comigo! Sua insolente empregadinha de cervejaria! Vai se encontrar comigo!" (página 133) Arturo Bandini ensinando como não conseguir um encontro com a pessoa por quem se está apaixonado.

A escrita do autor é realmente boa, a leitura dos capítulos fluía com facilidade, os personagens foram bem construídos e eu conseguia me sentir dentro da história. E, confesso, não era possível odiar Bandini completamente, afinal, seu amor pelas palavras e suas tentativas de fazer jus a seu título de escritor eram cativantes e contagiantes.

Como disse anteriormente, a capa é linda! O título e o nome do autor estão em alto-relevo. Há pouquíssimos erros de revisão, as páginas são amareladas e bem grossas, a diagramação traz letras e espaçamento de bom tamanho, as margens externas são um pouco pequenas, mas nada que atrapalhe a leitura.

"Assassino ou barman ou escritor, não importava: seu destino era o destino comum de todos, seu fim o meu fim; e aqui, nesta noite, nesta cidade de janelas escuras havia outros milhões como ele e como eu: tão indistintos quanto folhas de grama. Viver já é duro. Morrer era uma tarefa suprema." (página 150)

Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Fica a sugestão para quem quiser conhecer a escrita de John Fante, escritor que influencio autores como Charles Bukowski (é dele o prefácio do livro), sugiro também para quem quer viajar no tempo até os anos 1930, quando a segunda guerra mundial estava apenas começando e para quem gosta de livros com personagens escritores.

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/01/resenha-livro-pergunte-ao-po-john-fante_26.html
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