Vitória 21/07/2023
Vamos lá falar de mais um livro não tão bom assim, porque parece que ultimamente só os hots tem o poder de me agradar. Como a grande maioria das pessoas, eu conheci Forrest Gump por meio da adaptação com o Tom Hanks, que assisti ainda quando era criança. Tenho uma tia, a grande responsável pelo meu amor pelo cinema, que me colocava pra ver qualquer coisa que ela assistisse, e que se lasque a classificação indicativa. Devido a esse fato de ter visto o filme pela primeira vez tão nova, acho que ele me encantou por ter mudado a cada vez que eu reassistia. Todo ano eu entendia uma coisa nova da história do Forrest que antes me passava despercebida, foi quase como se a história crescesse junto comigo, e isso me fez ter um carinho gigantesco por esse filme.
Quando a Aleph anunciou a publicação desse livro, eu sabia que tinha que lê-lo. E preciso aplaudir a editora ao menos nesse aspecto. Lembro que na época do lançamento o livro hitou por causa da edição, diferente de tudo o que a gente normalmente vê no mercado brasileiro, e realmente, no tempo em que ela passou aqui (sim, passou, porque eu mandei embora antes mesmo de conseguir escrever esse comentário, foi um recorde) ela foi uma das mais bonitas da minha estante. Mas, tirando isso, não fica quase nada. Eu passei anos com esse livro parado aqui, porque depois de um tempo começaram a pipocar resenhas de um pessoal que não gostou tanto assim, e que falava que o filme era infinitamente superior ao livro, e eu acabei me tornando uma dessas pessoas.
O tom do livro é completamente diferente do filme. Enquanto na adaptação a gente tem um Forrest inocente, que enxerga sempre o melhor das pessoas, e acaba entrando em umas situações mirabolantes por causa disso, aqui nós temos um personagem que tem certa condição diferente, isso é claro, mas que não é descrita pra nós com um nome, nem explicada, até porque acho que esse não era o objetivo. O grande ponto é que o Forrest do livro não é uma pessoa inocente, e entra sim em várias situações mirabolantes devido a essa condição que ele possui, mas todas elas servem como uma sátira e uma crítica por parte do autor às grandes instituições estadunidenses, como o exército, a NASA, o governo e as instituições de ensino. Por causa desse tom diferente do personagem, toda a história ao redor dele também muda. Enquanto no filme temos um drama carregado, aqui o peso é bem menor, e daria até pra tirar umas boas risadas dele, mas eu não consegui, porque não consegui me adequar àquilo que a história tinha pra me entregar.
Não sei se isso tudo se deve ao fato de eu ter tanto apego ao filme (que, a propósito, tem anos que eu não assisto, e justamente por não estar com aquela obra fresca na minha cabeça decidi que essa seria a melhor hora pra entrar no livro, mas nem assim deu certo) eu não consegui me conectar com um Forrest completamente oposto àquele que eu conheci a minha vida toda, mas a verdade maior é que não funcionou. Eu ficava o tempo todo esperando que alguma cena do filme se repetisse aqui, porque temos sim alguns trechos semelhantes, mas toda vez que eu batia com a cabeça na parede e isso não acontecia, eu me frustrava. Não consegui me apegar ao Forrest, e entendo que o autor não gostou do filme, porque agora eu consigo perceber que a obra dele foi quase que completamente descaracterizada ali, mas o filme vai continuar sendo o meu favorito. Não tenho interesse em retornar pra essa obra, nem pro autor, então assim que eu concluí a leitura coloquei o livro à venda, e hoje mesmo eu mandei ele embora. Quero só esquecer dos dias que passei enrolando com esse livro porque não consigo abandonar nada (essa é a minha triste sina), mas também não tinha vontade nenhuma de continuar a leitura.