Desonra

Desonra J. M. Coetzee




Resenhas - Desonra


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Dudu Menezes 10/04/2023

Os nossos esforços valem a pena?
Acabo de ler Desonra, do escritor africano John Maxwell Coetzee. A história, em si, é bastante simples. Não fossem as entrelinhas...

Um professor, de 52 anos, que acaba se envolvendo com uma aluna mais jovem e vê sua vida mudar completamente, após a repercussão negativa do fato, que o faz pedir demissão.

Ele acaba indo passar um tempo com a filha, Lucy, em um assentamento, na zona rural, desencadeando, a partir daí, uma série de acontecimentos que nos provocam a refletir sobre a realidade da África do Sul, no pós-apartheid.

Um homem que se divorciou duas vezes e se interessa por relacionamentos passageiros, sendo um grande admirador de Lord Byron.

Ele terá como principal interlocutora sua filha, já adulta, independente, e que procura viver sua própria vida, afastada, mesmo correndo os riscos de estar só em uma fazenda, desde que a sua companheira, Helen, a deixou. Lucy tem apenas a companhia dos cachorros que cuida, em seu canil particular, e se ocupa plantando alimentos para comercializar na cidade mais próxima.

Tomando este pano de fundo, o livro trata de uma série de conflitos - sejam de classe ou existências. Questiona o que convencionamos chamar de "relacionamentos amorosos", trazendo questões familiares importantes de se refletir, em um contexto em que a violência ainda se impõe como balizadora dos conflitos entre negros e brancos.

É interessante como o autor amarra a própria história ao papel transformador da obra de arte e usa a erudição do narrador como elo de ligação entre o que ele está vivenciando em sua vida pessoal e o seu objeto de trabalho intelectual, mostrando a dupla influência que é exercida nos diferentes espaços da experiência humana.

Tudo que fazemos sofre uma influência recíproca, porque estamos numa busca permanente por encontrar um sentido para a vida. E o que fazemos ao perceber isso? Inventamos um "objetivo a ser alcançado" ou um "papel social a ser cumprido". Pode até funcionar por um tempo. É o que nos resta, afinal; pelo menos até compreendermos que todo esforço pode ser, também, uma forma de desistência...

#desonra #cooetze #livroslidos #resenhasliterárias
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Felipe1503 09/04/2023

Um bom título pra passar raiva
Nenhum personagem é carismático, inteligente ou simpático. São simplesmente humanos. Humanos até demais, dentro de uma realidade cultural imensamente diferente da minha.
Apesar de tudo é um livro muito bem escrito e dá pra entender o porquê do prêmio nobel.
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Val 23/02/2023

Desonra, uma reflexão sobre o que nos honra na vida.
Apesar de sabermos, até vulgarmente, que cada ser é feliz à sua maneira, para o freguês regular de uma meretriz na Cidade do Cabo, “nenhum homem é feliz até morrer”, como na última fala do coro de Édipo. E assim, nesta atmosfera, temos o início do intrigante romance Desonra do consagrado escritor sul africano J. M. Coetzee, laureado com o Nobel de Literatura em 2003, e premiado na França, na Irlanda e em Israel; foi o primeiro autor agraciado duas vezes com o Man Booker Prize.
E a felicidade do professor protagonista, encontrada somente nos momentos de alcova com suas conquistas - ou com qualquer outra mulher, pois ele não tem limites - é suspensa quando, arrogante, é desmascarado pelo seu próprio círculo de trabalho.
O excêntrico protagonista sempre esteve cercado de mulheres desde a infância. É um mulherengo incontrolável e Coetzee, inspirado num poema do britânico Lord Byron, cria um enredo brilhante para este incontrolável namorador, um “espírito errante” como na composição byroniana.
Num momento de confronto entre a obra do poeta e esta do romancista, cria-se um ato de colisão do personagem de Byron com o de Coetzee, e é intenso e primoroso. Revela também aqui, sem dúvidas, a genialidade literária do autor. Como o Lúcifer do poeta, o protagonista de Coetzee não age por princípios, mas por impulsos.
E, mais uma vez, um literato traz à baila o degenerado jeito de ser da imprensa moderna: baseado num pretenso fato, traçar narrativas para demolirem-se reputações. Tudo para, irresponsavelmente, garantir audiências e visualizações e, portanto, verbas publicitárias para sobrevivência da corrosiva mídia. Segundo o texto, os jornalistas agem como “caçadores que encurralaram um animal estranho e não sabem como acabar com ele.”
Finalmente, depois de longa procrastinação, o protagonista inicia ensaios para escrever uma ópera sobre Byron na Itália. O que alcança, consciente ou não, são encenações de flashes de sua própria vida como se fossem as do poeta, mudando apenas os personagens e os lugares. E como sua vida, fica incompleta. Assim, como tudo em sua existência, deixa de viver a felicidade, mesmo antes de morrer, corroborando o pensamento de Sófocles.
O livro é uma lição literária e o texto conciso de Coetzee torna-se mais mordaz quando se embrenha nas relações branco-negros no pós-apartheid envolvendo a família do professor, em partes marcantes e decisivas do livro. A violência percorre toda a obra deixando suas marcas tóxicas nos principais relacionamentos e nos abusos, sejam de pessoas ou de animais.
Envolto em sua teimosia e arrogância, o protagonista caminha para a velhice percebendo-a verdadeiramente num confronto direto com sua vida, em uma encruzilhada que lhe ocorre quando tenta conviver com a filha. O que construiu de sólido? E esta é a grande reflexão que a obra nos leva a fazer sobre nossas próprias vidas. Principalmente aos que já suplantaram a chamada meia idade. Somos honrados? O que nos restou de tudo o que fizemos?
Valdemir Martins
20.02.2023

Obs: Mesmo não tendo a menor sombra de preconceito em seu texto, o livro teve uma forte repercussão na África do Sul, apenas por abordar a existência de conflitos ainda como ranço do apartheid, obrigando Coetzee a abandonar sua terra natal e se estabelecer em Adelaide, na Austrália.


site: https://contracapaladob.blogspot.com/
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Daianebcs 18/02/2023

Além do tão óbvio tema central do abuso sexual o livro trás toda a construção do pensamento machista, do uso da força para se conseguir espaço mas também a reflexão sobre o envelhecer, essa talvez seja a parte bonita e poética da narrativa. Aceitar e desistir do que já não lhe cabe mais.
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Sara @desanuvie 09/02/2023

Talvez os protagonistas que me causam raiva sejam os mesmos que me fazem ter prazer na leitura.
Lurie é tão real que pude vê-lo como um conhecido, de atitudes insensatas e erradas com a desculpa arrogante de " sou assim". Durante toda a narrativa senti raiva, até nos breves momentos de sensatez, senti que não havia salvação. Ao conhecer sua filha, acreditei que ali havia algo a ser aprendido, não por mim mas por ele. De forma torta, me mostrando ser mais filha do que eu poderia imaginar, ela ensinou, não sei se o certo, mas quem sabe o que é?
Ao fim senti que ali poderia ter algo, que talvez um "cachorro velho possa aprender truques novos", mas não há continuidade, como tudo na vida.
Porém, se houvesse, correria pra ler, pra conversar novamente com esse velho soberbo que aprendeu, sem talvez aprender, mais com os erros dos outros do que com seus próprios erros.
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anythgs 22/01/2023

tava lendo um livro ou estava no ufc?
Eu li esse livro e tive um mix de emoções que nunca senti: raiva, empatia, ódio (muito ódio), nojo e muita dor. É uma história que te incomoda e incomoda porque tu sabe que é assim, as coisas acontecem exatamente assim e tu se sente como o David, preso no banheiro enquanto a filha é estuprada sem fazer nada. Dói se sentir impotente, dói ser mulher e dói entender como é viver nesse tipo de ?sociedade? que nos é apresentado no livro. É Coetzee, você realmente me incomodou, obrigada por isso.

obs: na última página quanto a bev pergunta: foi o último? e ele diz: ?tem mais um? e tu sabe o que vai acontecer, foi como se tivesse me dado um murro no estômago. Já fiquei sem chão no final de alguns livros, mas esse me deixou com um amargo na boca :(
Marcianeysa 06/02/2024minha estante
Chorei horrores no fim




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Victoria 25/12/2022

Forte
O livro que escolhi para representar a África do Sul foi Desonra, de J. M. Coetzee. Confesso que tive grandes expectativas para essa leitura, já que o autor é ganhador do Nobel e o livro recebeu diversos prêmios.

O romance conta a história de David Lurie, um professor de literatura que cai em desgraça após ter um caso com uma aluna. Acusado de abuso, é expulso da universidade e viaja para passar uns dias na propriedade rural da filha, Lucy, onde se depara com a brutalidade e o ressentimento da África do Sul pós-apartheid.

É interessante acompanhar a mudança de perspectiva de Lurie, um professor universitário de uma cidade grande, que vai morar no campo e precisa enxergar o mundo de uma forma um pouco mais coletiva. É no interior que ele tem contato com pessoas simples, mas ao mesmo tempo complexas, que o fazem questionar sua visão de mundo.

Assim como ocorreu com a maioria dos livros do projeto até aqui, Desonra não é uma leitura fácil. Utilizando as palavras de uma seguidora, esse romance é ?pesado igual um tijolo no peito?. Apesar da linguagem econômica e dos personagens comuns, o autor aborda inúmeras questões polêmicas e importantes, como sexualidade, racismo, violência, maus tratos a animais, abuso sexual. Se você for sensível a algum desses temas, recomendo que tenha cuidado ao ler esse livro.

Apesar dos tópicos sensíveis e fortes, a leitura fluiu muito bem e consegui terminar o livro dentro de 2 ou 3 dias, pois fiquei muito presa à história e curiosa sobre o que poderia acontecer. O final é perturbador, mas muito coerente com o restante da narrativa.

É um livro que recomendo, mas com ressalvas devido aos temas sensíveis abordados. Se você procura algo que te tire da zona de conforto e ainda proporcione um bom entretenimento, leia Desonra (e depois me conte o que achou).

Lendo um livro de cada país do mundo e postando sobre no meu instagram: @livrajar
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Aylane Nunes 28/11/2022

Interessante mas deixou a desejar...
O meu interesse por esse livro foi por ter sido uma obra premiada e ainda assim, senti que faltou um pouco do contexto histórico que deveria ser retratado.
Tem cenas difíceis e que me deixaram envolvida com o enredo e as partes que menos gostei foi de quando o personagem fala da escrita sobre Byron.
Vale a leitura para tirar suas conclusões.
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Henrieth Hasse 21/11/2022

O livro não é sobre uma grande lição, do tipo " não faça para o outro o que não gostaria que fizessem pra ti mesmo". Seria banal descrever dessa forma, mas não seria errado, porque também pode ser sobre isso.
Acompanhar a intensidade do amadurecimento dos personagens, sua submissão e entender que nem sempre as melhores respostas são as certas. Foi isso que aprendi.
Brilhante! Vale a pena ser relido.
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Thiago 06/11/2022

Denso, cru, apático.
A narrativa contém temas pesados como morte, abuso, divisão de classes e hierarquia. Te faz questionar sobre empatia, perspectivas de vida diferentes e até que idade estamos abertos à mudanças?
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fabio.orlandini 29/10/2022

Triste
Achei que o livro seria mais pesado, tenso. Tem dois acontecimentos que são bem dramáticos, mas a leitura flui. Gostei do livro, entretanto, senti que algo faltou. Mas, recomendo.
@farmaciadelivros 24/03/2023minha estante
Terminei agora de ler. Realmente faltou um fechamento.




@limakarla 24/10/2022

Perturbador e conflitante.
Eu já imaginava que seria uma leitura desafiadora, mas não sabia que seria tão, tão desafiadora. Ao mesmo tempo que eu sentia ódio do protagonista, tinha vontade de brigar, gritar, matar um, eu também não sentia vontade alguma de largar a leitura e assim fomos do início ao fim.

No início, imaginamos que a discussão central do livro seria a jornada do Lurie após ser acusado de abusar de uma de suas alunas, mas o livro amplia muito mais a discussão e deixa MUITO no campo do não-dito, então ao mesmo tempo que inúmeras discussões como abuso sexual, racismo, relações parentais, nós nunca vemos uma grande aprofundarão ou alguma resposta para tantos questionamentos.

É uma leitura intenso, cheia de gatilhos para muita gente, mas que te deixa desconfortável o tempo INTEIRO. Não consigo explicar o motivo de ter gostado tanto dessa história, dessa narrativa, mas enfim, amei.
renneboldo 24/10/2022minha estante
Fiquei desse jeito. Muito foda




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