Thais 06/12/2011Mais e mais do mesmo...Marcada e toda a série House of Night é uma daquelas coisas que tem os grupos bem definidos: os que amam e os que odeiam. Eu queria muito fazer uma resenha sobre esse livro como um daqueles textos críticos e super profissionais que vez ou outra aparecem por aqui; mais ainda uma cuja avaliação não fosse tão tendenciosa, mas infelizmente vou ficar devendo nesse aspecto, pelo simples fato de estar devida e imovelmente encaixada no segundo grupo de pessoas que não suportaram essa série.
A história todo mundo sabe. E mesmo que você não saiba, inconscientemente já sabe, porque ela está longe de ter alguma novidade. E essa é a primeira bola fora das autoras: a profunda falta de criatividade. É impressionante a quantidade de clichês que têm nesse livro. Imagine um filme estadunidense bem focado no tipinho adolescente de high school americano. Acrescente alguns gramas de vampiros e generosas colheradas de bruxaria (em caso de falta, macumbas e mandingas podem ser substitutas). Pingue gotas de essência de Gossip Girl, Harry Potter e Zoey 101 à gosto e leve a uma gráfica. Espere ficar no ponto e pronto! Está aí o seu mais novo best-seller! Piadinhas à parte, vamos aos defeitos: o linguajar adolescente forçado que as autoras tanto trabalharam, tentando, em vão, fazer com que os jovens se identificassem é uma das zilhões de coisas que me irritam nesse livro. É o tempo todo a idiota da protagonista falando gírias e "palavrões", citando elementos da cultura pop, programas da MTV, óculos Ray Ban (sem esquecer a ênfase em ele ser de nerd), emos, camisetas com frases da modinha e um maldito de um fusca vintage que a tal da Zoey se orgulha em ter, justamente por ser vintage e ela achar que está na nata da moda usando um carro de 4 décadas atrás. Um conselho a todos os autores maiores de 40 que querem escrever para adolescentes: NÓS NÃO VAMOS COMPRAR O SEU LIVRO POR TER UM VOCABULÁRIO QUE VOCÊS ~ACHAM~ QUE A GENTE USA! Acho que mais clara que isso, impossível.
Segundo probleminha da imensa lista de imperfeições é a constante menção em marcas e pessoas famosas para a protagonista e o livro parecerem legais (Abercrombie, Coca-Cola, Gossip Girl, os peitos da Pamela Anderson, a beleza do Ashton Kutcher, o celular que toca Madonna e por aí vai). Não que eu tenha algo contra esse tipo de notificação, mas peraí né, tudo tem limite. É louvável até o momento em que tange a linha do forçado, e, nesse caso, essa linha foi mais que ultrapassada.
A terceira coisa é o fato de ter uma protagonista completamente vazia e idiota. Ela não cativa, tem uma cabecinha imatura e fútil pra idade dela (olha que eu só sou um ano mais velha, eu com 16 anos não era idiota assim), tá sempre muito preocupada em se encaixar - meu Deus! você acabou de virar uma vampira que pode fazer um milhão de coisas e acontecer mais outras duas milhões de coisas na sua vida e você só está preocupada em ~se adaptar~ e não ser uma novata bizarra para seus novos amiguinhos??? - ela tenta ser engraçada com piadinhas que a pessoa tem que fazer muito esforço pra saber que se trata de uma piada e não tem atribuições que fazem o leitor torcer por ela ou sentir sua força, embora ela esteja, ao que me parece, desde muito tempo, destinada a ser uma grande vampira.
O que me leva a um outro defeito (eu disse que tinham muitos) e que eu fiz uma força enorme pra não considerar, mas já que não fui a única a perceber, vou falar logo: Harry Potter was fucking there. Achei que esse negócio de ficar catando semelhanças com HP fosse paranoia minha, mas é impossível não comparar. É o seguinte: assim que o antes humano, agora vampiro é Marcado, ele vai pra uma escola de "vamps" (espero sinceramente que isso seja apenas mais uma das miseráveis traduções para o português), cuja direção é orientada pela Grande Sacerdotisa, uma vampira experiente, sábia e poderosa (alguém chamou Hogwarts e Alvo Dumbledore aí?), a Zoey tem uma Marca na testa que arde quando ela se sente em situações de perigo (preciso comentar?) e ela é a garota especial que foi dotada de poderes extraordinários para uma mera caloura de 16 anos (parei por aqui!).
Sem contar a temática chavão de vampiros (na verdade, disso tem muito pouco), as personagens mal elaboradas e extremamente irritantes tipo a amiga retardada da Zoey, Kayla, as amigas que ficam se chamando de "gêmeas" o tempo todo e a ênfase no fato de uma ser negra e a outra loira, a também insitência em deixar claro que o amigo gay delas era gay, o enredo mais que batido da patricinha malvada que se acha, o gay rejeitado que gosta de moda (tem coisa mais clichê que isso?????) a caipira com sotaque carregado, o menino gato que come a patricinha e etc, etc, etc. O desenrolar da história é sem rumo algum, você lê 15 capítulos e absolutamente NADA acontece! A história era tão de merda que as autoras, pra não fazerem um livro de 50 páginas (porque se você enxugar, o útil é só isso mesmo), repetem tudo, descrevendo, nos mínimos detalhes, nada menos que QUATRO rituais! Nem preciso dizer que eu não li todos. A única coisa emocionante do livro inteiro acontece no penúltimo capítulo, mas foi tão mal construído que nem pra receber duas estrelas aquilo serviu.
A única coisa que dá pra olhar com bons olhos é a concepção repaginada dos vampiros, embora eles tenham perdido totalmente sua essência. Achei legal a ideia de misturar conceitos e culturas diferentes para criar um mundo novo, mas ficou um tanto exagerado, como li uma vez por aí, tá mais pra um "samba do wicca doido".
Eu poderia ficar elaborando por horas diversas teorias de como as Cast conseguiram se arrastar por tantos volumes e vender tantas cópias. Talvez com aquelas macumbas que elas descrevem no livro, quem sabe? Honestamente, esse livro não vale a pena. Principalmente se você tem um gosto mais refinado para livros. Algumas pessoas já disseram que só leram os outros volumes por curiosidade, para saber até onde a história vai, ou se ao menos ela melhora. Eu posso dizer que, pela prévia que eu li do segundo volume que vem anexada ao primeiro, isso tende ao fracasso, sempre com mais e mais defeitos que sobrepujam a história (não que ela seja boa) e, mesmo que Marcada tenha terminado com um mistériozinho pra o leitor descobrir nos próximos volumes, eu não tenho a mínima intenção de perder mais tempo e dinheiro nesse lixo, ops! livro.