O cheiro do ralo

O cheiro do ralo Lourenço Mutarelli




Resenhas - O Cheiro do Ralo


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Felipe Duco 08/11/2016

ESSE PROTAGONISTA EM UM GOSTO LITERÁRIO QUE É ÓTIMO
Estilo de escrita absolutamente original e que pode causar até um estranhamento no início, mas que a gente rápido se acostuma. Fiquei me perguntando, nas primeiras páginas, se aquela forma de narrativa ia se sustentar até o final, se não ficaria cansativa, dada a repetição de ações e acontecimentos, MAS NÃO! NÃO FICOU! Tudo acontece no ritmo que tem que acontecer. Os persongens são o ponto alto do livro, bizarros demais, tais como: uma caveira peluda, uma bunda sem rosto, um louco que rasga dinheiro, um pai iventado sendo montado através de partes que são compradas pelos clientes desesperados. Os termos são agressivos, rasgados, fortes e a maneira como o autor lida e narra os sonhos ou as paranóias são de encantar. Aaaah! E sem contar as recomendações literárias indiretas que temos ao longo da história! Esse protagonista sem nome tem um gosto pra livro que é ótimo, viu.
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renatanaestante 30/08/2016

O cheiro do ralo
Há alguns meses baixei um filme chamado O Cheiro do Ralo. Depois descobri que era uma adaptação, então decidi ler primeiro.
O livro fala sobre um homem que compra quinquilharias e as vende mais caro. E o título vem do cheiro ruim que vem do ralo do banheirinho em seu escritório. O personagem é irritante, machista e ranzinza. Até aí, nada de muito novo, mas o que surpreende no livro é a narrativa peculiar de Lourenço Mutarelli. Os personagens do livro não tem nome, nenhum deles e não são descritos fisicamente. As cenas também não são muito descritas e não existe uma pontuação comum como aspas e travessão nos diálogos, na verdade muitas páginas são como poemas, apesar de não haver rima, outras são como prosa.
Dos livros de literatura, é o que li mais rápido e que me interessei mais.
Recomendo para quem gosta de livros como os de Charles Bukowski, eles são bem parecidos.
Agora só resta ver o filme.

site: https://www.instagram.com/p/BJnjAIajKG6/?taken-by=renatanaestante
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Candice 30/03/2016

Personagem duro, cético, inteligente, que vê uma vida que ninguém vê. Tipo do homem amigo ranzinza, que dá gosto sentar na mesa de um bar e beber uma cerveja pra partilhar do seu pessimismo - que no livro não é articulado verbalmente (é mais sentido por ele do que explanado) -, do seu humor, do seu lado azedo diante das pessoas e da vida.

Logo você percebe que ele não é tão insensível, não; traz um olhar apurado de algumas questões da humanidade. Tem umas ideias ótimas e realistas, como essa da busca.

Usava autores para abordar assuntos e vir à tona seus pensamentos. O da busca foi Borges, trata do eterno "não-ter", que prega que enquanto não temos/possuímos um objeto ele tem cor, forma, sentido etc. Quando passamos a ter esse objeto, ele se torna apenas mais alguma coisa como tantas outras que temos - perde a veneração que tínhamos, a vontade inicial, o desejo. (Para objetos e pessoas: pra ele talvez não houvesse distinção entre um e outro). A graça é a busca.

É um cara do tipo esquisito, que se entrega ao seu eu e aos instintos por mais estranhos que sejam, que age como quer sem se preocupar com o que vem. Todos nós seríamos assim autênticos se não fosse o medo do julgamento, da punição, e por vezes o medo do desconhecido - tipo o término cruel do noivado, a veneração da bunda alheia, a compra da nudez deplorável, tipo o cheiro do ralo.

ps.: capricho de edição.
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Our Brave New Blog 25/02/2016

RESENHA O CHEIRO DO RALO - OUR BRAVE NEW BLOG
Migrar de uma mídia para outra não deve ser fácil para ninguém. Já vi muito escritor chegando aos quadrinhos e fazendo coisas horrorosas, quadrinistas pegando uma câmera e matando obras que tinham tudo para dar certo (sim Frank, é você mesmo) e uma quantidade inacreditável de cantores que acham que atuar em filmes é o mesmo que atuar em clipes de música, entre outros. Contudo sempre existe a exceção da regra, e Lourenço Mutarelli quebrou a regra em níveis épicos.

Quadrinista que migrou para os livros, Mutarelli já em seu primeiro livro mostrou com o Cheiro Do Ralo que a visão vinda de outra área da arte pode fazer coisas realmente originais. No meio das HQs ele já é considerado um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempo, tendo uma de suas graphic novels escolhidas para estar no livro 1001 Comics You Must Read Before You Die (que ainda não saiu no Brasil), onde apenas cinco obras brasileiras entraram.

Vamos à sinopse: nosso protagonista sem nome é um comprador e revendedor das tralhas que as pessoas oferecem a ele, e nesse lugar onde ele trabalha, o ralo do banheirinho quebrou, fazendo-o ficar sempre constrangido e dizer que o cheiro vem do ralo e não dele. Num belo dia, o personagem fica fascinado e obcecado na bunda da garçonete do barzinho que ele vai e fica fazendo planos para comprá-la, enquanto o cheiro do ralo mexe cada vez mais com a sua cabeça.

Quando você abrir a edição lindíssima da Companhia das Letras (CORTE MOLESKINI MLK PQ SÓ OS MESTRES TEM ESSE DIREITO) em uma página aleatória, vai achar que comprou uma obra de poesia e ninguém te avisou. É impressionante pensar que logo no primeiro livro Mutarelli consegue fazer um estilo de escrita muito autêntico e até mesmo inclassificável. Algo como uma mistura de teatro com fluxo de consciência. Eu sei, parece totalmente impossível fazer uma coisa dessas, mas ao mesmo tempo em que a narrativa é rápida e pouco descritiva (nem nome os personagens tem), tudo sempre é pontuado com o que está se passando na mente do nosso perturbado herói. Junto com a escolha certeira de palavras, o texto parece poesia pura. Um dos melhores escritores da atualidade sem sombra de dúvidas.

RESENHA COMPLETA NO SITE!!

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/o-cheiro-do-ralo-por-lourenco-mutarelli
Regi 27/02/2016minha estante
Ah, então quer dizer que O Cheiro do Ralo é um livro que originou o filme. O filme é nota 10! O livro é sensacional?




Victor 11/02/2016

O Cheiro do Ralo - Our Brave New Blog
Resenha completa no Link

"Migrar de uma mídia para outra não deve ser fácil para ninguém. Já vi muito escritor chegando aos quadrinhos e fazendo coisas horrorosas, quadrinistas pegando uma câmera e matando obras que tinham tudo para dar certo (sim Frank, é você mesmo) e uma quantidade inacreditável de cantores que acham que atuar em filmes é o mesmo que atuar em clipes de música, entre outros. Contudo sempre existe a exceção da regra, e Lourenço Mutarelli quebrou a regra em níveis épicos."

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/o-cheiro-do-ralo-por-lourenco-mutarelli
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Thiago 04/01/2016

Livro: O Cheiro do Ralo
Autor: Lourenço Mutarelli
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 184

Este foi meu primeiro livro do Lourenço Mutarelli. Na verdade, meu primeiro contato com algo produzido por ele, e devo dizer que foi "fãnzisse" à primeira leitura.
Sabia que ele tinha alguns quadrinhos, mas fui direto nesse livro somente por haver um filme (que ainda não vi) baseado na obra. Pensei: "deve ser bom". Acertei.

O autor tem uma estilo de escrita assertivo.
Curto e grosso.
Direto ao ponto.
Sem firula.
Sacou?
Por isso a leitura é uma enxurrada de informações e referências a livros, músicas, filmes, etc. Mas tudo está no seu lugar. Nada é forçado ou artificial, pelo contrário, os olhos vão deslizando e quando se dá conta, acabou o capítulo. Dinâmica pura, caro leitor.

"Mas não basta o estilo ser excelente se a história não acompanhar" diria aquele professor de literatura ranzinza sentado em sua poltrona de veludo verde.
Pois bem, n'O Cheiro do Ralo a história quase não existe. Acompanhamos o dilema do protagonista entre: a "fedentina" do banheiro dos fundos de sua loja de usados, e a tara na bunda da garçonete de um buteco. Entrecortado pelas histórias das figuras que entram na loja para vender cada coisa... tem desde um olho de vidro, até artigos do tempo do onça. Tudo isso parece meio bobo, sem pé nem cabeça né? Pois então. Nas mãos do Lourenço Mutarelli, o livro toma forma e agrada do começo ao fim. Não é só uma leitura. É um entretenimento no seu mais alto nível, que me arrancou algumas deliciosas risadas.

Já li muitas histórias originais que me impressionaram, mas poucas foram as vezes que senti, enquanto lia, que tinha nas mãos algo verdadeiramente novo.
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Liandra Schug 17/09/2015

“Será que todos os labirintos sempre tem uma saída?”
Um narrador sem nome apaixona-se por uma bunda e o cheiro do ralo do banheirinho que fica em seu escritório torna-se sua nova fascinação, a partir destes dois elementos extremos na vida do narrador-personagem (a bunda um highway to heaven e o ralo highway to hell) Mutarelli estreia nos romances literários de um jeito todo seu. A história é dividida em capítulos e narrada em primeira pessoa, o autor é sucinto e parece acreditar fielmente naquele velho ditado que diz “para bom entendedor, meia palavra basta”. As descrições parecem advir duma peça de teatro, a maioria das cenas começam com “Ele entra.” ou “Ela entra.”, as sentenças são quase todos curtas, o que dá além de um ritmo para a leitura também um certo ar poético em muitas passagens. É interessante também notar que o autor não distingue as falas dos pensamentos do personagem, o que acaba deixando algumas cenas a mercê da interpretação do leitor. Contamos também com uma enxurrada de referências tanto diretas quanto indiretas, em alguns momentos são livros que o personagem está lendo outros são apenas complementos do pensamento do mesmo; programas de TV; filmes, etc. Alguns deles são: Paul Auster, Steinbeck, Glauco Mattoso, Valêncio Xavier, Kafka, Oscar Wilde, Albert Camus, Machado de Assis, Jorge Luis Borges, entre muitos outros. Nosso protagonista tem uma loja que compra e vende quinquilharias, numa dessas vendas ele adquire um olho de vidro e fica fascinado pelo mesmo. Começa então a contar histórias para seus clientes que aquele era o olho de vidro do seu pai que morreu na segunda guerra mundial, mentira, lógico. Ele tem vários problemas com relacionamentos, não gosta e nem nunca gostou de ninguém, no fim as mulheres são todas iguais e convites [de casamento] já estarão na gráfica quando você menos esperar; foi assim que acorreu com sua ex-noiva. Durante a trama ele se envolve de maneiras bem peculiares com diversas mulheres, no geral conseguia isso ofertando dinheiro. Aliás, a crítica em relação à adoração e submissão das pessoas para com o dinheiro é fantástica. E o ralo? O ralo fede, nosso protagonista acaba criando uma relação bem inusitada de prazer com o cheiro fétido do banheirinho. Todo o seu lado asqueroso, obscuro e infernal salta pelo ralo para o mundo para incomodar e ser um verdadeiro estorvo inconveniente para outrem. A bunda? A bunda até tem nome, mas é impronunciável; é uma mistura do pai, da mãe e algum artista da TV. A garçonete que leva toda sua abundância pelo mundo acaba se vendendo pelo mesmo que todos os outros personagens, dinheiro; mas apenas para ser olhada. Aquela bunda que poderia ser olhada por uma semana inteira. Vamos até o interior mais podre, nojento e indesejável do protagonista, vemos a mesquinhez e a ganância das pessoas de uma forma muito bem enjambrada. Cheguei a palpável conclusão de que o mundo é um ralo e nós fedemos por ele.

site: http://literaturamecanica.blogspot.com.br/
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Gláucia 17/03/2015

O Cheiro do Ralo - Lourenço Mutarelli
Não sei exatamente o que pensar sobre o livro pois tem vários ingredientes que não gosto. O protagonista é extremamente detestável: trata-se de um entediado homem na casa de seus 30 anos, dono de um estabelecimento comercial que compra e vende artigos usados. Não gosta de ninguém e sente um grande prazer em explorar os fregueses que o procuram, até que se apaixona loucamente pela bunda da garçonete do pé sujo onde costuma comer.
Narrado em primeira pessoa sob a forma de frases curtas e secas tem passagens divertidas por conta do caráter egoísta e sádico do protagonista com o qual não consegui me sintonizar em momento algum. O autor vai traçando um paralelo entre seu objeto de desejo e um ralo fétido e entupido que empesteia seu local de trabalho e torna-se uma verdadeira obsessão para ele. Ponto para Mutarelli que conseguiu beirar sem cair na escatologia.
Em uma palavra: bizarro.
Krishna.Nunes 17/03/2015minha estante
Eu assisti ao filme com Selton Melo, mas não tinha atentado que era baseado num livro.


Gláucia 17/03/2015minha estante
Gostou do filme?


Marcia Cogitare 17/03/2015minha estante
hahahaha, adoro a bizarrice do Muta


Gláucia 17/03/2015minha estante
É um livro bem estranho, me diverti com várias passagens, o cara é muito escroto. Gostei de ter lido pois sempre ouvi falar e apesar de não ter achado o máximo foi bom conhecer.


Marcia Cogitare 17/03/2015minha estante
Vc tem razão, é bacana conhecer, mesmo que não curta tanto


Krishna.Nunes 17/03/2015minha estante
Gostei muito!




Paulo de Sá 08/09/2014

Fascinante
A leitura prende até o fim, as tiradas do personagem são fantásticas, apesar de não ter nenhum caráter ele consegue conquistar a empatia do leitor. Os fluxos de consciência bem costurados quase nos convencem de que aquela loucura pode fazer sentido. Para mim o melhor trecho do livro: "As mulheres são todas iguais, você tenta ser gentil e elas já vão mandando o convite para a gráfica."
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Ogro 02/02/2014

A vida é dura
Um dono de uma loja de produtos usados, cujo prazer é humilhar as pessoas que vêm vender seus objetos pessoais , que não ama ninguém mas apaixona-se pela bunda de uma garçonete. E que passa o tempo todo cercado pelo cheiro do ralo entupido que vem do banheiro , cheiro esse que parece permear toda a existência e todos os relacionamentos do personagem.

É um livro seco, de frases curtas, que retrata a miséria de uma certa camada da população e que fascina pela composição do personagem , seu total isolamento emocional e suas atitudes abjetas - tal semelhança só vi até hoje em Os Ratos do Dyonelio Machado; só que enquanto este último era odioso pela sua abjeção o primeiro é odioso pelo prazer que sente em humilhar e em tornar todas as pessoas em objetos,como aqueles que ele compra e vende.

Para quem assistiu o filme , pode-se dizer que ele foi bastante fiel ao livro, tirando-se o personagem principal - o personagem é sempre comparado "àquele ator do Bombril" - aliás o próprio autor participa do filme como o segurança da loja - mas o livro apresenta um profundidade muito maior ; se no filme o sentimento que o Selton mello gera é o de um babaca a quem você mandaria pastar na primeira , no livro você tem vontade de socar o personagem.

A vida é , mesmo, dura.
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Alexandre 14/01/2014

um livro de FRASES
Um enredo simples. Trata-se do quotidiano de um comprador de antiquários que entra numa crie existencial. Mas o destaque está no modo como o autor narra. Talvez pela sua experiência com quadrinhos, sua narrativa se dá por parágrafos curtos e ausência de conjunções. Mesmo que tenha assistido ao filme, vale a pena ler este livro, porque se trata de um modo singular de narrar a mesma historia. Recomendo aos curiosos por tipos alternativos de linguagem, assim com eu!
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João Henrique 05/01/2014

É quase como um tiro. Rápido e cruel. Mutarelli consegue organizar seus pensamentos de uma maneira crua e visceral. É um livro demasiadamente silencioso.
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Aminie Le C 15/05/2013

Uma visão da vida pragmática e crua
Fiquei sem me encontrar no início, mas como já havia lido 4 livros do mesmo escritor no ritmo alucinante próprio dele, consegui enxergar cada saliência e reetrância, cada detalhe da metáfora.
Primeiro, o Lourenço Mutarelli não dá nome a nenhum dos personagens do livro; com isso, ele objetiva que o leitor identifique cada personagem, como um auto retrato da sociedade. Você percebe isso incontáveis vezes quando o vendedor da loja (sem nome) ora tá irônico e engraçadinho, ora tá frio e seco. Depois, se torna notável a importância e, finalmente o significado do Cheiro do Ralo. Na verdade, ele faz uma crítica à condição humana, da forma de se viver, de ser tão pouco, à obscuridade de viver sem escrúpulos num mundo que pede (ou não) o mínimo de pudores. Então ele destampa o ralo e cheira. Como um ritual, representando mais uma vez a essência escura do personagem principal e que, quando o ralo tá tampado tudo dá errado. A vida dele é um inferno. É a merda no lirismo da palavra. As pausas e mudanças de cenas no livro são dadas por espaços entre um diálogo e outro, como se fossem história de quadrinhos. Os diálogos são sempre iniciados pelo protagonista, ele dá as cartas, dele é a voz principal, ele controla a narrativa e cada desenlaçar dela. Ele entra e ele sai. O protagonista vive uma busca em criar uma identidade social que fora perdida sem a percepção do mesmo. Ele destampa o ralo e cheira.

Singular, incrível. Um livro que não se pode dar início a leitura com preconceito ou julgamento contido no âmago de ser.
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Rubinho.Meneses 17/07/2012

Ainda não vi o filme, e por incrível que pareça não tinha ouvido falar nem do filme nem do livro, mas deste que acabei de ler me agradou muito. Ri muito das situações e algumas vezes até tive raiva do nosso personagem principal. O ambiente da loja, de sua casa e as referências musicais, literárias e culturais (que aliás são um capitulo a parte)me fez lembrar do livro que também virou filme “Alta fidelidade” de Nick Hornby. Me diverti muito com essa leitura e assim como me foi recomendado pelos meus amigos, também recomendo.
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Edme 14/07/2012

O livro é tão doido, que a resenha do mesmo deveria ser a música "Aguas de março, Tom Jobim."


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira

É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
Pau, pedra, fim, caminho
Resto, toco, pouco, sozinho
Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
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