Giovanni Maiolini 20/07/2016Apenas expectativaO tema "Jack, O Estripador" é um dos que mais chama atenção pela notoriedade do assassino, um criminoso brutal que nunca teve sua identidade revelada e pagou por seus crimes. Logo, a possibilidade de ver um diário escrito pelo próprio Jack torna o livro muito desejado, mas não é o que se descobre durante a leitura...
Em mais ou menos 70 ou 80 por cento do livro a autora se resume a explicar várias e várias vezes de N formas diferentes a produção do livro que você tem em mãos. sim, o livro de Shirley Harrison e não o diário conforme o título anuncia. Em diferentes trechos do livro são dispensados capítulos e mais capítulos de como foi feito, forma como foi averiguado... Em certas partes chega a parecer uma ficção ou então o principal tema do livro.
Outro ponto que se repete em vários trechos é o "nós contra eles", no qual parece que a autora tem a intenção de convencer o leitor a acreditar que quem não acredita na veracidade do diário são "os maus" e os que confiam que é real e que o autor do diário foi o próprio Jack são os "mocinhos", o que contribui para que a leitura se torne maçante.
Nas partes em que a autora se foca na história de Jack o estripador (ou deveria se focar) há uma vontade excessiva de defender a tese de que Maybrick é o assassino, o que até seria relevante, pois seria o autor do diário e tema do livro. Mas nessa parte novamente se perde o rumo da história, tendo mais destaque ao longo do livro a história da esposa de Maybrick do que o próprio Jack.
O tema central, o diário de Jack o estripador é atraente, embora não possa ser comprovada sua veracidade, mas a forma como é apresentado torna-o vazio. Apenas nas últimas páginas o diário é (finalmente) apresentado ao leitor, no momento em que já nem se lembra mais qual o tema do livro após tantas idas e vindas.
Em suma, um tema muito bom, um material excelente, mas que não soube ser explorado da melhor maneira, tornando a leitura cansativa e, até certo ponto, frustrante com relação à expectativa criada.