CooltureNews 21/07/2013
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Muita gente não gosta de saber o final do livro. Algumas brigam, outras reclamam caso alguém começa a contar a história de algum livro. E se uma pessoa sem querer deixa escapar o final, saia de perto, porque muitos vão querer te fuzilar.
Talvez muitos leitores que anseiam por descobrir o desfecho da obra se sintam sem vontade de ler As Virgens Suicidas (Companhia das Letras), pois o autor, Jefrey Eugenides não teve consideração por elas ao colocar o desfecho como título da obra. Tampouco teve o cuidado de colocar mais coisas no desfecho, para que o título seja um meio ao invés do fim da história. Acredito que o autor estivesse pensando em outro tipo de leitor ao tomar essa decisão.
Devo confessar que saber o final de uma história para mim torna o livro ainda mais interessante, e acredito que Eugenides estava pensando nesse tipo de leitor quando deu nome à obra. O que acontece é que, para mim, o importante não é saber o final do livro, mas o que aconteceu para que chegasse àquela conclusão. Saber o porquê as pessoas se casaram ou se separaram é, para mim, mais interessante do que o final. Até porque o final nos priva definitivamente dos personagens, não os veremos mais, o que torna todo final um pouco triste.
As suicidas na história são cinco irmãs, as Lisbons como são conhecidas. A primeira a tirar a própria vida é a mais nova, Cecília, de apenas 13 anos. Ninguém sabe o porquê de alguém tão nova como ele decide tomar uma decisão como essa, mas ela o fez, e mudou a vida de toda a vizinhança.
O livro começa relatando o primeiro suicídio e segue até que a última irmã tire a própria vida. A história é contada pelos vizinhos, que na época eram crianças como elas. Todos os meninos que moravam na mesma rua, em algum momento brincaram com uma das irmãs, e se apaixonaram por alguma delas também.
Os meninos (que no momento em que contam a história já são adultos) vão relatando com detalhes cada momento da vida das irmãs Lisbons como se fosse um relatório da polícia, não deixando passar nenhuma informação que possa ser pertinente. Diversas pessoas são entrevistadas, e seus relatos são relatadas em detalhes. Até mesmo objetos das irmãs são guardados e numerados de acordo vão sendo catalogados pelo grupo.
O interessante é que não sabemos quem é o narrador, ou narradores. Na maioria das vezes a narração é feita na terceira pessoa do plural, mas não podemos saber se realmente está sendo escrito em conjunto ou se os meninos se alternam nos capítulos. Mas quem é o narrador não é o importante. O que faz a história nos tocar é como e narrada. Podemos perceber nas palavras um misto de carinho, tristeza e saudade que o narrador(res) têm pelas irmãs Lisbon. Parece que o que mais desejam é entender o que aconteceu para que as cinco jovens decidissem tirar suas vidas sem explicação.
No decorrer da trama, vamos conhecendo um pouco cada uma, mas ao mesmo tempo é difícil saber quem elas eram, pois ninguém as conhece. O mistério e a curiosidade para saber o que se passada em suas cabeças atrai os leitores a se aprofundar ainda mais na leitura.
Do modo como falo, até parece que a obra foi baseada em fatos reais. Felizmente não, afinal, uma história como essa eu espero nunca ver acontecendo. Mas Eugenides sabe como usar as palavras na hora de escrever e ser imaginativo sem precisar criar o inexistente. O resultado foi um livro belíssimo, que toca o leitor do início ao fim, nos fazendo pensar sobre o que faz nossa vida valer a pena.
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