Ed 01/04/2016O quarteto promíscuo- Obrigada - murmurou.
- Obrigada pelo quê? - indagou ele.
- Obrigada por me bater!
Li esse livro na curiosidade por conta do gênero erótico, e em parte me agradou quanto a isso. Mas no que diz respeito a trama, diálogos, dinâmica e narrativa é muito fraco e raso.
Obsessão é um livro feito para mulheres que curtem ler uma história com todo aquele clima de submissão, erotismo e sexo explícito; eu diria até que é um livro pornô, já que 2/3 dele é só sacanagem. Aliás pensando bem, se todo filme pornô tivesse uma história, como nesse livro, seria bem mais interessante. É muito mais excitante quando, além de sexo, há um contexto. No geral, Maya Banks manda muito bem nas cenas de sexo e na atmosfera erótica (com ressalvas, já que algumas vezes ela consegue acabar com o clima com diálogos inconvenientes e no geral ser bastante repetitiva). Na trama, diálogos e narrativa - que quando bem feitos fazem o fluxo da história correr bem -, deixa bastante a desejar. A autora explica toda hora a mesma coisa acerca dos personagens como se não tivesse nada melhor pra contar, e isso enche o saco. A escrita e o vocabulário são bem pobres, por vezes voltei um trecho por não acreditar que ela tava repetindo a mesma palavra podendo utilizar sinônimos dentre tantas maneiras de deixar o texto mais rico. As expressões com "diabos" são ditas centenas de vezes durante toda leitura. Muito chato. Tudo é "o que diabos aconteceu?", " onde diabos você estava?", "Diabos!", "por que diabos você fez isso?" e assim vai. Todos os personagens falam isso toda hora. Também cansei de ler sobre "arquear as sobrancelhas"... Não há variedade de linguagem corporal, e nem sinônimos variados pra algumas expressões, muito menos profundidade textual. Em suma é uma narrativa muito aquém do que eu espero de um livro escrito por um profissional (entretanto não sei se a culpa é da tradução, devo dizer).
Mas vamos ao que eu achei dos personagens: para mim Gabe é um babaca egoísta e sem carísma que faz um contrato inútil com uma linda moça por quem ele é totalmente (e sexualmente) obcecado e que é louca por ele. Desculpa, mas aquela historinha dele de ter ficado traumatizado com a última relação não justifica esse comportamento egoísta como motivo para fomentar esse contrato nojento. Até porque i que ele busca com esse contrato é um brinquedo sexual, não uma parceira. O cara quer ter o direito de tratar a moça como um objeto a usando pra se satisfazer a hora que dá na telha. Mia era 14 anos mais nova que ele? Sim. Era irmã do amigo dele? Sim. Mas e daí? Mia é uma mulher já, tem 23 anos! Não é uma adolescente! Era melhor assumir a garota e ser feliz. Casado a mulher seria dele e até ela iria adorar. Poderiam viver como bem quisesse já que ela concordava em ser a boneca-escrava sexual dele. O cara é tão tarado que não consegue ficar um instante perto dela sem gozar. Gabe não tem controle algum sobre seus impulsos sexuais, manda ela chupar ou sentar nele assim, do nada. O pior são os lapsos repentinos de romantismo que ele tem (claramente forçado pela autora já que o perfil e comportamento doentio dele não condiz com aqueles pensamentos de amor e afeto) nem um pouco convincentes.
Mia é muito otária. Viaja naquela ilusão distorcida de estar apaixonada, vivendo um lindo romance e tudo mais, se enganando, quando na verdade o cara só quer enfiar a ferramenta quando, como e onde bem entender. E vejam só, ela ainda é grata por isso, se excitando com cada demonstração doentia de posse, egoísmo, ciúme e o que você puder imaginar de um cara tarado-obsessivo-compulsivo. Com certeza a ppk que todo homem pediu a Deus. Mia simplesmente não existe!
Como já mencionei, o repertório narrativo de Maya Banks é bem limitado, por vezes o texto se torna repetitivo com o mesmo modo engessado de narrar e algumas expressões também saturadas.
Jace é o personagem "novela mexicana" do romance. Estereótipo do irmão super-protetor, com as mesmas falas sem expressão e aquela paranóia de achar que a irmã é uma pura donzela, santa, inocente e intocável, mas que ta dando feito louca pro amigo dele bem debaixo de seu nariz. Total perda de tempo essa preocupação exacerbada. Se ela quer dar o que é dela, o que ele pode fazer?
E por fim Ash, o personagem mais vazio e sem graça do livro, em minha opinião. Vive de piadinhas, sempre exibindo um estilo Bon vivant e despreocupado, como um adolescente revoltadinho com os pais e que só quer curtir a vida. Juntamente com o Jace, dão pinta direto das promiscuidades que praticam achando que é segredo é ninguém sabe de nada.
Enfim, não achei um livro péssimo, já que se trata de um romance erótico. Aliás, esse é o ponto alto da história. Minha frustração foi mesmo com o que citei, mas no geral é um bom entretenimento. Tem um ritmo fluido e fica melhor quando chega no final, porém é uma leitura que não acrescenta em nada na vida de ninguém. É vazia como assistir a um filme pornô.