spoiler visualizarCida Zientarski 05/07/2022
Atormentada (+16)
- Young adult;
- Terror;
- Doenças mentais;
- Fantasmas;
- Sobrenatural.
Corinne, chamada de Rinn, uma garota bipolar que se muda para a cidade onde sua mãe cresceu após a trágica morte de sua avó, mãe de seu padrasto, ter destroçado sua família. Logo ao chegar à cidade, Rinn nota que há alguns mistérios nela, principalmente envolvendo o sombrio túnel do Colégio River Hills.
O ponto alto do livro, para mim, está na narrativa de Garsee. Fazendo uso ora de frases sarcásticas e irônicas e ora de outras em um tom mais melancólico, como se variando entre os estados do transtorno bipolar, a história é contada em primeira pessoa transmitindo diretamente os pensamentos, sentimentos e impressões de Rinn. A autora, também, faz uso de frases curtas em determinados momentos, que contribuem para o impacto dessas falas.
Embora haja uma doença de cunho psiquiátrico na história e a narrativa esteja conectada a ela, a leitura não se faz pesada em momento algum; ao contrário, a linguagem é leve e permite uma boa fluidez, além de um rápido envolvimento com o enredo, sendo típica de livros juvenis.
Ainda que Rinn seja bipolar, o livro não foca na doença em si. Seus sintomas são apresentados por meio de comentários da protagonista, muitas vezes autodepreciativos, e por algumas de suas atitudes, diluídas por entre os acontecimentos da história. Acredito que o principal papel da presença do transtorno seja o de causar a dúvida sobre a veracidade de tudo: os acontecimentos são reais ou frutos de algum surto de Rinn? A própria personagem, inclusive, cogita tal possibilidade em diversos momentos.
Em termos do desenvolvimento da história, a autora foi feliz no sentido de conseguir atiçar a curiosidade do leitor para decifrar e entender todos os mistérios. Uma leitura rápida, composta pela mistura certa de suspense e sobrenatural em meio a uma narrativa convidativa. Entretanto, não espere uma trama arrepiante ou complexa; sua função principal é a de entreter, e não a de perturbar. Leiam!
“Mais uma vez em fila, subo até o terceiro andar quase sem fôlego. Meus remédios fazem isso comigo por volta das duas horas da tarde todos os dias, e essa é uma das razões que me fazem detestar tomá-los. Um antidepressivo. Um estabilizador do humor.
Um antipsicótico suave. Rivotril, um calmante para evitar ataques de pânico.
Ah, e pílulas anticoncepcionais, para que eu não surpreenda a minha mãe com um netinho vítima de má formação. Não que eu faça muito sexo ultimamente. Ou que eu faça algum.”
“Mas às vezes aquelas mesmas dúvidas de sempre me assaltam e eu me pergunto: se eu vivo o tempo todo entorpecida, estou vivendo de fato? Talvez eu quisesse chorar ou assistir a um filme triste ou porque alguém feriu meus sentimentos. (…) Talvez não ouvir nem sentir as coisas como as outras pessoas seja mais enlouquecedor do que ouvir e sentir coisas que as outras pessoas não sentem.”
site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2018/08/resenha-atormentada.html#:~:text=Atormentada%2C%20livro%20de%20Jeannine%20Garsee,com%20a%20ajuda%20de%20medica%C3%A7%C3%A3o.