Kath 16/02/2018
Fofo, quente, doce e insuportável na dose certa!
Quero começar dizendo que ainda acho um exagero sem precedentes chamar essa mulher de Jane Austen Contemporânea. Apesar de escrever bem e ter uma certa habilidade em criar alguns personagens muito irritantes, falta muito do requinte e sensibilidade de Jane Austen, cujas personagens e enredos eram suaves e doces mesmo que suas personagens fortes e determinadas - no bom ou mal sentido - contradissessem algumas vezes isso, ela sabia despertar nossa empatia direta e inicial com as personagens de uma maneira que, creio, ninguém nunca vai conseguir.
Dito isso, vou começar falando do enredo de O Visconde que me Amava que inicia com o problema de Anthony Brigderton, temos um prelúdio da sua infância que ilustra o modo como ele era próximo de Edmund, seu pai, além do orgulho que sentia dele, admirava o amor construído com Violet, sua mãe. Desse modo, a perda tão repentina do pai, causou-lhe um enorme trauma de picadas de abelha e, sobretudo, uma visão muito errônea sobre a morte.
De outro lado temos Kate e Edwina Sheffield, ambas precisam se casar bem, ou pelo menos uma delas precisa, para garantir a vida das outras, uma vez que desde a morte do pai de Kate a situação financeira não está muito favorável, Mary, mãe de Edwina e madrasta de Kate, decidiu debutar ambas de uma única vez, mesmo que Kate já tenha passado um pouco da idade, tendo 21 anos. O fato é que a jovem tanto não se incomoda quanto não tem esperanças de encontrar um marido, ela acredita que, perto de Edwina, considerada a bela da estação, ela não tem a menor chance.
É uma mulher forte e geniosa, de convicções fortes e acostumada a avaliar e dispensar os pretendentes desqualificados da irmã, por ser mais velha e um pouco mais madura, ela é por vezes insultada indiretamente por não ser considerada bonita (te entendo, Kate). Desse modo, está ocupada em não permitir que a irmã mais nova caia nas garras de algum homem que a fará infeliz, incluindo Lord Anthony Bridgerton o solteiro mais cobiçado da temporada e, ela sabe, um libertino convicto que por alguma razão muito bizarra decidiu se casar.
Alheio aos verdadeiros sentimentos e a verdadeira personalidade de Anthony, Kate faz tudo que está ao seu alcance para manter sua ingênua irmã longe dele, contudo, quanto mais luta para manter Edwina longe do visconde, mais ela mesma se sente dolorosamente atraída por ele. O comportamento provocador e muitas vezes confuso de Anthony mexe com ela de uma maneira nada casta. E quando os dois são obrigados a se casar por causa de um mal entendido, Kate não pode ter mais que temores sobre o que esperar de um futuro ao lado de um homem que não a ama.
Ao contrário do primeiro livro, por alguma razão, achei esse mais sensível e um pouco mais interessante, embora a "fórmula" por assim dizer seja a mesma. Os livros dela me lembram, até certo ponto, aqueles Jéssica, Sabrina históricos sabe? Hoje, Harlequim Histórico, eles tem uma pegada mais contemporânea principalmente no teor erótico da coisa, contudo felizmente a autora é suficientemente sutil e delicada ao descrever as cenas sem deixar que o capítulo se vulgarize e, ainda mais, sem que perca o calor que provoca na gente. Algo realmente difícil de fazer, digo por experiência própria.
Kate ou Katharine, por vezes é insuportável, admito. Deve ser uma característica comum associada a esse nome, não consigo pensar em outra explicação. Consegui, contudo, simpatizar com a situação de Anthony, acho que, ainda que psicologicamente comprovado para ele, a morte é um assunto complicado para todo mundo. No geral é um livro muito bom, principalmente para quem curte romances do gênero, como eu. Não sei porque antipatizei tanto com o primeiro, creio que precise reler, posso ter pulado alguma coisa ou deixei algo passar, não é possível.