Robson 17/04/2011
O livro mais "adulto" que já li
“A raça humana não estava mais só”.
E quais seriam as implicações desse fato?
Essa questão, que a princípio parece bastante simples é exposta de forma brilhante no livro de Arthur C. Clarke.
Sobre as maiores cidades do planeta, pairam imensas naves prateadas vindas do espaço. Sob olhares incrédulos, muitas incertezas e uma única convicção: a raça humana não estava mais só.
Ao contrário do que se espera, os enigmáticos Senhores Supremos não pretendem escravizar a humanidade, e sim conduzirem a raça humana a uma Era Dourada, que irá perdurar por 200 anos após a sua chegada, durante esse tempo alguns de seus segredos serão revelados, outros permanecerão ocultos até que a humanidade esteja pronta. Até que uma missão seja cumprida. Até que a humanidade conheça o destino que lhe foi traçado. Apesar de todos os benefícios proporcionados pela chegada dos Senhores Supremos, um terrível mal estar ainda assola os corações das pessoas. E as questões que ficam são: Quem seriam os Senhores Supremos? E quais seriam suas verdadeiras intenções?
Em troca de todos os “benefícios” proporcionados pelos Senhores Supremos, eles exigem que os seres humanos não prossigam com projetos de explorações espaciais, lhes advertindo que “as estrelas não são para os homens”, e que também não é permitido a ninguém conhecê-los.
Com inúmeros progressos, a humanidade segue seu caminho rumo a uma era de paz plena e duradoura, encontrando poucos focos de resistência (estes, sendo logo desacreditados e rapidamente levados ao esquecimento), nesse contexto, não existem mais a fome, a marginalidade, as doenças e a guerra. Os humanos começam a abrir mão de sua capacidade criativa e deixam de ter qualquer tipo de ambição que não o prazer, o entretenimento e a diversão. E aí reside outra grande ideia proposta pelo autor: alguns personagens têm a mesma sensação que o leitor, e dizem: Não seria a humanidade capaz de caminhar com as próprias pernas e estar preparada para desenvolver seu potencial pleno e criar bases para construir seu próprio destino?
Independentemente de outros argumentos que são muito bem desenvolvidos na história, acho que a grande questão que fica sem resposta é: Como os seres humanos pretendem explorar outros planetas, galáxias e tudo o mais, se nem mesmo conseguem resolver os problemas de ordem mais prosaica que nos prendem aqui: como a fome, a violência, as guerras, o preconceito, e a própria desconfiança no que se refere a uma entidade que represente algo “superior” em relação a nossa raça (incluindo aí também, os questionamentos sobre a natureza das religiões) e expressando implicitamente que estas, somente estão presentes em nossas vidas, devido a falta de perspectiva que assola os seres humanos, de que necessitamos ser salvos dos problemas mundanos que nos cercam. Se tais falhas fossem solucionadas, a religião se tornaria obsoleta e não mais precisaríamos de conceitos como “Deus”, visto que os “milagres” realizados pelos Senhores Supremos seriam mais que suficientes.
Sem sombra de dúvida, um dos melhores livros que já li.
Recomendações máximas para ele.
Fica claro nesse livro que Arthur C. Clarke era um homem muito à frente de seu tempo.