Lise 17/09/2020SombrioÉ impossível expressar a sensação vital de qualquer época da nossa existência... aquilo que confere verdade, sentido à existência... sua essência sutil e penetrante. É impossível. Vivemos conforme sonhamos... sozinhos... (Citação)
Enquanto a embarcação para esperando o movimento das águas, a noite cai e Maslow começa a narrar uma história do passado para a tripulação, na qual relata como foi contratado para substituir o capitão de uma embarcação nas missões imperialistas de extração de marfim na África e conhece o misterioso sr. Kurtz, importante chefe de um posto lucrativo.
No começo o leitor é apresentado aos dois narradores da obra, ao Maslow e ao que ouve a história dele, quem efetivamente conta a história do livro. É uma escolha estética interessante, já que permite ao leitor imergir na história como se fosse um integrante da tripulação.
O conflito fica representado pelas dificuldades da viagem pelo rio, mas ocorre no plano moral.
O final não é conclusivo, a mensagem da obra é construída durante a narrativa, utilizando-se de ricas metáforas e obscurantismos.
Essa é uma edição bem simples, suas capas não têm nem orelhas. Quanto ao conteúdo, Conrad usa uma linguagem bastante poética que, inserida em um contexto de ?contação de história?, adquire um tom de divagação. É um texto que, assim como as embarcações, frequentemente fica ancorado, sem movimento, sujeito a ondulações.
Recomendo para leitores maduros e persistentes, em busca de algo além de uma história.
Recomendo também uma pré-leitura sobre o contexto em que a obra foi escrita, já que tem caráter histórico e também autobibliográfico. Há muitas discussões sobre a questão racial, em razão da forma com que Conrad descreve os nativos africanos.