Isabella.Wenderros 01/07/2022Um romance totalmente narrado através de cartas.Em 1912, Elspeth Dunn recebe a sua primeira carta de um fã. Além de ficar surpresa com essa novidade, o que realmente impressiona é o endereço do remetente: Estados Unidos. Ela nunca imaginou que sua poesia pudesse ter ido tão longe saindo de Skye, na Escócia. Por uma questão de cortesia, ela decide responder e dias depois outro envelope chega. Assim começa uma relação – primeiro de amizade e admiração, mas que muda com o tempo – repleta de esperança e afeto.
David Graham é um jovem americano procurando o próprio caminho. Pressionado pelo pai a fazer medicina, ele sabe que esse destino não é onde se encaixa. Leitor voraz, fica fascinado pela poesia de uma autora desconhecida e decide escrever para a editora que publica suas obras. Conforme as cartas atravessam o oceano, o sentimento de pertencimento pelo qual sempre ansiou surge e cada página faz com que Elspeth – carinhosamente apelidada de Sue – se transforme no grande amor de sua vida.
Em 1940, Margareth Dunn está empenhada para que as crianças das grandes cidades sejam enviadas até o interior numa tentativa de evitar as bombas que caem sobre suas cabeças. No meio disso, ela precisa lidar com uma mãe cada vez mais ansiosa com aquela nova Guerra, enquanto percebe que sua amizade de uma vida toda pode estar se transformando em algo mais. Quando acontece uma explosão na rua de sua casa e cartas saem voando das paredes, Margareth descobre que existe muita coisa sobre o passado da própria família e sai em busca de respostas sobre si e sobre os pais.
Esse livro está na minha lista há muito tempo e não errei quando imaginei que iria gostar. Como a narrativa é toda epistolar, a leitura foi rápida e senti que realmente estava dentro desses personagens, de seus sentimentos e ideias.
A relação entre Sue e Davey foi lentamente me conquistando e só realmente percebi o meu nível de envolvimento perto do fim. Eles têm ótimas conversas, sinceras e espirituosas. Apesar de a protagonista ser uma mulher casada, Iain é alguém que fica tanto no pano de fundo da sua vida que confesso que eu praticamente esqueci sua existência pela maior parte do tempo. A sensação que tive foi de que esse casamento aconteceu exclusivamente pela profunda amizade entre Iain e Finlay, irmão de Elspeth. Mesmo no meio da Primeira Guerra Mundial, com todo aquele terror e confusão, quem mais sentia medo pelo homem era esse cunhado – não que fosse uma união sem amor e cuidado, mas era mais uma questão de que ambos estavam ali e se gostavam o suficiente para dar aquele passo.
Conforme Margareth vai tirando o véu que cobriu toda a vida da mãe antes de seu nascimento, eu fui ficando cada vez mais curiosa para entender o que tinha acontecido e, quando entendi, fiquei com tanta raiva do Davey! Tão decepcionada por ele ter tomado uma decisão tão grandiosa sem consultar a pessoa que mais seria afetada por ela e triste pelas consequências.
Nos últimos capítulos, não conseguir largar e torci muito para que tudo se ajeitasse. Foi uma leitura envolvente, emocionante e muito gostosa. O casal me prendeu com suas cartas e com esse amor que sobreviveu ao tempo, à guerra e aos percalços da vida.