Pandora 08/01/2016A verdade sobre o caso Harry QuebertEm todos os lugares onde postei que estava lendo este livro, pessoas comentaram o quanto gostaram dele de forma entusiasmada. Sinto discordar de vocês, colegas leitores... eu odiei. Dou duas estrelas porque acho que deve ser difícil escrever um livro - mormente um com quase 600 páginas!!! -, embora, neste caso, uma boa história pudesse ter sido construída com metade. Mas este tem quase 600 e não tem uma boa história.
Primeiramente, devo dizer que a escrita do autor me incomodou. Não é que ela seja ruim, mas algo no estilo não me agradou. Isto foi difícil no começo, mas depois me acostumei. Segundo, a história: a parte investigativa é muito interessante e o romance é um fiasco. Não sei o que autor - que nasceu em 1985 - julgou ser a sociedade dez anos antes, mas aquela paixão impetuosa, aquele "amor eu-não-vivo-sem-você-e-sem-você-prefiro-morrer" é tãããooo século XIX! E o autor quer que a gente acredite que aquela que provoca este amor louco em homens mais velhos é uma jovem de 15 anos que não é madura em área nenhuma a não ser na física. Entendo que ela tivesse despertado desejo... mas o amor, que é justificado por ela ser maravilhosa, encantadora, inteligente etc etc? Nã. Os diálogos de amor entre Nola e Harry são risíveis. Não dá pra acreditar naquele romance se sustenta em "Só o perdoarei se me quiser. Caso contrário, me deixe em paz. "Peça perdão de uma maneira melhor. Fique de joelhos." "- Então não me acha feia? - Feia? Ora, Nola, você é linda. - Sério? Estou tão triste... (...) Então diga mais uma vez que sou bonita...". Não dá.
Devo ressaltar como positivo o fato de que a gente não consegue largar o livro porque quer saber, afinal, o que aconteceu. Mas quanto mais eu avançava, com mais raiva ficava e mais propensa a largar a leitura. Sabe novela? A primeira semana é interessante, cheia de novidades; depois vem uma enrolação de meses e no final, no último capítulo, tudo é resolvido às pressas no pior estilo "remendão": corre-se para tapar todos os buracos que ficaram no caminho. Este livro é assim. E os personagens? Tem o Frankenstein, a Chapeuzinho Vermelho, a Dona Florinda, todos em versões estereotipadas e pioradas. E tem um escritor com um ego gigante: escolha entre Harry, Marcus ou Joël. Eu fico com o último.