Jéssica 30/10/2020
Nomear é poder.
Demorei dias após o término da leitura deste livro para ousar escrever uma resenha, por que acredito que nenhuma resenha pode trazer minimamente os detalhes que compõem essa obra maravilhosa, e nem chegar aos pés da riqueza que este livro entrega ao seu leitor.
O Nome do Vento é um livro magnífico. A sua narrativa é intensa, fluida e riquíssima em detalhes, nos levando para um mundo completamente diferente onde magia existe, simpatias acontecem (não da maneira que estamos acostumados a ouvir falar) e nomes são extremamente poderosos.
Patrick Rothfuss nos leva em uma viagem complexa por um mundo que ganha formas e cores nítidas diante dos nossos olhos. Um mundo antigo onde não se se tem certeza se o Chandriano é real ou apenas parte das cantigas infantis esquecidas.
Conhecemos o protagonista Kvothe e sua família, a trupe dos Edena Ruh. É impossível não se apaixonar pelas canções e descrições incorporadas à narrativa. Kvothe é, sem sombra de dúvidas, um personagem complexo e profundo: sensível, sedento pelo saber e até mesmo um pouco inconsequente em alguns momentos, que encontra na música do alaúde o conforto e em seu propósito de ferro forças para seguir em frente mesmo quando se encontra na pior das situações.
Ao longo do livro, o autor em coloca as habilidades emocionais, físicas e intelectuais de Kvothe a prova em diversas situações, e ele não decepciona. É o tipo de protagonista que ganha o leitor, e a cada objetivo conquistado (ou fracasso sofrido), nos pegamos partilhando dos sentimentos do personagem e torcendo por ele. E Kvothe sobrevive sempre com inteligência, vivendo um dia de cada vez e aproveitando o melhor de cada mínima oportunidade.
As histórias de fundo desta trama são muito interessantes e nos deixam querendo saber mais sobre as lendas e o folclore que envolvem os Amyr e o próprio Chandriano, bem como sua existência e motivações. A nossa curiosidade cresce na mesma proporção que a curiosidade de Kvothe, que nos guia junto a ele em suas descobertas.
Uma coisa que eu gostei muito neste livro é que as passagens que descrevem Kvothe tocando seu alaúde tem uma capacidade descritiva tão envolvente, que é como se pudéssemos ouvir o som pelas palavras. O sentimento dele ao tocar música é tão intenso que nos deixa muito envolvidos também.
Acima de tudo, na minha opinião, O Nome do Vento reforça como as memórias são o nosso molde e a nossa essência, e que ao suprimi-las, podemos perder quem realmente somos. Reforça ainda que a mente é infinita àqueles que sabem como usá-la.
É um livro que quando termina, deixa aquela sensação de vazio e te faz querer correr para a continuação, para mergulhar neste universo e viajar com Kvothe mais uma vez. Confesso que vou esperar um pouquinho para ler a continuação, visto que a saga ainda não está finalizada. Mas talvez eu volte a visitar Kvothe no Marco do Percurso em uma releitura, para tomar uma bebida e ouvir de novo sua história. :]