Aline T.K.M. | @aline_tkm 02/09/2017Não tem a mesma pegada de Aniquilação...Li Aniquilação no início deste ano e me surpreendi: foi um dos livros que mais me aterrorizou na vida! Além disso, já ando ansiosa há um tempo pela adaptação cinematográfica, com Natalie Portman, que chega aos cinemas em 2018. Se você ainda não viu a resenha do livro, corre aqui!
Daí lá fui eu – com uma baita sede ao pote, só para constar – ler Autoridade, o segundo volume da Trilogia Comando Sul, de Jeff Vandermeer. Cheguei neste livro cheia até a alma de perguntas e muito empolgada com o impacto que o livro anterior deixou em mim. Bom, o resultado não foi assim 100% satisfatório...
Em Aniquilação, conhecemos a Área X – uma espécie de reserva misteriosa, cercada por uma fronteira invisível – a partir da experiência da bióloga, em meio à décima segunda expedição ao local organizada pelo Comando Sul, que é uma agência secreta do governo.
Já em Autoridade, nos deparamos com uma nova perspectiva da região e dos mistérios que a envolvem. É que a história agora é protagonizada por John Rodriguez, mais conhecido como Controle, que é contratado para o posto de diretor no Comando Sul – a pessoa que ocupava o cargo anteriormente está desaparecida.
Dentro da organização, que está mergulhada no caos, Controle começa a penetrar os segredos da Área X. Desgastado, estudando relatórios produzidos ao longo de trinta anos e vídeos de antigas expedições, e encarando interrogatórios com a bióloga que parecem não levar a lugar algum, Controle se vê frente a frente com algumas descobertas perturbadoras.
Neste segundo volume da trilogia, a gente começa a descobrir mais sobre o Comando Sul e a perceber que muitas coisas parecem erradas dentro da organização. Alguns funcionários são hostis, outros são bem esquisitos e, ainda, alguns parecem se incomodar com a presença de Controle.
Ao mesmo tempo, Controle está emocionalmente fragilizado, já que também precisa enfrentar algumas verdades que até então desconhecia sobre si mesmo e sua própria vida.
A escrita do Vandermeer continuou me cativando em Autoridade, mas confesso que, diferentemente da leitura do primeiro livro, aqui a coisa aconteceu de forma meio arrastada em diversos momentos. Não consegui me conectar tão profundamente com a história de Controle como me conectei com a da bióloga em Aniquilação. Além disso, os mistérios em torno da Área X só aumentaram – o que é bom, mas eu também esperava encontrar algumas respostas aqui.
Os momentos que mais impulsionam a trama, a meu ver, são aqueles ligados à figura da bióloga. E também, devo ser justa, os capítulos finais elevam os níveis de tensão e o desfecho é digno de deixar qualquer um louco pelo terceiro livro.
Entre trechos arrastados e outros extremamente empolgantes, o balanço geral de Autoridade é, sim, positivo. O fascínio e o horror continuam com tudo, bem como toda a aura bizarra que permeia a história, que é classificada como New Weird Fiction, uma vertente da ficção científica – falei mais sobre essa classificação de gênero lá na resenha de Aniquilação.
Leitura recomendada, mas esteja ciente de que a) a pegada não é a mesma de Aniquilação, não espere por isso, e b) não há respostas muito significativas sobre a Área X.
A coisa boa é que ainda tem o terceiro e último volume da trilogia, Aceitação. Eu continuo na pilha para ler o desfecho da história o quanto antes; a única coisa é que, agora, vou com menos sede ao pote e talvez mais preparada para a possibilidade, ainda que remota, de uma decepção.
LEIA PORQUE
Se você leu Aniquilação, não pode simplesmente não continuar lendo a trilogia, né?! Pelamor... Mas vá com calma e não espere grandes respostas.
Aos fãs de sci-fi, recomendo muito esta trilogia – se é que vocês ainda não leram!
DA EXPERIÊNCIA
Não foi tuuuuudo aquilo que eu esperava. Mas, mesmo assim, a experiência foi superboa, continuo gostando do autor e animada com a trilogia.
FEZ PENSAR
Sigo achando que a trilogia Comando Sul tem tudo para agradar quem curte a série Stranger Things, da Netflix.
Ler Autoridade me fez pensar na relação de amor e ódio que tive com alguns livros e séries. O caso mais memorável, sem dúvida, foi com a trilogia 1Q84, do Haruki Murakami. Tive uma pequena crise com o terceiro livro, mas é uma das obras favoritas da vida.
site:
http://www.livrolab.com.br