Bruna 07/12/2014 Willow é uma jovem de dezessete anos que vê sua vida destruída e completamente modificada após a morte dos pais. Ela teve que mudar de cidade, de escola, e ir viver na casa do irmão. Essa é uma situação que já seria difícil o suficiente para qualquer jovem, porém tem um sério agravante no caso de Willow: A culpa! Pois era ela que estava dirigindo o caro, e foi a única sobrevivente do terrível acidente que matou seus pais. A partir de então, a jovem mergulha num mundo de culpa, que resulta numa prática nada saudável de autoflagelação.
Além de se responsabilizar pela morte dos pais, Willow ainda se culpa pelo sofrimento do irmão, pelo distanciamento entre os dois, e pela situação financeira em que se encontram, uma vez que Daniel é recém-casado e tem uma filha bebê, e o seguro de vida dos pais deles ainda não saiu.
O início do livro é bem tenso. A navalha se tornou sua melhor amiga, e a dor, sua válvula de escape do desespero que tomou conta de sua vida. Nossa, vocês não tem ideia da agonia que as cenas dela se cortando me deu.
A ferida feita pela lâmina mata o ruído. Apaga da memoria aqueles rostos encarando-a. Willow olha para seu braço, para a vida brotando de si.
Depois de um tempo, Willow conhece Guy, um garoto da sua escola que é super sensível e perceptivo. E então as coisas começam a mudar. Guy descobre o segredo de Willow, e começa a tentar ajudá-la. Ele é um rapaz realmente encantador, sabe essas pessoas parecem ser iluminadas, que fazem bem só com a sua presença? Em alguns momentos ele perdia a paciência e acabava brigando com ela, mas a maioria das pessoas nem sequer teriam se aproximado de Willow, caso soubesse como ela era. Fiquei realmente encantada por ele.
Ele não poderia ser tão atencioso, tão gentil, poderia? Afinal das contas ela não é nada mais que um fardo para ele, alguém em seu caminho, impedindo-o de ter um excelente semestre.
Em vários momentos eu tive raiva de Daniel. O distanciamento entre ele e a irmã foi um grande motivador do comportamento dela, pois ela se convenceu que o irmão a odiava e a culpava por tudo. Eu entendo que ele também estava sofrendo, e que, aos 27 anos, não estava preparado para todas as responsabilidades que teve que assumir, mas eu achei muitas de suas atitudes bem egoístas.
O que eu mais gostei foi o quanto o livro é real. O autoflagelo é um problema que existe, e pode ser facilmente desencadeado em uma pessoa com tantos traumas e culpas como nossa protagonista. A diferença é quem nem todos conseguem ter um Guy em suas vidas.
Willow é um drama juvenil bem comovente. A narração é em terceira pessoa, porém inteiramente realizada do ponto de vista da protagonista, o que nos permite acompanhar todos os seus dramas e sofrimentos. Algumas pessoas podem achar a personagem mimizenta e meio repetitiva em suas lamúrias. Eu achei em alguns momentos, mas aí parei e me coloquei no lugar dela, e vou te falar uma coisa, é uma barra pesada a que ela enfrentou!
- Você não se permitirá sentir nada além de dor?
A escrita da autora é ótima, e ela consegue prender a atenção do leitor e nos fazer sentir, junto com a protagonista. Seja sentir seu sofrimento, agonia, ou suas pequenas alegrias. Gostei do final, pois não foi nada milagroso ou conto de fadas demais. Como eu disse, a história é bem real, e o final também foi. Muitas coisas não foram inteiramente resolvidas, porém não ficaram pontas soltas ou um final aberto, porque todas as situações foram encerradas deixando claro o caminho que as coisas tomariam, e como seriam resolvidas ao longo do tempo. Entretanto, eu senti terrivelmente a falta de um epílogo, que nos contasse o que aconteceu realmente, e se tudo correu conforme nos foi insinuado.
Eu li o livro em ebook, então não posso falar muito da diagramação. Mas a revisão da Leya está muito bem feita, sem erros, e gostei da quebra de capítulos. A capa é muito bonita e chamativa, porém acho que não combinou com a trama. Achei o olhar da menina meio macabro, tanto que quando vi a capa pela primeira vez, pensei que o livro era um triller, não um drama.
Recomendo muito a leitura. É emocionante.
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