Rose 21/05/2018Willow era uma adolescente como outra qualquer de sua idade, pelo menos até ser a responsável pelo acidente automobilístico que matou os próprios pais. O acidente já tem sete meses, mais de lá para cá tudo mudou. Agora Willow vive com o irmão David (um professor universitário), sua esposa Cathy e a filha do casal. Trabalha em uma biblioteca para ajudar com as despesas e está em uma nova escola.
Seus dias são imersos em dor e culpa, que a levam não só a se afastar de todos, como do próprio irmão. Ela tenta manter uma rotina saudável, mas de saudável não tem nada. Ela se esconde atrás de uma fachada, que é cheia de rachaduras. Cada vez que uma destas rachaduras se abre, ela acaba se cortando.
Para Willow, a automutilação foi um modo que ela achou de não sentir mais nada além de dor. Ela não acha que pode sentir alguma outra coisa. Ela nem se dá o direito de chorar pela perda dos pais. Sua culpa é tanta que para ela, todos a veem como uma assassina. Para ela, até o irmão a detesta.
O livro é narrado pela Willow, então estes sentimentos são claramente vistos ao longo dos capítulos, assim como o leitor acaba se questionando até que ponto estas visões são verdadeiras ou ilusões criadas pela culpa que ela carrega.
O mundo que Willow criou para si, acaba sofrendo um abalo quando ela conhece Guy. Sem querer, Guy acaba descobrindo o segredo de Willow, e apesar da vontade de contar toda a verdade para o irmão dela, acaba guardando para si o segredo da moça. Mesmo assim, ele deixa claro que não concorda com o fato, e que não iria facilitar a vida dela, aceitando sua automutilação sem nada fazer.
E mesmo sem querer, Willow acaba se aproximando de Guy e se abrindo para ele. Guy também conta seus medos e anseios para Willow, e os dois acabam desenvolvendo uma amizade que com o tempo evolui para algo mais.
O problema é que Willow sabe que não está pronta para um relacionamento. Ela precisa antes de tudo resolver questões que nem ela mesmo consegue entender. Para ter algo com Guy ela precisa aceitar a própria culpa e conviver de forma racional com a perda. Uma missão que parece cada vez mais difícil, mas que desta vez ela começa entender que não está sozinha.
Este talvez seja um ponto crucial e que me chamou muito atenção neste livro. Willow está claramente doente emocionalmente, ela mesma sabe que não está em seu estado normal, que o que faz a si mesmo é errado, mas não toma iniciativa para mudar o fato.
Willow é daquelas pessoas que apesar de saberem de seus problemas, não pedem ajuda, e acabam se afundando cada vez mais dentro de si mesmo, até o ponto de não conseguirem mais voltar.
Apesar do assunto sério e do enredo poder ser real, eu não consegui me conectar com a história. Achei que mesmo sendo um drama desde o início, faltou um pouco de emoção. Mesmo as cenas em que Willow se corta, eu não sentia emoção. Eu via a dor dela, o sentimento de culpa, mas não conseguia me emocionar com isso. E este fato acabou atrapalhando minha leitura, que ficou um pouco arrastada. De qualquer forma, é um livro que acho muito importante a leitura, até pelo alerta que o enredo trás.
Cada um sofre de um jeito, e não há jeito certo de se sofrer, mas claramente, negar-se este sentimento é um passo para se afundar em si mesmo. E foi isso que acabou acontecendo com Willow.
Eu realmente esperava mais em termos de emoção deste livro, mas não tem como não ficar tocado diante dos problemas levantados pelo enredo.
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