Francine 05/05/2015Logo nas primeiras páginas, notamos que o autor não está para brincadeiras.Rick Yancey é o cara! No segundo volume da trilogia A 5ª Onda, o autor ofereceu aos seus leitores um enredo igualmente tenso, embora menos alucinante, de sua ficção científica distópica.
No volume anterior entendemos que a Terra está sob ataque alienígena. Mais de dois terços da população humana pereceu. A tecnologia não funciona e os poucos sobreviventes não podem confiar uns nos outros. Agora, nossa protagonista Cassie está reunida com seus amigos e tenta manter viva a esperança de que Evan Walker cumprirá a promessa de reencontrá-la.
Desde o início, percebemos o desespero do grupo. O inverno ameaça matá-los e o inimigo está próximo demais. É uma questão de tempo até que precisem lutar, de novo, pela própria vida. O problema é que possuem poucos armamentos e seu líder, Ben Parish, está ferido. Não demanda grande inteligência saber qual será o seu destino se permanecerem como e onde estão. Aos poucos, a decisão se torna clara: é preciso dividir o grupo.
Da mesma forma, o autor divide a narrativa, alternando-se entre quase todos os personagens. É incrível como Rick Yancey consegue transmitir o medo e as dúvidas de cada personagem sem se tornar repetitivo. Notamos claramente como cada um deles é singular e possui uma história pessoal que orienta como se sente em relação ao apocalipse alienígena. Com isso, também conhecemos melhor a fonte da coragem que os motiva.
Com a narrativa intercalada entre quase todos os personagens (alternando entre 1ª e 3ª pessoa), temos um vislumbre do que acontece nos diferentes momentos da história. Adorei como o autor transita entre passado e presente, rendendo uma dinamicidade maior à leitura. Cada capítulo funciona, assim, como uma peça que vem montar um único contexto. Achei essa técnica muito original! Mas confesso que senti falta de maior enfoque sobre a narrativa sarcástica da Cassie. Ninguém supera essa personagem.
Se você deseja ler O Mar Infinito esperando encontrar o mesmo ritmo alucinante de A 5ª Onda, sugiro esquecer tal expectativa. Ambos os livros são diferentes. Enquanto o primeiro volume me deixou sem fôlego devido às rápidas circunstâncias, o segundo volume fez o mesmo devido à interpretação dos personagens entorno dos fatos. O que os alienígenas querem, afinal? – é a valiosa pergunta que cada personagem se faz e as constantes reviravoltas mudam suas respostas.
Nesse livro, mortes acontecem e nosso coração se quebra a cada uma delas! Logo nas primeiras páginas, notamos que o autor não está para brincadeiras. Quando pensamos que a situação não pode piorar, sim, ela piora. E quando pensamos que haverá uma saída, não, ela não existe. Ao mesmo tempo em que sentimos a crescente impotência da situação, sentimos também a força que o ser humano pode encontrar em si mesmo. Acho que essa é a grande mensagem do autor em O Mar Infinito: em meio ao desespero e ao sofrimento, somos capazes de moldar a nós mesmos e sermos a arma que precisamos para enfrentar os obstáculos.
Nas últimas páginas, as reviravoltas que aconteceram me deixaram zonza! Eu mal consigo acreditar que o autor ousou terminar ali… É crueldade demais (rs). Estou louca, de novo, pela continuação. Preciso saber o que Rick Yancey está guardando para os seus leitores no último volume da trilogia. O vilão, representado pela figura do Coronel Vorsch, está impecável! Quero matá-lo, mas também sempre quero ouvir o que ele tem a dizer. Acho-o incrível, acho-o cruel; acho-o um visionário, acho-o um assassino. Ele está à altura de todo o mistério dessa trilogia.
A Editora Fundamento está de parabéns pelo trabalho gráfico! A capa está maravilhosa, assim como a abertura de cada capítulo. Infelizmente, no entanto, encontrei erros de revisão – nada que prejudique a leitura.
Resenha publicada no blog My Queen Side:
site:
http://myqueenside.blogspot.com.br/2015/05/resenha-87-o-mar-infinito.html