Manuela 04/04/2014A erótica de Anaïs NinA escolha do livro, à principio, foi despretensiosa. A única coisa que eu sabia, de antemão, era do desejo de ler a autora - cujas referências já tinha me deparados em outras vias.
Não sou do tipo pudica. Não mesmo. Mas, volta e meia, me deparo com a vergonha - ela é quase natural em mim. Fiquei envergonhada em diferentes momentos do texto, mas venci essa sensação que queria me abraçar. Fui além do que estava escrito em palavras, passeei pelas entrelinhas. Convenhamos, em plena década de 50 uma mulher explorar a sexualidade com as palavras é absurdamente orgástico! É incrível! É desbravador.
O livro em si conta algumas estórias, umas muito curtas, outras extremamente longas, que, de alguma forma, se ligavam entre si. Personagens que aparecem em um conto de forma coadjuvante, pode virar até mesmo o título da seguinte,e assim Anaïs caminha, envolvendo os leitores de maneira quente, ao mesmo tempo que com certa melodia.
É possível perceber o espaço temporal pelas descrições. A época vivente. A forma como as relações eram estabelecidas. A própria França. Anaïs tem um jeito tão mulher de descrever o sexo que mesmo pincelando uma tentativa de direcionar a escrita como um homem, atendendo a solicitação do próprio adquirente, não perde a feminilidade, o olhar feminino, até mesmo nas porções de dureza e doçura.
Não é o tipo de leitura que me estimula, literaturalmente falando, mas foi uma experiência saborosa, quase sensorial, e que me incita na busca de outras escritas da autora.