Camila | Book Obsession 21/08/2017Resenha feita pela Camila de Moraes para o blog Book ObsessionLogo que saiu esse livro eu comprei para ler. A edição da Novo Conceito é linda. Confesso que primeiro comprei pela capa, mas a surpresa do que tinha dentro em forma de palavras me ganhou para leitura e virei fã da Sarah. Uma história extremamente emocionante, que não poderia deixar de trazer uma resenha.
Temos duas mulheres com duas perdas e com um espaço de tempo de setenta anos.
Incialmente a história se passa em 1933, na cidade de Seattle.
Vera Ray, tinha apenas 23 anos e sempre precisou batalhar para receber uns trocados. Tentando conciliar os afazeres, pagar as contas e ainda obter um pouco de comida para o pequeno Daniel, seu filho de apenas três anos, acaba pegando turnos noturnos para conseguir um dinheirinho extra. Ela não tem com quem deixar seu filho e quando precisa trabalhar a noite, seu pequeno fica em casa dormindo enquanto ela encara mais uma jornada de trabalho. A cada vez que ela faz isso seu coração se parte mais um pouco, mas fazê-lo passar necessidades mais do que já são privados está fora de cogitação.
''Vera Ray, de Seattle, relata que seu filho, Daniel Ray, desapareceu. Ele foi visto pela última vez na residência da Quinta avenida, 4.395, #2. A suspeita é de fuga.''
No dia seguinte, louca de vontade de chegar em casa, Vera enfrenta uma nevasca que cai por toda cidade. Para o seu desespero quando entra no apartamento, encontra-o vazio. Começa a procurar por todo lugar e acaba se deparando com o ursinho que Daniel tanto adora jogado no chão. O mundo de Vera desaba pois seu filho fora sequestrado.
Com uma passagem de tempo, conhecemos Claire Aldridge.
Repórter, mas que também carrega suas mazelas, sofreu um grande acidente que lhe atrai sempre grandes e tristes lembranças.
“Fechei os olhos, deixando as lembranças verterem como um deslizamento, destruindo o mundinho inflexível que eu havia criado para mim mesma, a blindagem emocional que me protegia de sentir a dor do passado, Fechei os olhos. E me lembrei.''
Estamos no dia 2 de maio mais uma vez e novamente uma nevasca fora de época volta a cair sobre a cidade, assim decidem que isso pode render uma boa reportagem e mesmo desanimada parte para algumas pesquisas até que descobre sobre o desaparecimento de uma criança em 1933. A curiosidade lhe é despertada e ela quer saber se a criança fora encontrada.
“Uma tempestade de neve de final de estação caiu nesta mesma data em 1933. - Ouvi mais papéis sendo remexidos. - A época é excepcional. Mais de oitenta anos atrás, uma tempestade idêntica, uma gigantesca nevasca, paralisou completamente a cidade.''
Ela acha então registros e aos poucos vai investigando. E em meio as pesquisas de Claire, vamos obtendo ao longo da narrativa passagens sobre Vera na época em que tudo aconteceu, seu desespero e até mesmo o desdenho de algumas pessoas que não acreditavam que ela realmente estaria trabalho em um emprego decente.
A história criada pela autora é excepcional. Somos lançados em duas histórias ao mesmo tempo, o drama de uma mãe, o drama de uma repórter e ainda envoltos em um completo mistério acerca do que aconteceu com Daniel. Pode parecer um pouco confuso, mas a trama ficou bem fluída e foi uma grata surpresa. Mesmo com uma gama de informações, em nada a leitura se torna maçante. Pelo contrário, é fundamental para entendermos tudo o que marcou a tragédia na vida dessas mulheres. E confesso que o final é surpreendente e emocionante.
Uma curiosidade bem interessante que é explicada na parte da nota da autora é que o Inverno das Amoras-Pretas (Blackberry Winter), é uma música da cantora e pianista Hilary Kole e que leva esse mesmo nome, no qual intrigou a autora e sua letra inspirou a história. Já que o termo é jargão usado para a onda de frio repentina que se dá no final da estação, gerando temperaturas baixíssimas e nevasca em maio no hemisfério norte, justamente quando as flores brancas estão surgindo nos ramos de amoras-pretas.
Antes de Neve na primavera, não conhecia o trabalho da Sarah. Ainda não li Violetas de março, que é uma história que está na minha lista de desejados, porém O bangalô é lindo e mostra a qualidade da escrita na qual me deparei nessa obra. Em breve vou fazer a resenha dele também.
Os personagens são cativantes mesmo que de um jeito bem dramático, a carga emocional na trama se dá nela toda. Fica difícil para alguns leitores não derramar algumas lágrimas. Se você gosta de uma leitura bem fundamentada, sem dúvidas não pode deixar de ler e se envolver com Vera e Claire, em suas dores e em suas perdas.
"- Não consigo imaginar o que seja perder um filho...
- Nenhuma mãe deveria jamais perder um filho."
Sobre que fim então levou Daniel? Claro que não foi te contar né!
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