Naty Alves 02/03/2024
O sussurros do vento é a voz de uma fada.
Confesso que pela primeira vez não sei como falar de um livro, Phantastes foi uma das coisas mais lindas, delicadas, e difíceis que já tive a oportunidade de ter em mãos. Não é só fantasia é sobre a alma, é sobre amor, e morte. Uma leitura apenas não são suficientes. Anodos o protagonista ganha um inusitado presente, em seu aniversário de vinte e um anos, uma viagem a terra das fadas.
E aqui já temos a primeira quebra de paradigma pois qualquer um de nós poderíamos sermos levados a descrença, mas um passeio pelo reino de feeria é apenas uma metáfora para algo maior. A escrita do autor é cheia de melancolia Anodos encontra uma fada na escrivaninha de seu falecido pai. E quando isso acontece ele está, a vistas de assumir suas novas responsabilidades, e em luto por seu pai, então ele se vê descrente até que o impossível acontece.
A jornada assim começa sem exatamente uma missão definida, o protagonista é colocado a esmo em um lugar desconhecido, e vive assim suas aventuras que vão de paixões, até mesmo a tocar suas dores mais profundas tendo que lidar com o seu mundo exterior indo ao mais profundo de sua consciência e alma. E tendo que encarar o seus eus, e suas ações, e afinal talvez ele descubra que não saiba tanto quanto julgou saber.
Phantastes é um mar de referências desde alice até narnia, passando pelo senhor dos anéis, até mesmo ecos de a história sem fim. Há uma linguagem poética muito texto poucos diálogos por vezes Anodos se perde em devaneios, são muitos os detalhes e camadas. Assim como uma idealização da mulher, encontrando arquétipos classicos dos contos de fadas, como a donzela, a Anciã, a sábia, o cavalheiro, o camponês, etc, e os supersticiosos e os descrentes.
Isso sem contar todo o romantismo as canções, porém nem sempre um final feliz. Falando sobre morte, medos, e batalhas entre outros. A escrita nem sempre é fluida, mas sempre bela.