Carla.Parreira 31/03/2024
Um milhão de motivos para casar (Gemma Townley). O livro conta a história através da perspectiva da protagonista, Jessica Wild, em primeira pessoa. Ao iniciar a leitura, fiquei curiosa com a trama em si. Afinal, a ideia de que Jessica precisar se casar com alguém que não deseja em um prazo tão curto é, no mínimo, inusitada. Jessica busca se afastar de relacionamentos, enxergando o amor como uma fraqueza, resultado de sua criação rígida. Além disso, valoriza-se por sua inteligência e desempenho profissional, pouco se importando com sua aparência física ou com a moda. Jessica alcança importantes conquistas profissionais, e passa por uma transformação completa. Além de divertido imaginar seu "antes" e "depois", foi interessante observar como isso afetou sua visão de si mesma. Fiquei me indagando como seria se fosse comigo, rs. Melhores trechos: "...Esse é o grande barato de se escrever um livro, pois você pode perguntar tantos 'o que você faria' quanto quiser e responder da maneira que desejar. Foi assim que surgiu a inspiração para criar a aventura de Jessica Wild. E se você herdasse uma fortuna? E se tivesse que convencer alguém a se casar com você só para poder pôr a mão no dinheiro? E se esse alguém fosse seu chefe, e lindo, e você não fizesse o tipo dele? E se eu criasse uma heroína que fosse alguém sem grandes pretensões, o tipo de garota que foi, e espera sempre ser, coadjuvante na história de outra pessoa, e a colocasse em uma situação absurda, onde nada é simples, e a fizesse lidar com isso? Como seria? A resposta a todas essas perguntas resultou em Um milhão de motivos para casar... Tudo bem, você está feliz sozinha. Mas, se esse plano der certo, você não vai ganhar apenas um marido lindo; você vai ganhar 4 milhões de libras. Fala sério! Vale a pena tentar, certo?... Mas esse é o problema dos contos de fadas – eles acalentam o coração, são reconfortantes e tem finais felizes, e mesmo você sabendo que a vida não é assim, é agradável fingir que aquilo é real, só um pouquinho... Com certeza, o amor era um sinal de fraqueza. Afinal de contas, não era fraqueza sentir vontade de chorar só porque alguém que você gosta não sente o mesmo por você? É patético. E eu não iria passar por isso... Eu estava perplexa. — Pareço outra pessoa. — Então olhei novamente. Parecia aquele tipo de garota que anda pela Kings Road falando alto ao celular. A pessoa que eu via no espelho era o tipo de pessoa que eu desprezava: o tipo de garota que senta do lado de fora dos cafés aos sábados, almoçando com um bando de amigas barulhentas, falando de homens, sapatos e coisas fúteis, que não tinham a menor importância. Pedro havia feito luzes californianas em um louro mel e um corte em camadas longas e repicadas, que suavizavam minhas feições. Minhas sobrancelhas não tinham desaparecido; elas só estavam mais finas, mais altas e arqueadas, e destacavam as maçãs do rosto, deixando minha expressão com ar permanente de questionamento... Eu não podia acreditar que jogos assim realmente funcionassem. Achava que amor e desejo fossem uma questão de química e de atração, quando, na verdade, ambos têm a ver com a maneira correta de se ter contato físico e um decote. Lamentei não ter trazido um caderno, pois havia muita informação para decorar... Precisa um pouco de contato físico. Demais não é bom; muito pouco, e ele nem presta atenção. Só um leve toque no braço, ou no rosto, quando você se inclinar para dizer alguma coisa. Um leve roçar aqui, uma encostadinha ali. Você quer que ele se concentre em você. Não em outra pessoa. Certo? Desse modo, você escuta com muita atenção cada palavra, e depois se inclina... Em primeiro lugar, não se fala com um homem como se fala com uma mulher. Homens, eles gostam de falar. E gostam que você ouça. Tudo que ele faz é fascinante, tudo que ele faz, você acha sexy... Existe uma lei muito estranha da natureza que diz que, quanto mais você repele algo, mais você o atrai. Metade dos homens do escritório passou a conversar comigo. Homens com quem eu mal falava antes apareciam na minha mesa perguntando detalhes sobre a conta Jarvis, ou me convidando para beber alguma coisa depois do trabalho. Eu era a gostosa da vez, o sucesso do momento. Era desejada... Então descobri, sem a menor sombra de dúvida, que não queria casar com Anthony. E não tinha nada a ver com a aversão que eu sentia em relação a casamento, nada a ver com meu desejo de independência. Mas porque eu estava apaixonada por Max. Estava apaixonada, da mesma forma como a minha mãe se sentiu antes do meu nascimento, da mesma forma como todas aquelas garotas bobas que minha avó costumava criticar, como eu costumava criticar..."