Ana 05/08/2014É isso...Repressão, injustiça, perseguição, enorme limitação de direitos civis, censura, violência... Ditadura.
Neste período crescemos eu, Gabeira e milhões de brasileiros. Apenas ouvíamos falar de pluripartidarismo; não sabíamos o que era manifestação política; não conhecíamos liberdade de expressão; não vivíamos cidadania. Nossos colegas de escola participavam de grupos de esquerda, aprendiam a atirar ao invés de namorar, liam Marx ao invés dos românticos, não iniciavam amizades pois poderiam incriminar estudantes inocentes. Nós não andávamos à noite, pois poderíamos ser parados pela polícia e levados à delegacia (ou pior); nossos professores não discutiam problemas brasileiros, não se envolviam com os alunos, pois qualquer um poderia ser um espião do governo. Crescemos num ambiente de medo, de silêncio, de desconfiança, de proibições.
E é esta realidade que Gabeira relata, a partir da visão de quem combateu o regime militar durante os anos de chumbo. Ele mostra a juventude quixotesca, trancada em “aparelhos”, empenhada em planejamentos subversivos, guiada pela esperança ideológica, solitária em seus pequenos grupos esparsos. Mostra pessoas que, em meio a este cotidiano, amaram, sofreram, morreram... Porém, mais do que qualquer outra coisa, sonharam com uma vitória impossível.