SunshinetySick 16/08/2020"Você vê, mas não observa"Devo admitir que me interessei por Sherlock Holmes pela série da BBC, uma das minhas preferidas. Mas, não esperava uma narrativa tão leve e despreocupada, realmente gostosa de ler. Além de ser muito excitante ver detalhes de casos de episódios da série aparecendo na história e analisar como pequenos detalhes foram mudados e adaptados para a versão de TV de Sherlock. Sinto que cada episódio e cada capítulo tem uma carga muito maior agora.
Os primeiros dois romances foram as partes mais cansativas da leitura. Um Estudo em Vermelho ainda foi mais interessante, já O Sinal dos Quatro não se salva, só lembro do racismo, intolerância religiosa e machismo desse romance. Esses romances realmente não são minha parte preferida, é revoltante até. Os preconceitos daquela época eram ridículos, as pessoas não se abriam para conhecer o outro, o que resultava nisso. Mesmo assim, não vou exigir que, um homem branco, naquela época, tivesse os valores que cultuamos hoje. É um retrato da época. Uma época horrível, mas esse era o contexto onde o autor estava inserido.
A melhor parte, na minha opinião, são os contos. Eles têm em média 20 páginas, com descrições precisas e finais surpreendentes, apesar de eu ter adivinhado um ou dois. Isso, não diminui nem um pouco a experiência, pois mesmo sabendo o que aconteceu, é realmente impossível adivinhar a história por trás daqueles atos, por isso as explicações são interessantes mesmo o leitor já sabendo o desfecho da história.
A escrita do Arthur Conan Doyle é bem focada nos incidentes, deixando questões pessoas um segundo plano, mal explicados ou duvidosos. Eu não acho isso um defeito, nem me incomodo para falar verdade. Pra mim o charme da escrita dele é mostrar as relações, principalmente de Watson com Sherlock, por meio dos diálogos e pequenos gestos, num plano de fundo.
"Os pequenos detalhes são sempre os mais importantes".
Esse livro é incrível se deletarmos O Sinal dos Quatro da memória :)