Julio Inhasz 29/04/2018Love & GelatoApós perder sua mãe para um câncer pancreático, o mundo de Lina se despedaça. Ainda lidando com a dor de seu luto, ela viaja à Itália para passar o verão na casa de seu pai — o qual ela só soube da existência recentemente —, como forma de cumprir uma promessa que fizera à mãe antes dela falecer. Ao chegar na terra do Renascimento, Lina recebe um antigo diário com as memórias da época em que sua mãe morou em Florença, e começa uma busca por respostas sobre sua família e si mesma. Com a ajuda de Lorenzo, Carolina conhece paisagens incríveis e começa a questionar se ir para a Itália foi algo tão ruim quanto ela inicialmente imaginou.
Eu adoro romances contemporâneos por proporcionarem uma leitura rápida e divertida. Logo que eu descobri sobre este livro, me apaixonei por essa capa fofa e fiquei extremamente empolgado para ler a história da Lina. Pela sinopse, o livro tinha tudo para ser bom: romance, aventura, mistério e Itália. Contudo, ao chegar na última página de Love & Gelato, tudo o que eu conseguia repetir para mim mesmo era o valor que gastei em um livro tão ruim quanto este.
Logo de início, eu quero explicitar que o livro se passa em um período de uma semana. Não esqueçam disso, certo? Com esse período em mente, vou tentar mostrar o porquê de eu ter achado esse livro tão ruim.
Muitas coisas me irritaram ao longo dessa leitura, mas a principal foi o fato da Lina não ter lido o diário da mãe dela de uma vez. Ao invés disso, ela resolveu enrolar e tirar várias conclusões precipitadas, enquanto arrastava o Lorenzo pra cá e pra lá por Florença (e Roma). A autora intercalava a narrativa principal com os trechos do diário, algo que achei realmente interessante, fazendo com que o leitor descobrisse junto com a personagem o passado “misterioso” da mãe dela. E misterioso está entre aspas por nem ser tão misterioso assim, já que o enredo é tão previsível a ponto de você perceber o que vai acontecer antes mesmo da metade do livro.
É inegável a beleza de algumas cenas escritas por Jenna Evans Welch. As descrições do Duomo, Ponte Vechio, a vista do alto de Florença e de algumas obras de arte apresentadas pela autora falam por si só (ou pelo Google, já que nunca fui para Florença e acabei pesquisando as imagens), então nesse ponto ela não tinha como errar. Porém, ela deixou muito a desejar. Ela também deixou palavras e frases em italiano sem tradução, e ter que ficar recorrendo ao Google toda hora para completar o livro não é algo que eu tinha em mente ao gastar meu dinheiro com essa história.
O romance entre Lina e Ren foi algo muito fantástico, no sentido etimológico da palavra. Em quatro dias, a personagem já considerava o menino como melhor amigo, percebendo logo em seguida que, na verdade, ela o amava. E não sei o que foi pior, ela se apaixonando pelo garoto em uma semana ou ele se apaixonando por ela nesse mesmo período. Lorenzo esteve apaixonado durante dois anos por uma outra personagem — sua namorada Mimi —, mas é só a Lina chegar que em quatro dias ele já partiu para outra. Em um dos momentos que eu quis jogar o livro longe, a personagem reflete:
“Couldn’t I have a repeat? Go back twenty minutes to when I hadn’t already lost my head and kissed my best friend who had a girlfriend and clearly didn’t want me? Back before I’d notice how much I loved his shaggy hair and sense of humor or the fact that even though I’d know him for less than a week I somehow felt comfortable sharing all my crazy history with him? Oh my gosh. I was so in love it hurt. (p. 291-292)”
Claro, o romance foi fofo e teve seus momentos de entretenimento, mas eu não consegui sentir empatia pela personagem. Aliás, Lina é uma das personagens mais irritantes que li na vida: egoísta, sonsa, afobada, sexista e imatura. Os diálogos no início do enredo são muito forçados e mal desenvolvidos, mas pelo menos isso melhora um pouco até o final. Aliás, as 50 páginas finais do livro foram um parto para mim. Eu não conseguia ver a hora do livro acabar, e só não desisti por já ter chegado tão longe.
A leitura de Love & Gelato foi realmente rápida como eu esperava, apesar dos apesares. Entretanto, não foi nem um pouco divertida para mim.
Acredito que um bom livro é aquele que faz com que você esqueça que está lendo uma história. É aquele que te faz imergir tanto no enredo que você vive as aventuras do personagem como se estivesse lá, como se tudo aquilo estivesse de fato ocorrendo. E este, definitivamente, não foi um bom livro para mim. Eu simplesmente não conseguia parar de pensar no quanto faltava para acabar.
Recomendo que caso você tenha interesse na história da Lina, assim como eu tive, leia e tire suas próprias conclusões. Mas não espere muito. Love & Gelato não foi para mim, mas vai que seja para você?!
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