Tatinha 09/10/2016Um desafio... e algumas impressões sobre o livro! Li várias resenhas antes de começar a ler o livro. E em razão das opiniões tão controversas sobre a história, pensei " nossa, acho que fiz besteira em comprar o livro". Mas sempre gosto de formar minha própria opinião, então mergulhei na leitura. Creio que vocês também lerem milhares de resenhas, ora exaltando o livro ora deixando claro decepções sobre a obra...
E eu creio que a escritora tem talento!!!
Como foi dito em algumas resenhas que li, que ao longo da leitura, a escritora deixa no leitor uma expectativa e segundo alguns, essa expectativa não se concretiza pois não leva a lugar algum. Na verdade para quem achava que Kestrel seria a mulher maravilha se sente realmente decepcionado com a construção dessa personagem "tão humana" ( não quero dizer que ela seja cheia de humanidade), uso aqui o termo "humano" no sentido das falhas, até mesmo porquê a própria personagem sabe que as suas atitudes são de uma "covarde", ela sabe o peso de tudo o que aconteceu, viu as mortes, o sangue, a dor, mas não foi capaz de fazer nada, ela foi incapaz de reagir, além da indignação...! Ela não queria matar, já havia deixado isso claro, mas com uma mente aparentemente brilhante, como estigma que paira sobre ela, deveria ter sido capaz de fazer algo para deter a rebelião, como pseudo estrategista, deveria ter visto os sinais, mas se distraiu... mas pensando racionalmente, sem pesar o meu próprio gosto ou desgosto sobre o livro, não creio que a maioria das pessoas que estivessem na condição dela, faria diferente, afinal só se prova a coragem de alguém quando essa pessoa passa por um uma situação de conflito estremo. Não estou mostrando simpatias para com a personagem, afinal achei ela ingênua demais, algumas atitudes da mesma são descabidas, como por exemplo, em se indignar com a atitudes dos rebeldes, sendo que eles são os legítimos donos da terra, ela é o conquistador, o invasor... como ela pensou que seria uma guerra? Que teria somente beleza e honra? Afinal não existe honra na guerra, nem beleza!
Mas com este desenho de si mesma... ela não se mostra apenas humana? Nem uma grande heroína, nem totalmente despida de honra... somente uma pessoa falha... cheia de conflito, perdida, como uma jovem que tinha tudo e perdeu de uma hora para outra.
Vi críticas, quanto a forma rápida como eles se apaixonaram, os protagonistas, numa hora era escravo e senhora, na outra estavam se amando! Não vi o romance deles como algo fácil, ou que aconteceu de forma rápida ( também não simpatizo com o amor frugal!), até porque depois da rebelião se instala a desconfiança por parte dela, e quanto a ele... porque os sentimentos dele deveriam mudar? Afinal a situação dele melhorou...
Ela se apaixonou pelo inimigo, mas até então eles viviam em relativa paz, não vejo muito problema quanto a isso, acho normal devido a convivência, afinal ele era companhia constante e compartilhavam momentos realmente de sentimentalismo, como o amor pela musica, por exemplo, pequenos momentos de delicadezas e compartilhamentos de segredos e convicções mutua faz sentimentos aflorarem, isso é de conhecimento comum... E porque de uma hora para outra ela deveria odiá-lo? O sentimento é tão fácil de se domar ? Não creio...
Gostei do Arin, ele se mostra um jovem comum, que se apaixonou, e teve que lidar com as consequenciais desse amor...
Eu recomendaria a leitura? sim... vi esse livro como um desafio, um desafio a mim mesma, a minha própria visão "critica" em demasia! Um desafio também a resistências geral aos clichês. Eu pessoalmente gosto de um clichê, desde que bem escrito!
Afinal não deveremos gostar de boas histórias?
A historia poderia ser mais profunda, sim... afinal, varias coisas foram deixadas de lado... como por exemplo, o que aconteceu na conquista de um povo pelo outro? Como um povo aparentemente descrito como meros selvagens, conquistam a "civilização" ? Tem que haver mais dessa conquista em algum livro da continuação.... é o que eu espero, pelo menos! Pensar em um dos povos de forma leviana é um erro do leitor, creio...os povos são mais completos do que aparentemente descritos. Foi isso que a escritora queria que pensássemos? Era essa a intenção dela? Não sei... É a minha primeira leitura dela, terei que ver os próximos livros. Tem que haver uma melhora na personagem principal, um crescimento em relação a tudo o que aconteceu... é a ordem natural das coisas o amadurecimento...
Quero ler o próximo livro e ver se fui muito condescendente, ingênua, ou mesmo se apostei numa boa história!!