Paloma 02/04/2022Um belo banho de água fria.'Uni-Duni-Tê' tinha TUDO pra ganhar cinco estrelas: capítulos curtos, enredo viciante, mistérios incríveis, reviravoltas inteligentes e timing impecável.
Já estava me preparando para rezar um terço de elogios e recomendações para a obra, quando o autor vai lá e faz o quê? FERRA COMPLETAMENTE O FINAL DO LIVRO! Parece que ele entrou no "mood" preguiça total e escreveu a primeira merda que veio a mente!
M.J Arlidge conseguiu estragar toda uma experiência literária fodástica que estava tendo... e dizer que fiquei revoltada é pouco!
'Uni-Duni-Tê' é o meu primeiro thriller este ano, e realmente achei que iniciaria com o pé direito: A narrativa é bem trabalhada, com fatos bem construídos, cenas de embrulhar o estômago, abordagens pesadas, crimes inteligentíssimos e o melhor, a polícia não é estereotipada; Eles fazem tudo com muita sagacidade e planejamento exemplar.
A busca pela assassina vira algo instigante, de devorar as páginas loucamente para descobrir a motivação e a identidade da culpada.
Meu desapontamento foi tremendo ao ler um desfecho totalmente frustrante, horrível e negligente. Arlidge estragou a própria história. E estragou feio!
(A PARTIR DAQUI HÁ SPOILERS!)
.
.
.
.
Quando a motivação da Marianne se revelou, ficou evidente a infantilidade, ingratidão, falta de empatia e indiferença que a detetive Helen cultivou pela própria irmã durante 25 anos!
Ficou impossível me posicionar contra a Marianne. Me atrevo até a afirmar que, não haveria nada que o autor pudesse escrever, que me fizesse ficar contra ela... Pois a Marianne merecia mais; Mais respeito, mais acolhimento, mais compreensão. Aliás, todos os personagens mereciam mais.
A conclusão não era para ser só uma mera distribuição de culpas, e sim, de assumir responsabilidades e buscar uma modificação significativa.
A escrita pode ser muito gostosa, mas o final realmente é insatisfatório. É indigno com toda a caminhada que os personagens percorre em busca da verdade, indigno com as evoluções de caráter deles e indigno com o próprio avanço do trama.
Indigno e mega injusto!
O final não transmitiu a carga dramática que provavelmente o autor desejava, transmitiu apenas puro desleixo.
É lamentável.
____________________________________________
"No final das contas, somos todos animais, arrancando os olhos uns dos outros para sobreviver."