DIRCE 16/05/2010
Sem trégua para A TRÉGUA
Não conhecia o autor Mário Benedetti, mas a minha amiga Paulinha, mais uma vez ,me permitiu conhecer um grande escritor presenteando-me com esse pequeno livro que, sem sombra de dúvidas, vale muito mais do que pesa e o resultado foi que eu o li num fôlego só – não dei trégua para A TRÉGUA.
Em Anna Karenina Tolstoi inicia o romance dizendo: Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. Acho que essa definição serve como uma luva na família de Martin Santomé, o narrador protagonista do romance, que se utiliza de um diário, para nos contar a visão de sua existência.
Santomé é um cinquentão,viúvo e pai de 02 filhos e 01 filha adultos que co-habitam a mesma casa sem existir, todavia, uma convivência. Não há diálogo entre eles e, as poucas vezes que isso ocorre ( quando surge alguma necessidade de se falarem),a impressão que se tem é que se encontram na Faixa de Gaza e de que necessitam de uma bandeira branca. O conflito familiar faz parte da rotina e ,dentro desse conflito,está a não aceitação da homossexualidade de um de seus filhos.
A princípio, não me simpatizei com Santomé, sua visão pessimista da vida chega a ser perturbador ( por quê será?) ,mas a sinceridade com que analisa sua vida insípida fez com que, aos poucos, angariasse a minha simpatia.
Prestes a se aposentar,ao mesmo tempo em que anseia pela aposentadoria,o ócio o assusta, mas é ,justamente, nele que deposita a esperança de acabar com essa sua vida tediosa.
Recordações de Isabel (a esposa falecida) são frequentes, mas são recordações entre brumas, pois não consegue, sequer, reconstituir a sua imagem.
Um clarão em sua vida obscura( como ele mesmo diz: “É evidente que Deus me concedeu um destino obscuro. Nem sequer cruel. Simplesmente obscuro(...) surge, quando conhece a jovem Laura Avellaneda ,por quem se apaixona e, ambos, vivem um relacionamento clandestino.
A Trégua não é um livro que traz, na minha opinião, uma linda história de amor, mas traz reflexões importantes sobre a felicidade e a difícil arte do relacionamento humano.
Para finalizar, preciso dizer que o título de um livro sempre chama a minha atenção e, achei o título deste livro simplesmente soberbo.
E...obrigada, Paulinha.