Jéssica R. 04/01/2012
Da Espanha de 1480 até a enfraquecida Sarajevo de 1996, um livro sagrado de valor incalculável é caçado por fanáticos políticos e religiosos. Seu destino está nas mãos de uma talentosa conservadora de livros – a charmosa protagonista Hanna, e sua recuperação resulta em um mistério histórico arrebatador.
Hanna Heat é uma conservadora e restauradora de livros australiana que é chamada para estudar um famoso manuscrito datado do século XV que havia desaparecido durante a guerra da Bósnia, ela não pode acreditar que um documento tão maravilhoso estava preservado depois de tantas guerras e tanto preconceito.A Hagadá de Saravejo, um livro religioso dos judeus que possui esplêndidas iluminuras, coisa proibida na religião daquela época. O trabalho da phD de Sydnei é restaurar a misteriosa Hagadá que fora conservada (e salva) por um bibliotecário muçulmano. . A partir de pistas encontradas no próprio manuscrito – uma asa de inseto, manchas de vinho e um pêlo branco – Hanna desvenda uma série de enigmas fascinantes e reconstrói as memórias do livro.
A partir das pistas, começam-se a intercalar capítuos que oscilam entre o presente — com os diversos conflitos e Hanna; e o passado — em ordem decrescente de data, é contada a história de cada um daqueles traços encontrados na Hagadá. Isso transforma o As Memórias do livro praticamente numa obra de contos, no qual várias pequenas histórias ajudam a elucidar a trama principal para o leitor e, de certa forma, para a própria Hanna, que passa por conflitos secundários com sua mãe, uma médica famosa que nunca perdoara o fato da filha ter seguido a carreira da arte, ao invés da medicina; com o bibliotecário muçulmano, com o qual ela se envolve; com seus amigos pesquisadores, que auxiliam com as análises das pistas; e, por fim, com a revelação de que seu pai fora um grande pintor australiano, cuja morte sua mãe estivera envolvida.
O enredo, como um todo, é interessante. Porém, no decorrer da narrativa, há indícios de que ela se apaixona pelo bibliotecário muçulmano — que é casado, e que ela dormira enquanto estava em Saravejo — , mas as relações com sua mãe pioram. Por outro lado, seus sentimentos afloram em relação ao pai (já morto), mas suas manifestações de amor continuam frias como no início.
E o resultado é um verdadeiro épico, uma corrida contra o tempo para revelar o passado e dar espaço à crônica da história do livro, enquanto Hanna procura a cura para uma criança vítima da intolerância da guerra, um amor impossível, sua própria identidade e proteção: do Hagadá e de sua própria vida.Inspirado na história verídica do Haggadah de Sarajevo, As Memórias do Livro é ao mesmo tempo um romance com importantes e envolventes fatos históricos e profunda intensidade emocional, num ambicioso e eletrizante trabalho realizado por uma premiada e aclamada escritora.
O livro é um romance histórico e dá pra aprender muito sobre conflitos religiosos, um pouco de nazismo, Segunda Guerra, Inquisição, e outros. Além de, é claro, sobre essa profissão diferente que é a conservação/restauração de livros.