Mari 26/10/2017
"Agora, só preciso respirar fundo algumas vezes, olhar para as bandeiras vermelhas e me convencer de que estou na maior reunião da Grifinória do mundo."
Inspiração. Essa é a primeira palavra que vem na minha mente quando o assunto é J.K. Rowling. Para muitos ela é "apenas" a autora recordista e multipremiada que é adorada por fãs no mundo inteiro e vendeu mais de 450 milhões de exemplares em 80 idiomas. Entretanto, para qualquer pessoa que tenha a oportunidade de escutar suas palavras ou simplesmente acompanhar seus comentários pelo Twitter, por exemplo, essa mulher é uma imensa fonte de incentivo, luz e conselhos. Me lembro emocionada de meu primeiro encontro com Harry Potter, aos 8 anos, e, com humildade singular, J.K. alcança cada vez mais pessoas ao redor do mundo, os incentiva a ler e, mais do que isso, mostra o poder das palavras e da imaginação.
Toda essa introdução provavelmente serviu para mim do que para vocês, leitores. Contudo, após ler um discurso tão verdadeiro e tocante, senti a necessidade de ser, talvez, um pouco menos profissional e iniciar essa resenha com um pouco de emoção. Afinal, quem não gosta de colocar para fora sentimentos bons como admiração? E tenho certeza de que todos os que estavam presentes durante o discurso de paraninfa da autora na Universidade de Harvard, em 2008, sentiram exatamente isso. Tal discurso foi tão significativo que se tornou livro e, agora, Vidas Muito Boas está pelas livrarias do Brasil com diagramação e ilustrações impecáveis.
"O que eu mais temia na idade de vocês não era a pobreza, mas o fracasso."
Autorrealização, sucesso, fracasso e imaginação são alguns dos temas abordados por J.K. em seu discurso. A autora fala da importância de assumir riscos, de lidar com obstáculos e de ser capaz de imaginar uma realidade melhor. Ela faz declarações sobre situações que teve que enfrentar em sua vida pessoal e profissional, além de mostrar um lado permissivo e humanitário como se fosse amiga de cada um que a está lendo/escutando. Ela é sincera, compreensiva e capaz de nos fazer refletir sobre nossa própria vida a cada nova frase.
"Se eu tivesse um vira-tempo, diria a meu eu de 21 anos que a felicidade pessoal está em saber que a vida não é uma checklist de aquisição ou realizações. [...] A vida é difícil, é complicada, está além do controle total de qualquer um, e a humildade de saber disso permitirá que vocês sobrevivam a suas vicissitudes."
Quantas vezes nos sentimos inseguros e angustiados a ponto de questionar nossas próprias atitudes e decisões? Quantos dias esquecemos a importância de viver o agora para remoer o passado ou cobiçar o futuro? Quantas pessoas passam por nossa vida diariamente sem que lhes dediquemos o mínimo de atenção? É sobre isso, sobre pequenas atitudes, que J.K. Rowling nos faz pensar do início ao fim de Vidas Muito Boas. Ela mostra o diferencial que é se colocar no lugar do outro, valoriza a coragem dos que se arriscam, e nos influencia a seguir em frente e sempre transformar o fracasso em uma lição.
"Não precisamos de magia para transformar nosso mundo; todos já temos dentro de nós o poder de que precisamos: o poder de imaginar melhor."
Eu poderia ficar falando sobre tudo o que Vidas Muito Boas me fez sentir durante horas, mas, mesmo que você tenha assistido ao discurso ou livro vários comentários a respeito do mesmo, nada apagaria a intensidade e o poder de persuasão de J.K. Rowling. O que posso dizer que é, de verdade, espero que todos os que entrem em contato com esse livro sejam capazes de enfrentar seus medos e lidar com feridas da maneira como Rowling nos inspira a fazer. Mudem de atitude, comecem a agir por um futuro melhor e mostrem gratidão por cada momento, cada conquista. Essa é uma leitura de poucos minutos que te fará refletir por horas. E, assim como a autora, "desejo a todos vocês vidas muito boas".
site: http://www.magialiteraria.net/2017/10/resenha-vidas-muito-boas-jk-rowling.html