O que é lugar de fala?

O que é lugar de fala? Djamila Ribeiro




Resenhas - O Que É Lugar de Fala?


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Maria Ferreira / @impressoesdemaria 07/05/2018

Feminismo negro
Com a ascensão das redes sociais começou a haver uma banalização e deturpação do conceito de lugar de fala e surgiu o equívoco de confundir esse conceito com representatividade, quando na verdade não se trata disso especificamente. Há tendência a polarizar a discussão, mas é preciso entender que todas as pessoas falam a partir de um lugar. Mas o que é este lugar? Esta é a questão que este livro buscará responder.

A autora, ativista e Mestre em Filosofia Djamila Ribeiro, inicia trazendo um pouco de contexto histórico, apresentando os percursos de luta das mulheres negras e conceitos trabalhados por feministas negras até que se chegue na definição concreta. Desse modo, o livro está dividido pelos seguintes capítulos: “Um pouco de história”, “Mulher negra: O outro do outro”, “O que é lugar de fala” e “Todo mundo tem lugar de fala”.

A primeira feminista negra que nos é apresentada é Sojouner Truth. Ela foi uma abolicionista afro-americana que é conhecida principalmente por seu discurso “E eu não sou uma mulher?”, feito de improviso na Convenção dos Direitos da Mulher, em 1851. Sua luta foi principalmente para que as mulheres negras fossem vistas como seres políticos. Nesse momento da história, há o início de uma luta contra a universalização da categoria mulher e a luta por um feminismo interseccional, que leva em consideração não só gênero, mas também raça e classe.

No segundo capítulo, a autora nos apresentará o que a feminista francesa, Simone de Beauvoir, cunhou como a categoria do Outro, em seu livro “O Segundo Sexo”, de 1949. Ela entende que se pensa a mulher não pelo que ela é, mas a partir do homem, então a mulher seria o outro. Partindo dessa perspectiva, para a escritora Grada Kilomba, a mulher negra seria o outro do outro, isso nos faz perceber que a epistemologia dominante sempre parte do homem.

Djamila Ribeiro vai se ancorar bastante no que a filósofa indiana Gayatri Spivak elucida em seu livro “Pode o subalterno falar?”. Entende-se que é bom a busca por uma multiplicidade de vozes, de modo que não só as pessoas socialmente prestigiadas e favorecidas devam ter direito a voz, mas também que as próprias pessoas desfavorecidas possam ter espaço para falarem de suas realidades.

Ao término deste livro, o leitor vai ter aprendido muito e conhecido diversas pensadoras e feministas negras, vai entender a necessidade que as mulheres negras tiveram de se auto definirem porque o branco sempre pensou em si mesmo como universal e isso resulta na deslegitimação da vivência do outro.

Pessoalmente, foi uma leitura muito agregadora, conheci vários conceitos e muitas pensadoras que não havia tido contato antes, como Patrícia Hill Collins, Grada Kilomba, Léliza Gonzáles e bel hooks.

É um livro pequeno somente no tamanho, porque no conteúdo é muito grande, recheado de embasamento teórico. Seu formato de bolso permite o fácil transporte, como também uma leitura rápida e fluída, ainda que alguns conceitos se apresentem com uma linguagem demasiadamente acadêmica. Apesar disso, é um livro bem didático e de fácil acesso, principalmente por ser vendido a preços populares, que é a proposta dessa coleção Feminismos Plurais, da qual este é o primeiro volume e nos faz pensar que se o primeiro livro da coleção é tão bom os demais seguirão com a mesma qualidade.

site: https://www.impressoesdemaria.com.br/2018/04/o-que-e-lugar-de-fala-djamila-ribeiro.html
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Tinho Silva (@cafecomlivrossp) 08/04/2020

O que é lugar de fala? - Djamila Ribeiro
Em seu livro “O que é lugar de fala?” a autora Djamila Ribeiro expõe de forma muito didática o conceito de “lugar de fala” a fim de esclarecer tal conceito que hoje é muito utilizado por grupos sociais que historicamente sempre foram silenciados. O texto abre a coleção de livros intitulado “Feminismos Plurais” que tem como coordenadora a própria Djamila Ribeiro. Essa coleção tem como objetivo principal apresentar ao público diversos temas, democratizando o debate acerca desses por meio de textos claros e objetivos.

Pegando como gancho essa última afirmação, começaremos os destaques pela linguagem presente no livro. A autora de “O que é lugar de fala?”, munida de muito conhecimento, oferece aos seus leitores uma leitura muito fácil e fluída. Mesmo se tratando de um texto acadêmico, a linguagem utilizada por ela é, de modo geral, compreensível a todos, estando ou não inseridos no meio acadêmico, proporcionando uma leitura rápida das suas 113 páginas. Acredito que essa facilidade proporcionada pelo texto seja proposital, ocasionando uma ampla divulgação do livro e uma estratégia para alcançar os mais diversos públicos.

Continuando, a base que constitui o texto parte do Feminismo Negro, tema esse que está intimamente ligado à autora, reafirmando o seu compromisso na luta contra a opressão sofridas pelas mulheres negras durante muito tempo. Para tal, ela utiliza como aporte teórico grandes estudiosas negras, justificando assim o seu ponto de vista. Essa retomada histórica é feita na primeira parte do livro, e em seguida ela introduz o conceito de “lugar de fala”. Interessante também observar que no decorrer do texto, a autora traz dados de institutos de pesquisas renomados, revelando as estáticas, grande maioria desfavorável, das condições de vida da população negra no Brasil, afirmando que essa invisibilidade, por conta da negação diária do racismo, contribui para que tais estáticas se mostrem tão cruéis.

A reflexão fundamental a ser feita é perceber que, quando pessoas negras estão reivindicando o direito a ter voz, elas estão reivindicando à própria vida. (p. 45).

Pensando nisso, essa reivindicação de direitos e de espaços que sempre nos foram negados, não parte das experiências pessoais de cada um e sim da junção de todos esses discursos, não como forma de diminuir a luta deste ou daquele grupo social e sim como forma de se fazer ouvir, se igualando às vozes privilegiadas pelas posições que sempre tiveram.

Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus social, de como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não te a ver com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre racismo, por exemplo. (p. 66).

Assim, o livro “O que é lugar de fala?” traz uma reflexão profunda, principalmente se pensarmos na diversidade social existente e nas contribuições que essas podem oferecer ao coletivo. Aceitar tal realidade contribui para assegurar que os grupos que estiveram a margem sejam ouvidos, visando uma sociedade mais justa e igualitária para todos, nesse sentido, o texto se torna inovador pela coerência contida em suas páginas. Por fim, temos aqui um livro coerente e muito valoroso, que vale a pena perder umas horinhas do seu dia para uma boa leitura.

O grupo que sempre teve o poder, numa inversão lógica e falsa simétrica causada pelo medo de não ser único, incomoda-se com os levantes de vozes. Entretanto, mesmo com essas rachaduras, torna-se essencial o prosseguimento do debate estrutural, uma vez que uma coisa não aula a outra, definitivamente. (p. 89).

site: https://www.instagram.com/cafecomlivrossp/
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Joseclei 03/07/2020

Uma leitura rápida e necessária
O livro fala sobre a importância de ouvir o lado de quem sempre foi discriminado, colocando o debate sobre o papel da mulher negra na luta por espaços na sociedade atual. Uma leitura bastante essencial, ainda mais em tempos atuais.
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Bete.Aragao 16/06/2021

Importante para entender o conceito e se concientizar
"Pensar sobre lugar de fala seria ROMPER COM O SILÊNCIO instuido para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia, muito bem classificada por Derrida como VIOLENTA."

Djamila, 2017
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Ediandra Campos 03/04/2024

Perfeito
Nunca a frase "falou pouco, mas falou bonito" fez tanto sentido. Um livro curto e objetivo, com conhecimento relevante e leitura fácil. Perfeito.
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Nicolle.Iwazaki 10/06/2020

Confesso que no começo estava relutante porque peguei um pouco de ranço da expressão ?lugar de fala? por causa dos ?militantes? da internet, mas achei o livro maravilhoso. Djamila Ribeiro tem formação em filosofia, o livro é repleto de referências com teorias bem embasadas. Apesar disso, o livro é em linguagem simples e bastante didática, li em algumas horas. Finalmente achei um livro que o feminismo não é tratado de forma branca e eurocêntrica.
Felipe1503 21/06/2020minha estante
A obra da Chimamanda Ngoze Adiche e da Angela Davis também são muito boas. Tem e-books gratuitos de ambas na Amazon. Vale a pena.


Nicolle.Iwazaki 21/06/2020minha estante
Já li 3 da Chimamanda. Da Angela Davis não li, mas pretendo


Felipe1503 21/06/2020minha estante
Da Djamila Ribeiro, li Pequeno manual antirracista. Bom tbm.




Mylena136 15/06/2020

O que é lugar de fala?
Um livro curtinho sobre uma das temática que têm sido constantemente abordada (sobretudo na redes sociais): lugar de fala. E o faz de forma didática e fluída.
Contando ainda com um vasto referencial teórico, além de epígrafes marcantes.
Leitura necessária e obrigatória.
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Vitória Marcone 26/05/2024

Releitura
Releitura e gostei tanto quanto na primeira leitura. As reflexões que a Djamila faz são de extrema importância e o livro é um excelente resumo da temática, nos fazendo pensar por outras perspectivas. Uma leitura necessária!
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Elias.Fernando 04/06/2020

De onde você fala?
Djamila Ribeiro, filósofa brasileira, escreve sobre lugar de fala e traz diversas vozes de mulheres para dentro de seu texto. É um conceito confuso o de "lugar de fala" e tem diferentes definições. Pelo o que eu li entendi que na percepção dela o lugar de fala tem a ver com a legitimidade de quem fala. Como a estrutura social define o sujeito e muitas vezes impede que sua interpretação de mundo seja validada e vista como uma verdade. Posso ter entendido errado, mas essa questão de legítimidade do outro parece mais ligada às hierarquias de poder do que entre características de quem é subalternizado. Gostaria de entender mais sobre o assunto, porque o debate é sempre visto como demarcação de território. É importante debater na tentativa de solucionar problemas e clarear idéias em busca de progresso e para isso é necessário ouvir diferentes vozes.
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Cardoso 13/01/2020

Aquele universitário que se veste de pobre no periodo letivo e viaja pra Europa nas férias
Descolonialização repleta de teoria francesa; identifica o problema do sujeito e, para superá-lo, opta-se pela... Valorização do sujeito! "Mas um novo sujeito" -- que surgiu, e não pode deixar de ser, um Outro. A nomeação do problema, no final das contas, está aqui para para, sim, reformá-lo, ao contrário do que pretende: nomeia-se muito muitas coisas, e no meio das árvores, não se dá conta da floresta da propriedade privada, da divisão social do trabalho e do Capital. O nome deve ser dado ao que morrerá: o Outro nao existe, assim como a Identidade. O que há é a exploração do homem pelo homem (ops), e a complexidade dessas relações (ou, ao gosto francês, dessas estruturas) não nos podem esquivar de um objetovo claro: o fim da propriedade privada.

De qualquer forma, traz reflexões importantes, didaticamente, e desmitifica o assunto, principalmente no que tange à perspectiva "pós-moderna", criticada por Ribeiro a partir de Patricia Hill Collins.
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asaquebrada 22/04/2020

Leitura necessária
Importantíssimo. Elucida questões em torno do conceito, explora e provoca reflexões acerca de privilégios e racismo. Leitura necessária.
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regina 30/04/2020

O Outro do Outro
Se é difícil viver em uma sociedade patriarcal branca sendo mulher, é ainda mais difícil sendo mulher, pobre e negra. Lugar de fala é uma leitura fácil, didática e necessária para se pensar feminismo. Djamila faz referências diretas a autoras como Simone de Beauvoir e ao conceito de alteridade e expõe a realidade da mulher negra e sua luta para ser ouvida dentro e fora do movimento.
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Fernanda.Avila 10/01/2021

Todo mundo deveria ler para entender melhor lugar de fala
- Faz tempo que comecei a ler esse livro. Parei no meio porque acabei me envolvendo com outras leituras. Em 2020 resolvi ler de novo, com calma, desde o início. E provavelmente vou reler, e reler outras vezes mais. Estou muito longe de esgotar o assunto. Anotei pensamentos pessoais nas bordas das páginas, refleti muito, mas sei que preciso refletir muito mais. Se você quer DE VERDADE entender Lugar de Fala, comece por esse livro. E digo apenas comece, porque nele você vai encontrar caminhos para se aprofundar. Eu usei inúmeras vezes esse conceito da forma errada. Lugar de fala não tem nenhuma intenção de silenciar ninguém, de dizer que alguém não tem o direito de falar sobre determinado assunto. Todo mundo tem lugar de fala, como disse a Djamila (esse é o título de um capítulo, aliás). Mas te pergunto aqui: Você sabe dizer de onde vem a sua voz?
.
Leia Djamila. Leia mulheres. Leia mulheres negras.
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Laíza 29/11/2017

Um livro necessário para mulheres e homens, para negros e brancos
Djamila é famosa pelos seus textões polêmicos na internet, e também por ser uma filósofa que, apesar da proximidade do meio acadêmico, consegue trazer um discurso atual, pertinente e acessível a todos.
"O que é lugar de fala" é um exemplo dessa qualidade da autora. Trata-se de um livro curto, com tom ensaístico, no entanto, bem didático, sobre o conceito de "lugar de fala" e sua importância para a compreensão de lutas das minorias. Como exemplo, a autora apresenta nomes importantes na construção do feminismo negro, como Grada Kilomba, Audre Lorde, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro entre outras, fornecendo ao leitor uma gama de referências teóricas que fortalecem o debate, permitindo que ele saia do - muitas vezes caótico- círco de problematizações das redes sociais. É claro que não devemos descartar a importância dos debates das redes e a própria Djamila reconhece esse papel. Contudo, ao "livrificar" o conceito, a autora dá um passo à frente do machismo e do racismo, mostrando que estamos munidos de muito mais do que vitimismo e especulação. Estamos produzindo e distribuindo conhecimento. Quem quiser continuar na mesa, seja para somar ou para questionar, vai precisar ler e aprender.
Djamila é bem didática, mas quem não está habituado à linguagem acadêmica pode sentir alguma dificuldade. O importante é prosseguir a leitura, pois, mais à frente, tudo fica perfeitamente explicado.
Precisamos de mais Djamilas dentro e fora de internet. Dentro e fora da academia.
Laíza 13/12/2017minha estante
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