spoiler visualizarMarilda 16/11/2021
Opinião e Fragmentos
A autora é professora de escrita criativa na Universidade de Purdue e PhD em comunicação.
Achei o livro muito dolorido, mas de um tema que me interessa. É um relato autobiográfico da relação que ela tem com seu corpo e sua gordura, no qual ela descreve as dificuldades que a pessoa obesa vive na nossa sociedade, não só (!) da crueldade que vem associada à gordofobia, mas até mesmo dificuldades básicas como acompanhar os amigos em determinadas atividades que são consideradas "simples" como caminhar e conversar, por exemplo.
A autora foi vítima de um estupro coletivo aos 12 anos e, mesmo (aparentemente) vivendo em uma família amorosa, ela omitiu o fato de todos e decidiu que se ela ficasse obesa não haveria mais o risco de ser molestada. Quer dizer, naquela época (1986) uma garota de 12 anos já tinha percepção de padrões "sensuais".
Assim, o livro trata de questões como a gordofobia e outras da nossa sociedade que precisam ser resolvidas, mas sem trazer discussões teóricas, pois trata-se, de fato, das memórias da autora. Então ela relata sobre os julgamentos constantes que os gordos sofrem, do tipo: "só é gordo porque quer... é sedentário... come demais...", demonstrando a grande falta de empatia e o desrespeito à dignidade da pessoa gorda.
-> auto sabotagem
-> o estupro mudou a vida dela
-> o livro é visceral porque ele não é um livro de "superação", mas de uma realidade: SOU GORDA!
-> 2 grandes pecados para mulheres: 1) engordar; 2) envelhecer
-> cultura da intolerância com o diferente (o medo que ela tem de encontrar crianças...)
-> demonstrou estar cansada e fez da escrita um processo de libertação, para poder expor seu sentimento de fome, do ódio às atividades físicas e do quanto ela queria ser magra, chegando a dizer que tem inveja das anoréxicas.
"Aqui estou eu, lhe mostrando a ferocidade da minha fome. Aqui estou eu, finalmente me libertando para ser vulnerável e terrivelmente humana. Aqui estou eu, me deleitando com essa liberdade. Aqui. Veja do que tenho fome, e o que minha verdade me permitiu criar."