Bruni 11/11/2021
A educação, para ser libertadora, deve representar.
Na obra “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, de bell hooks, publicada em uma nova versão em 2017, a escritora reforça uma análise crítica, decolonial e feminista intersecional como uma possível terceira via para proporcionar uma educação, de fato, libertadora.
hooks leva em consideração a teoria da educação libertadora de Paulo Freire para trazer argumentos - junto com narrativas pessoais dentro da sala de aula como professora - para criticar e trazer reflexões sobre a prática pedagógica vigente. Nesse contexto, a autora faz uma nova proposta para a pedagogia atual, a qual inclua cada indivíduo no processo de aprendizagem e que questione a perspectiva eurocêntrica e hegemônica, classificada como pedagogia do engajamento, por hooks.
O livro possui quatorze capítulos que, através de entrevistas, narrativas e reflexões, mediam o(a) leitor(a) a pensar sobre as desigualdades raciais, as quais interferem, de forma negativa, nas oportunidades e condições de vida dos indivíduos, devido à etnia como, por exemplo, a negra, a indígena e a mestiça. Já a desigualdade social que prejudica, essencialmente, o acesso à educação, à saúde e ou moradia devido á concentração de dinheiro e poder nas mãos de uma minoria. Desse modo, a autora destaca os prejuízos que a falta de representatividade pode trazer ao indivíduo. Assim, na prática pedagógica atual ainda predomina a figura do indivíduo europeu, o que pode trazer uma prática que não seja libertadora e sem nenhum sentido para o(a) estudante que não se vê representado pelo exposto em sala de aula.
Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo seu pseudônimo bell hooks é escritora, feminista, educadora e ativista estadunidense. Sua obra não é neutra, e deixa bem claro que a prática pedagógica é um posicionamento político, que se deve questionar a hegemonia do ensino para que se abra espaço para a pedagogia decolonial, feminista e com análise crítica. Apenas assim a representatividade poderá ser uma prática social libertadora.