amanda.ferreirab 13/12/2021
Leitura necessária
Uma leitura pesada, reveladora e eu diria que até dolorosa. Estava embalada pelos longos dias de julgamento e pelo projeto ?Kiss: que não se repita?, e resolvi antecipar a leitura, durante o livro consegui sentir a dor de pais, irmãos, profissionais da saúde, e vítimas. A busca incessante de pais pelo seus filhos que estavam na boate, seja com a chave do carro da família no estacionamento do carrefour, ou nos diferentes hospitais que receberam as vitimas, ou na sua pior possibilidade no farrezão, onde as vítimas que perderam a vida dentro da boate ou na primeira manhã foram dispostas em filas, enquanto esperavam serem reconhecidos por pais ou parentes, da dor das famílias em não poderem tocar seus entes queridos pela última vez, já que foi indicado que as urnas se mantessem fechadas devido a toxicidade da fumaça. Da dor de profissionais da saúde em verem filhos de amigos mortos, com rosto e corpo cobertos de fuligem, e de se depararem com centenas de corpos empilhados nos banheiros da casa noturna ou dos que deixaram de lado a paternidade para se dedicarem a medicina para poder salvar a vida do seu filho e as vidas de outros filhos que lhes foram confiadas naquela madrugada, que nunca teve fim. E claro, a dor das vítimas que sentiam que respiravam fogo, que sentiam a pele dos braços ser queimada e despedaçada enquanto tentavam encontrar a saída daquela caixa de fogo, e perdiam de vista amigos e familiares que estavam ali com eles, muitas vezes para nunca mais vê-los. Que Santa Maria tenha se recuperado ao menos um pouco da dor de perder 242 filhos, que as famílias também estejam bem, e que a justiça feita nos últimos dias, ainda que falha seja cumprida em sua totalidade, e que esses jovens que perderam a vida na noite do dia 23 de janeiro de 2013 jamais sejam esquecidos.