Ley 18/03/2022Não foi no primeiro volume que me apaixoneiJack, o Estripador: Rastro de Sangue é o primeiro volume de uma série de livros de ficção histórica com mistério, mesclando temas e acontecimentos reais da era vitoriana. O livro inicia-se em 1888, é narrado em primeira pessoa pela protagonista Audrey Rose, que tem o desejo de estudar medicina forense mesmo que seu pai, e até a sociedade, digam que não.
Audrey Rose estuda com seu tio, que é um médico forense conhecido e tem outro aluno ávido: Thomas Cresswell. Alguns assassinatos começam a acontecer logo após o início da história, dando indícios de um mistério envolvente por vir. Audrey logo é compelida a investigar, já que as ocorrências acontecem com mulheres, e seu tio mantém contato direto com a investigação oficial.
A perspectiva do mistério torna a história bem mais curiosa, e um dos pontos mais marcantes do livro é a ambientação. Por mais que o livro seja narrado em primeira pessoa, Audrey mantêm as descrições bem fiéis, com sentimentos e falas comuns da era vitoriana. A leitura lembra muito a narrativa de Sherlock Holmes, que seria como se, da mesma forma como Watson narra as aventuras de Sherlock, Audrey Rose também conta sua perspectiva junto com Thomas Cresswell, um personagem com aspectos semelhantes ao de Sherlock.
Conforme a investigação toma forma, fica mais visível com qual assassino os personagens estão lidando. É uma obra que segue com elementos bem fiéis aos dos acontecimentos envolvendo o Jack, Estripador. A forma como a autora mesclou o real e a ficção é bem interessante, e fica para o leitor o poder de imaginar como finalmente as coisas tomaram forma, assim como o desfecho do caso.
Esse primeiro volume não é bem como eu imaginava, apesar de trazer tópicos bem interessantes discutidos. Minha primeira dificuldade foi com o avanço da leitura, que se tornou mais lenta pela narrativa um tanto floreada e densa. As descrições por sua vez possuem pontos fiéis e que podem fazer o leitor ter um pouco de dificuldade para não se perder na história.
Quanto à investigação, Audrey começa a ser bem presente quanto ao andamento de todo o mistério, portanto ela fica bem ciente dos acontecimentos. Como ela, o leitor também consegue imaginar quem seria o assassino, assim como idealizar o motivo de suas ações. Para mim, achei que algumas ações dos personagens, até mesmo do serial killer, girassem perto demais da vida de Audrey Rose, portanto, foi fácil descobrir quem era o culpado, mesmo que ainda surgissem dúvidas.
Para eventos tão macabros e tão perto do centro da narrativa, também imaginei que a protagonista iria enxergar com clareza alguns pontos, mas não foi isso que aconteceu. Na verdade, a história gira em uma espiral de sentimentos da protagonista pelo seu colega Thomas, problemas familiares, e luta por estudar aquilo que realmente gosta. O livro tem diversos pontos importantes, e o arco da história acontece depois de deixar o leitor tenso devido aos acontecimentos.
A tensão também ocorre pelas interações entre Audrey Rose e Thomas Cresswell. Os dois passam a interagir mais pelos estudos e investigação, e surge uma certa implicância mais zombeteira entre eles. Thomas é um rapaz provocativo, com ótimos traços de deduções, e é incrível como fica fácil gostar dele. Audrey reluta em admitir alguns sentimentos sobre ele, e os diálogos dos dois deixa a história com um toque de um possível romance iminente.
Essa foi minha segunda experiência com a história, que acabei relendo para lembrar de acontecimentos que já tinha esquecido completamente, e agora acho que realmente consegui perceber pontos que foram imperceptíveis para mim na primeira leitura. A ambientação e os personagens foram o que mais se destacaram para mim, me fazendo querer correr para o próximo livro assim que finalizasse esse.
O desfecho do caso de Jack, o Estripador ocorre aqui mesmo, dando a entender que cada livro possui um mistério e investigações distintas, porém protagonizados pelos mesmos personagens. O final deste livro é o gancho perfeito para seguir com a leitura do próximo.
A leitura, por fim, acabou despertando mais vontade de continuar lendo, embora esse não tenha sido meu volume preferido. As questões sobre sociedade e os direitos das mulheres são discutidas inúmeras vezes durante a leitura, o que dá um aperto no coração pela realidade que já existiu, assim como nos faz torcer para a protagonista se manter forte. Audrey é um exemplo de persistência, que nos traz dúvidas e questionamentos relevantes, e tem um desenvolvimento ótimo.
site:
https://www.imersaoliteraria.com.br/2021/09/resenha-rastro-de-sangue-jack-o.html